Uma aceleradora para municípios? Este é o propósito que criou o Instituto Primeiro Mundo

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Uma aceleradora para municípios? Este é o propósito que criou o Instituto Primeiro Mundo

Iniciativa catarinense, liderada pelos empreendedores Yan Carlomagno e João Paulo Borges, quer levar modelo de desenvolvimento de startups para qualificar serviços públicos no país.

Iniciativa catarinense, liderada pelos empreendedores João Paulo Borges e Yan Carlomagno, quer levar modelo de desenvolvimento de startups para qualificar serviços públicos no país. Foto: Divulgação

 

“Como pode o Brasil ser tão rico em recursos naturais e, ao mesmo tempo, ter tanta pobreza?”. Este paradoxo, que também se aplica a tantos outros países mundo afora, não saía da cabeça do administrador e empreendedor Yan Carlomagno, que aproveitou sua experiência no desenvolvimento de algumas startups em Santa Catarina para levar uma ideia inusitada ao universo da gestão pública: criar o modelo de uma aceleradora voltada para municípios.

A iniciativa é bem recente: no início deste ano, durante um papo com o amigo e jornalista João Paulo Borges – com experiência em comunicação pública de deputados, secretários e entidades públicas em Florianópolis e Brasília – surgiu a concepção do Instituto Primeiro Mundo, que tem como premissa ser “sem fins lucrativos, orientado por dados (data driven) e apartidário“, resumem os idealizadores.

O lançamento do projeto foi durante o Smart City Expo, evento realizado em Curitiba no final de março. No último domingo (14.04), os fundadores também apresentaram a ideia no espaço de novos projetos disponibilizado pelo Sebrae no Festival Global de Inovação Social. “Queremos selecionar municípios que já tenham uma base de indicadores disponível, entender em conjunto com os prefeitos e secretários quais as principais demandas de cada região e ir trabalhando com foco na aceleração destas soluções. O objetivo é que, após passar pela metodologia, o município eleve seus indicadores a índices de primeiro mundo”, ressalta Yan.

Como ele destaca: “não adianta por exemplo uma cidade ser totalmente conectada se não tem, por exemplo, cobertura de rede de esgoto para toda a população”. Formado em Relações Internacionais e em Administração, Yan passou por grandes empresas (BRF, Grupo RBS) atuando na área de Planejamento Estratégico até começar a atuar no ecossistema de startups em Florianópolis, onde participou da fundação da BemVendi (acelerada pela Darwin Startups, mas que encerrou as atividades em 2017), da Zero Distrato e trouxe ao país a Snapcart, da Indonésia, que atua com análise de dados para o varejo.

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Assim como as aceleradoras atuam com uma rede de mentores para auxiliar os empreendedores, uma das primeiras ações do Instituto Primeiro Mundo é captar uma rede de parceiros – especialistas em diversas áreas como saúde, mobilidade, educação, violência etc. – que irão mentorar os prefeitos e secretários participantes.

Além desta rede, está aberta uma campanha para arrecadação de recursos  de apoiadores pessoa física e institucional para lançar a primeira chamada de municípios. Os recursos serão utilizados para a estruturação do Instituto, contratação da equipe em tempo integral, recrutamento de especialistas e instituições parceiros para atuar na aceleradora, assim como custos de lançamento da iniciativa.

O cofundador João Paulo Borges, que atua há mais de 10 anos na área de comunicação pública, as eleições municipais de 2020 são um desafio adicional nestes primeiros passos do projeto. “Como iniciamos na reta final dos mandatos de prefeitos e prefeitas, planejamos nossa atuação para selecionarmos os municípios pilotos até junho deste ano. Já conversamos com alguns prefeitos que manifestaram interesse em participar da primeira aceleração e em breve devemos lançar uma seletiva criteriosa, que exigirá a disponibilização dos dados municipais para que possamos utilizar na definição dos indices de Primeiro Mundo da i1M. Passada essa etapa, juntaremos mentores e especialistas nesta aceleração piloto”, explica. Mas logo após o pleito do ano que vem, comenta João, a perspectiva será outra: “trabalhar uma aceleração com a perspectiva de um mandato de quatro anos é o cenário ideal que planejamos”.

Ainda que o modelo da aceleradora esteja em construção, Yan acredita que, assim como uma startup que valida seu negócio, o Instituto Primeiro Mundo pode replicar seu propósito para outros países. “Ao desenvolvermos este modelo e trazermos resultados no Brasil, podemos levar o projeto para regiões próximas que também tem muitos recursos mas que precisam se desenvolver, como Argentina e Colômbia, por exemplo”.

Para quem quiser contribuir com recursos para o lançamento da aceleradora, o link da campanha pública é http://catarse.me/i1m 

 

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br