Tech na Bolsa: estamos vivendo uma bolha no mercado de ações de tecnologia?

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Tech na Bolsa: estamos vivendo uma bolha no mercado de ações de tecnologia?

Alguns indicadores e visão de mercado nos deixam tranquilos em relação ao momento atual na comparação com a Bolha dos anos 2000.

Alguns indicadores e visão de mercado nos deixam tranquilos em relação ao momento atual na comparação com a Bolha dos anos 2000, e listamos três características que diferenciam em muito os momentos de mercado. / Foto: Markus Spiski / Unsplash


[01.12.2021]


Por Newton Tech Fund*

O filósofo chinês Confúcio tem uma célebre frase: “se queres prever o futuro, estude o passado”. No caso dos Mercados de Capitais essa visão tem que ser colocada na prática todos os dias, seja através de modelos estatísticos, estudo de casos, médias históricas ou experiências anteriores – apesar de sempre olharmos para frente e pensarmos no potencial das empresas ao longo das próximas gerações, olhar para o passado é sempre uma fonte importante de conhecimento.

Com o aumento da volatilidade dos mercados, especialmente nos EUA, nas últimas semanas, as perguntas que mais recebemos são: “estamos em uma bolha?” e “quando a bolha de tech vai estourar?”. Na nossa visão, ajustes de curto prazo são normais, mas bolha é uma palavra que passa longe dentro do perfil de empresas que estamos mirando no Newton Tech Fund – e o passado nos ajuda a explicar.

O conceito de Bolha Tech (e seu posterior estouro) surgiu no final dos anos 1990, quando o mercado de capitais, impulsionado pela perspectiva da revolução da tecnologia e da internet, abraçou o segmento Tech e milhares de companhias fizeram IPO na NASDAQ com promessas de revolucionar o mundo. Tudo parecia lindo, até que no início de 2000 a bolha estourou dizimando boa parte dessas empresas e derrubando os preços de todo o mercado.

Ajustado por inflação, o patamar do índice NASDAQ em fevereiro de 2000 somente foi superado no final de 2018. Porém, impulsionado pela alta liquidez do mercado e a pandemia, este patamar já foi superado em muito, estando hoje cerca de 90% acima do auge de 2000, naturalmente, gerando a pergunta se estamos em uma nova bolha. Nossa visão é que não! Sim, existem excessos em alguns ativos, mas de maneira geral, o mercado está forte e saudável com muito espaço para crescimento ao longo dos próximos anos, e comparações com o passado nos ajudam a mostrar isso.

Naturalmente, o nosso papel como gestor é escolher os melhores e mais sólidos papéis, que somam robustez financeira com perspectivas de longo prazo. Apostas nas empresas corretas trarão retornos excepcionais independente de volatilidades de curto e médio prazo. Investimentos em vencedores como Microsoft, Amazon, Apple, Oracle e outros, mesmo que no pico da bolha em 2000, trariam retornos extraordinários ao longo destes 20 anos.

De qualquer forma, alguns indicadores e visão de mercado nos deixam tranquilos em relação ao momento atual na comparação com a Bolha dos anos 2000, e listamos três características que diferenciam em muito os momentos de mercado: 1) Maturidade das Empresas; 2) Tamanho do Mercado; e 3) Solidez dos Modelos de Negócio.

Sim, existem excessos em alguns ativos, mas de maneira geral, o mercado está forte e saudável com muito espaço para crescimento ao longo dos próximos anos.

1. EMPRESAS MUITO MAIS MADURAS, ONDE LÍDERES EM TECH VIRARAM GIGANTES DE CRESCIMENTO E RENTABILIDADE 

No pico da Nasdaq em 2000 o valor de mercado combinado do índice era de US$ 6,6 trilhões, com as 4.715 empresas listadas sendo avaliadas em média a assustadores 190x o lucro, com lucros somados que totalizavam US$ 34 bilhões em todas as empresas. A Microsoft, por exemplo, era um caso de uma empresa sólida e rentável estava avaliada a quase 70 vezes o seu lucro ou 27 vezes sua receita.

