Inaugurado no final de março deste ano, Centro de Inovação de Joinville se consolida como conexão entre mercado/startups/academia e inicia obras do segundo prédio em outubro. / Foto: Fabrício Rodrigues.
O empreendedor José Rizzo Hahn se desloca por pouco mais de um quilômetro entre a sede de sua empresa, a Pollux Automação e o escritório da entidade que ele preside, a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), localizada no piso superior do Hub, primeiro prédio que compõe o Ágora Tech Park, centro de inovação inaugurado há cinco meses em Joinville.
No curto caminho entre os dois destinos (que integram o Perini Business Park) estão grandes empresas, indústrias e o campus local da Universidade Federal de Santa Catarina – e muita gente interessada em gerar negócios e participar de novos projetos, de empresários, investidores a professores e alunos. “Minha rede de relacionamento cresceu imensamente e recebo convites quase diários para participar de eventos”, comenta Rizzo. “É impressionante como este espaço se mostrou adequado para ser o ponto de encontro na área de inovação. É claro que temos outros eventos acontecendo na cidade, mas o Ágora acabou centralizando boa parte deste movimento”.
Desde que abriu as portas, em 28 de março deste ano, o Ágora Hub recebeu mais de 150 eventos, praticamente um por dia, e dos mais diversos portes: Startup Weekend, programa JEDI Mobilidade e Segurança, encontros do Pacto de Inovação e da indústria 4.0 (Imersão 4.0), CodeCon, entre outros tantos. Nos próximos dias, 11 e 12 de setembro, sediará um encontro nacional organizado pela ABII, reforçando a vocação de Joinville para o mercado de internet industrial.
A perspectiva é que o local continue trazendo um grande volume de eventos e atividades: no final de setembro, está prevista a inauguração LinkLab Acate, que tem o propósito de reunir corporações e startups em um programa de inovação aberta; e em outubro iniciam as obras do segundo prédio do projeto do Ágora, previsto para ser inaugurado no segundo semestre de 2020 e que contará com mais 6 mil m2 para instalação de empresas e startups.
“O ecossistema em Joinville vinha se desenvolvendo de maneira acelerada há alguns anos, mas uma questão básica era: quando pessoas vêm de fora para conhecer o que temos aqui, aonde a gente leva as visitas? Faltava um marco”, explica Jean Vogel, diretor executivo do Ágora Tech Park. Ele compara a concentração de eventos no local ao que aconteceu em Florianópolis em 2015, quando foi inaugurado o Centro de Inovação Acate Primavera, na SC-401, que criou uma nova centralidade para o ecossistema de tecnologia na Capital.
“Nossa percepção é que o Ágora, em muito pouco tempo, conseguiu materializar o ecossistema de Joinville. Ele já existia, mas este ambiente serve como um ponto focal, uma vitrine”, ressalta.
Uma das principais contribuições dessa “vitrine”, aponta Jean, é a conexão entre academia e mercado, traduzida no interesse de grandes empresas em criar projetos de pesquisa e desenvolvimento em parceria com a UFSC. “Essa aproximação vem sendo construída e é um grande objetivo nosso, ser um amálgama entre os talentos e o conhecimento da universidade com a capacidade de gerar pesquisa e novos produtos para levar ao mercado”.
Há pouco mais de um mês, o Waze ativou ao longo do Perini Business Park o projeto Carpool, uma campanha para estimular usuários da plataforma compartilhar caronas (há seis pontos de encontro/embarque ao longo do empreendimento) e assim melhorar a mobilidade na região, em parceria com a prefeitura e outras empresas locais. Joinville já era um case global para a empresa israelense, que levou Thais Blumenthal, gestora global do programa de mobilidade Waze for Cities, para apresentar o projeto em evento no Ágora no final de julho.
INOVAÇÃO APLICADA
O Ágora foi projetado com a ideia de ser um “hub” do ecossistema, com espaço para entidades associativistas, programas de aceleração e desenvolvimento, aceleradoras e laboratórios de inovação de grandes empresas. A Pollux, que desenvolve soluções para tecnologia industrial (como manufatura avançada e robótica colaborativa), levou para lá parte de sua estrutura de pesquisa e desenvolvimento: em um espaço de 250 m2 hoje trabalham 20 pessoas que estão responsáveis por projetos na área de deep learning e inteligência artificial.
Segundo o CEO José Rizzo Hahn, o ambiente será uma célula de interação com a UFSC e a perspectiva é criar novos projetos em conjunto. “Devemos virar o ano com pelo menos 40 pessoas atuando no local e a capacidade é termos um time com até 60 pessoas no ano que vem”, antecipa. Ao lado do lab da Pollux, outras empresas também reservaram espaços para seus times de inovação, como GreyLogix Automação e a Termica Solutions (uma spin-off da multinacional Perfil Group).
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“Como trabalhamos com inovação e tecnologia, temos que estar ligados ao ecossistema e fazer parte disso para ‘colidir’ com outras pessoas e empresas que respiram este mesmo ar. Por estarmos no Ágora conseguimos atrair talentos da UFSC, encontrar leads e parceiros de negócios”, comenta Claudio Goldbach, CEO da Termica, que oferece tecnologia para o mercado industrial que utiliza processos térmicos: siderurgia, metalurgia de ferrosos e não ferrosos, óleo e gás, cerâmica e vidro. A empresa tem 10 colaboradores e previsão de faturamento de R$ 2,5 milhões neste ano. Recentemente, foi uma das cinco catarinenses selecionadas (entre 50 de todo o país) para participar do FIEMG LAB 4.0, uma aceleração de 12 meses junto ao ecossistema industrial de Minas Gerais.
No final de setembro, outras grandes marcas do mercado terão um espaço no Ágora – como a Schulz, ArcelorMittal, Tigre e a Federação das CDLs – para iniciar o projeto de conexão com startups proposto pelo LinkLab. “A cidade e as grandes empresas locais compraram o projeto de inovação aberta. Esperamos uma movimentação bem integrada entre as comunidades empresariais, os empreendedores e o setor acadêmico”, avalia Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), sobre a chegada do projeto a Joinville. “Será uma máquina de criar novos empreendedores e negócios”.
Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br
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