Fundada em 2018 pelo gestor de TI Bruno Soares e o publicitário Gabriel Leite, startup de Florianópolis criou ferramenta de “people analytics” para auxiliar gestores de Recursos Humanos e aumentar o engajamento de colaboradores. / Foto: Divulgação
[FLORIANÓPOLIS, 12.08.2019]
Por Fabrício Umpierres – editor, scinova@scinova.com.br
Como ser um líder melhor perante a equipe? Que ferramentas usar para medir o sucesso da gestão – e o engajamento dos colaboradores – no desenvolvimento de uma empresa?
As dúvidas rondavam o dia a dia do gestor de TI Bruno Soares, que atuou ao longo de cinco anos liderando equipes de produto e projetos em empresas de tecnologia em Florianópolis. “Por que as pessoas gostam de trabalhar no Google e na Netflix?”, ele se perguntava, tentando achar respostas a partir de feedbacks contínuos, uso de ferramentas de OKR (objetivos e resultados-chave), programas de desenvolvimento e metas internas, pesquisa de clima e outras iniciativas.
A inquietação tomou proporções maiores quando ele se tornou gerente de operações em uma empresa de TI e era responsável por equipes que somavam 30 pessoas. Mas faltava uma ferramenta capaz de agregar as principais funções que ele fazia e que também pudesse ser utilizada pelos colaboradores, registrando desde feedbacks em reuniões a compartilhar conquistas das equipes. Com essa ideia em mente, decidiu fazer seu próprio software. “Eu trabalhava de 8 a 10 horas por dia, mas vi que tinha que dedicar mais um tempo para criar uma ferramenta que desse conta do que precisava”, lembra Bruno.
Enquanto desenvolvia o sistema, a jornada solo ganhou um parceiro, o publicitário Gabriel Leite, que tinha uma empresa de serviços digitais e procurava um parceiro da área de tecnologia. Alguns meses depois dos primeiros testes, Bruno saiu da empresa para se dedicar ao novo projeto e, no início de 2018 surgiu a Feedz, com a proposta de criar uma ferramenta de people analytics para ajudar os departamentos de Recursos Humanos das empresas a cuidar do engajamento, desempenho, clima no ambiente de trabalho e desenvolvimento profissional.
A startup partiu dos dados de uma pesquisa que mostrava que 74% dos colaboradores estavam insatisfeitos no trabalho, enquanto apenas 10% das empresas usavam alguma ferramenta digital para medir o desempenho e a satisfação de suas equipes. “Há um abismo muito grande em função do choque de gerações nas empresas e o RH acaba sendo diretamente afetado por isso. Muitos colaboradores têm a comunicação digital como fonte primária e é por ali que eles preferem se expressar”, comenta Gabriel.
Por isso, a ideia foi colocar todo o tipo de interação nas equipes para ser registrado por meio do software – desde o “termômetro de humor” até o “mural das celebrações” – além de ações mais estratégicas, como “gestão de feedbacks”, metas e objetivos (OKRs), controle de turnover, relatórios e pesquisas de clima.
Ao longo de um ano e meio, a Feedz saltou do protótipo desenvolvido pelos dois sócios fundadores para uma equipe de 12 pessoas, hoje sediada no SoHo Centro de Inovação, em Florianópolis. Em maio passado, foi vencedora do ProXXIma Startups, competição promovida pelo grupo de mídia Meio & Mensagem, e que deu um prêmio de R$ 15 mil, investimento convertido na participação da empresa como expositora no Congresso Nacional de Recursos Humanos (Conarh). Depois, receberam investimento anjo e, no início de 2019, um aporte da Organica, uma venture builder formada por ex-sócios da Netshoes e mentores da Endeavor. Os recursos foram direcionados principalmente para marketing e vendas.
Ainda em 2018, a Feedz foi uma das primeiras selecionadas para a turma de aceleração da ACE Startups em Florianópolis e foi um dos destaques nacionais do programa de mentoria e capacitação InovAtiva Brasil, criado pelo então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Atualmente, mais de 4 mil pessoas de 50 empresas utilizam a plataforma. “Olhamos muito para o mercado de tecnologia, que demanda esse tipo de solução, especialmente as empresas entre 50 e 300 funcionários. Mas temos clientes de maior porte também”, explica Bruno.
“Há um abismo muito grande em função do choque de gerações nas empresas e o RH acaba sendo diretamente afetado por isso”, Gabriel Leite, CMO da Feedz.
A estratégia é se estabelecer como uma “one-stop shop” para os departamentos de RH, dispensando o uso de outras ferramentas ou aplicativos adicionais. Segundo os fundadores, em média 85% dos colaboradores das empresas usam a plataforma, não apenas a área de RH ou equipes de projeto. Eles também calculam que a solução pode otimizar em até 50% do tempo de gestores em funções como reuniões de feedback e orientações para os novos contratados (onboarding). “A ideia é empoderar o gestor de pessoas, dando uma noção real pra ele do que a equipe pensa e auxiliando no aumento da retenção de colaboradores”, diz Gabriel.
Empreendedor desde 2009, quando criou a agência Mentes Digitais, Gabriel ressalta que o RH em geral evoluiu muito pouco digitalmente ao longo da última década. “Hoje a realidade em muitas empresas é ou muda ou morre. Os colaboradores querem ser ouvidos e por isso as empresas de tecnologia com foco em soluções para recursos humanos estão num bom momento. E o mercado vai acabar colocando isso como uma obrigação”.
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