Programa JEDI, reconhecido como um dos melhores de ecossistema do país durante Congresso de Inovação da ANPEI, tem auxiliado empreendedores a criar negócios inovadores a partir de demandas reais de empresas, como a JC Flux, uma das vencedoras da última edição. Foto: Max Schwoelk
Depois de atuar por cerca de uma década como consultor de supply chain em empresas de diversos segmentos no país, o especialista em TI Cristiano Rafael Baldissera entendeu que era hora de empreender. “Quando você segue uma rotina fica difícil enxergar os problemas em uma organização”, comenta, sobre o que levou a mudar a rota profissional. Mesmo sem ter participado anteriormente de programas de empreendedorismo e desenvolvimento de startups, ele se inscreveu na última edição da Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação (JEDI), realizada em agosto passado em Joinville para buscar soluções e tecnologias para os setores de logística e mobilidade.
Após o programa de 16 dias, ele e a sócia Joice Baumann idealizaram um sistema para otimizar o fluxo de trabalho de transportadoras e assim deram vida à JC Flux, recém criada startup joinvilense que foi um dos projetos vencedores da terceira edição do JEDI. “O primeiro produto atende principalmente empresas que realizam coletas e atuam com cargas fracionadas, em que os dados dos documentos são enviados pelo motorista via whatsapp para a startup, que processa, organiza e envia às transportadoras, agilizando os processos internos. Trabalhamos analisando processos e fluxos de informação”, detalha. A dupla, que hoje conta também com o cientista de dados Marco Antunes no time, saiu do evento com o protótipo validado por uma das empresas participantes e agora começa a buscar no mercado novos clientes e outras soluções que possam resolver problemas do setor logístico.
“A partir de nossa participação no programa, algumas grandes empresas nos procuraram para criar outros projetos para demandas internas”, ressalta Cristiano. Aos 38 anos, ele diz que o novo momento como empreendedor é uma reinvenção não só profissional mas também pessoal. “Com uma startup você aprende muito. Durante o programa praticamos todas as atividades que eram propostas: logo na segunda semana a gente já sabia o que queria fazer, então aplicamos uma série de entrevistas, entendemos como isso poderia resolver, de maneira simples e saímos do evento com perspectiva de clientes e portas abertas em outras cidades”, diz. A empresa está agora desenvolvendo o segundo produto, com foco na confirmação das entregas realizadas pela transportadora.
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No final de setembro, o programa JEDI foi reconhecido durante a Conferência 2019 da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), em Foz do Iguaçu (PR), como um dos melhores cases de desenvolvimento de ecossistema inovador no país. “Nós sempre acreditamos que um ecossistema sustentável e saudável se faz de forma colaborativa e com forte envolvimento do governo, empresas, academia e a sociedade civil organizada. O JEDI só é possível porque o diálogo entre esses atores tem sido aperfeiçoado nos últimos anos, esse projeto é a materialização de um ecossistema que está amadurecendo muito rápido“, afirma o secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento de Joinville, Danilo Conti.
PRÓXIMO DESAFIO: DESENVOLVER INOVAÇÕES PARA A INDÚSTRIA
Depois de três edições nas quais foram desenvolvidos projetos inovadores para áreas como saúde, educação, logística e mobilidade, o próximo JEDI terá como tema o principal setor econômico do norte catarinense: a indústria. Para os empreendedores que querem entender as demandas deste mercado e propor soluções, as inscrições estão abertas até o final de outubro neste link – no dia 31.10 acontece o “warm-up”, primeiro encontro entre mentores, apoiadores e participantes para lançamento e formação dos times.
A maratona de desenvolvimento começa em um final de semana (dias 10 e 11 de novembro), segue para a fase de pesquisa de campo e desenvolvimento nas duas semanas seguintes e conclui nos dias 23 e 24.11 com a validação, apresentação e premiação das equipes – toda a programação acontece no Instituto Senai de Inovação. Os melhores projetos terão seis meses de incubação gratuita na Softville, três meses de uso de coworking, além de acesso a rede de mentores e networking com empresas, investidores e representantes de universidades locais.
“O JEDI tem se consolidado como uma metodologia que funciona, no sentido de criar novos negócios. Um dos grandes diferenciais é o olhar para dores e problemas reais do mercado – isso faz todo o sentido e a chance de sucesso acaba sendo muito maior. Com o reconhecimento da Anpei, o programa ganha visibilidade nacional – queremos contribuir com o estado de Santa Catarina e todo o Brasil para gerar negócios inovadores, com alto potencial de crescimento e rentabilidade para fortalecer a economia”, reforça Fabiano Dell’Agnolo, diretor executivo da Secretaria de Planejamento Urbano e Sustentável de Joinville e um dos coordenadores do JEDI.
“O mais relevante do programa é o formato. O warm-up ajuda a integrar a equipe, depois temos um final de semana construindo aprendizado em modelos de negócio, finanças etc. e em seguida as duas semanas para buscar o mercado, construir um modelo de acordo com a demanda e validar ao final com grandes empresas”, ressalta Cristiano. Nas três primeiras edições, o JEDI ajudou a criar 17 startups em Joinville – nos últimos anos, a média anual era de pouco mais de 20 negócios inovadores que surgiam na cidade.
Na visão do secretário Danilo, o reconhecimento da Anpei, “a entidade no Brasil que melhor exerce esse papel de representação da empresas engajadas em atividades de PD&I com o governo e a comunidade, é um sinal de que estamos no rumo certo para tornar Joinville uma das cidades mais inovadoras e empreendedora da América Latina”.
O JEDI é uma iniciativa conjunta entre o Joinvalle, Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia de Joinville e Incubadora Softville, com patrocínio do Hospital Dona Helena, Ágora Tech Park, Renault, Fiesc, Gideon, Transtusa, Grupo, Sonda, BRDE, Católica SC, Aires e OpenTech, além do apoio de diversas entidades e empresas do ecossistema catarinense de inovação.
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