Atualmente, a capitalização de mercado total da Nasdaq é na ordem de US$ 19 trilhões com 3.554, mas a performance e maturidade das empresas é completamente outro: o lucro somando somente das 15 maiores empresas do índice soma mais de US$ 350 bilhões com US$ 1,7 trilhão em receita (mais que todo o PIB do Brasil…). 

Existem hoje quatro empresas que individualmente possuem lucro maior do que era toda a soma do mercado em 2000. A Microsoft, por exemplo, hoje tem lucro de mais de US$ 60 bilhões e possui múltiplos de receita e lucro abaixo da metade do que era em 2000. As 15 maiores empresas do Nasdaq possuem uma relação valor/lucro na ordem de 33x, similar e menor do que negócios tradicionais como McDonalds e Walmart.

2. TAMANHO DO MERCADO E CAPILARIDADE GLOBAL

Nos anos 1990 e início dos 2000, a oportunidade de tecnologia e internet ainda era um grande sonho e uma oportunidade futura, enquanto hoje já é uma realidade e alguns números provam isso. Em dezembro de 1999, existiam no mundo 248 milhões de usuários de internet que “surfavam” (como se dizia na época) em pouco mais de 3 milhões de websites, com forte concentração em mercados desenvolvidos como EUA e Europa. 

Hoje somos mais de 5 bilhões de usuários em 1,7 bilhão de sites no mundo inteiro. Nos anos 1990, o e-commerce era promessa e restrito a alguns produtos e algumas regiões, hoje é um monstro de US$ 5 trilhões no mundo, correspondendo a cerca de 20% do total do varejo e em ascensão.

O fenômeno global impulsionou mundialmente as empresas listadas, e dentro das maiores empresas da Nasdaq encontramos chineses, europeus, indianos e até latinos, muito bem representados pelo MercadoLivre e outras.

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3. SOLIDEZ DO MODELO DE NEGÓCIO

Sendo ainda um mercado incipiente, muitos negócios não faziam ideia de como iam ganhar dinheiro. Muitas empresas “pontocom” iam para a bolsa sem faturar um dólar, e eram avaliados com métricas de número de usuários e número de cliques. Estas captaram dinheiro para trazer usuários sem ter a menor ideia do que fazer com eles, ou mesmo em negócios que tinham modelo de receita, as margens eram muitas vezes negativas. Em diversos casos, o dinheiro acabou, antes de começarem a faturar, algo impensável no mercado atual.

O caso da Netscape (o navegador líder na época) foi emblemático, tendo feito IPO em menos de 18 meses desde sua fundação, a empresa na época mirava número de usuários e market share, chegando a valer quase US$ 20 bilhões, sem saber ao certo como ganharia dinheiro. No momento que a Microsoft lançou o Explorer, o share de mercado da empresa desapareceu, destruindo um modelo de negócio praticamente inexistente.

Atualmente, desde o início da jornada, as startups são cobradas por investidores para ter modelo de negócios sustentáveis, como modelo de monetização claros, e com unit economics (resultado por cliente) sólidos. No setor de mídia social, por exemplo (Facebook, Snapchat, Pinterest, Linkedin e outros), no IPO as empresas tinham em média US$ 919 milhões de receita ao ano. Em 1994, a Amazon fez IPO com uma receita de US$ 16 milhões, enquanto o Chewy (um e-commerce americano de produtos Pet), por exemplo, foi a mercado com mais de US$ 3 bilhões de receita.

Mercados gigantes, empresas de performance excepcional e foco no crescimento da receita e busca pelo lucro: na nossa visão esta é a fórmula que cria oportunidades de mercado, e que ainda criará muitas empresas bilionárias e até trilionárias! 

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