Startup Summit 2023: A singularidade está logo ali, ou como as IAs afetarão a humanidade e o mundo do trabalho

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Startup Summit 2023: A singularidade está logo ali, ou como as IAs afetarão a humanidade e o mundo do trabalho

“O cérebro das novas gerações está mudando com os games. São 3 bilhões de gamers jogando por dia. E isso vai levar as pessoas a acharem a vida mais divertida no mundo digital”, afirmou Debora Piscione,

“O cérebro das novas gerações está mudando com os games – e isso vai levar as pessoas a acharem a vida mais divertida no mundo digital”, afirmou Deborah Piscione, cofundadora do Work3 Institute, no encerramento do segundo dia do evento. / Foto: Fabricio de Almeida 


[FLORIANÓPOLIS, 25.08.2023]
Por Dorva Rezende, especial para agência SC Inova

Um dos temas que mais desperta o interesse de todos os que estão ligados ao setor ou se interessam por tecnologia, no Startup Summit 2023, é o assunto do momento desde a entrada em cena do ChatGPT, a inteligência artificial. Conselheiro de Bill Gates na Microsoft, escritor, inventor e futurista, Ray Kurzweil previu que a singularidade, o instante em que as máquinas superariam a inteligência humana, ocorreria até 2045. Hoje, todos os cenários apontam que a singularidade ocorrerá até 2030. Ou seja, logo ali.

Ex-assessora do presidente norte-americano George Bush até 1992, quando decidiu tirar um ano sabático tendo passado três meses viajando pelo Brasil, Deborah Perry Piscione trabalhou como comentarista de televisão por um tempo até se mudar para o Vale do Silício em 2006 e fundar, num período de seis anos, três empresas, entre elas a Desha Productions, que faz conteúdo para mídia. No encerramento do segundo dia do Startup Summit 2023, a cofundadora do Work3 Institute falou sobre as tecnologias generativas de IA na Web3 e como isso afeta o futuro do trabalho.

Segundo ela, 50% dos trabalhos serão automatizados por IAs nos próximos 15 anos. “Nós já estamos utilizando a tecnologia do metaverso, e isso implica, também, no que chama de Trabalho 3.0. O futuro não é o emprego, o futuro é o metaverso”, disse antes de mostrar um vídeo de um influencer que gasta 7 mil dólares em roupas para o seu avatar no metaverso, onde já estão posicionadas marcas de grifes e empresas do mundo real. 

Deborah destacou o modo como a pandemia da Covid-19 transformou as relações de trabalho. “Nós trabalhamos de casa durante dois anos, e começamos a gostar de não ter que ir mais para o escritório. As pessoas hoje estão focadas no seu bem-estar e nos seus propósitos de vida. E o meio ambiente também está mudando o nosso modo de vida, com ondas de calor e frio extremo que estamos testemunhando. Tudo isso leva as pessoas a quererem trabalhar de casa”, disse.

Outro ponto ressaltado por Deborah foi o “Youthquake”, expressão criada nos anos 1960 por uma editora da revista Vogue e que se transformou na palavra do ano em 2017. O terremoto juvenil significa a mudança social, cultural ou política decorrente das ações ou da influência das gerações mais jovens. “O cérebro das novas gerações está mudando com os games. São 3 bilhões de gamers jogando por dia. E isso vai levar as pessoas a acharem a vida mais divertida no mundo digital”, afirmou.

A singularidade proporcionará, também, a multiplicação da capacidade humana, tornando-nos melhores, mais fortes e mais rápidos. Deborah mostrou vários exemplos das aplicações médicas da inteligência artificial, que tornarão cirurgias e tratamentos mais eficientes, e também falou do aperfeiçoamento humano, o chamado Human Plus, e tudo o que isso implica. “Pode parecer amedrontador, mas nós vamos poder controlar melhor as nossas vidas”, afirmou.

COMO COLOCAR A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA TRABALHAR POR VOCÊ

Especialista em marketing digital e comércio eletrônico, professor da Escola de Negócios Stern da Universidade de Nova York, Scott Galloway escreveu em 2017 um livro sobre os segredos dos quatro gigantes da tecnologia: Apple, Amazon, Facebook e Google. E é dele a frase que se tornou célebre: “Não vai ser a Inteligência Artificial que vai tirar o seu emprego, mas alguém que sabe usar a IA melhor que você”. Foi sob essa premissa que Leonardo Simões, Rafael Rocha e Rafaela Herrera falaram sobre a IA como uma Coworker, na abertura da Startup Summit 2023.

Gerente de Vendas e Operações da TTEC for Google, empresa de consultoria sobre customer experience com sede no Colorado, nos Estados Unidos, Leonardo Simões disse que a melhor maneira de colocar uma IA para trabalhar para você é ver onde você está investindo muito do seu tempo. “Não é nem investir mal. Mas muito. E entender como você consegue automatizar esses processos, ou fazer perguntas para tirar insights muito mais sólidos. Isso independe se você trabalha com tecnologia, com vendas, com atendimento ao cliente. É você conseguir entender, dentro do seu contexto, da sua rotina, onde você sente que está gastando tempo demais e reduzir isso de alguma forma”, afirmou.

Rafael Rocha, diretor de produtos da Payface, uma fintech com sede em Florianópolis, disse que as pessoas precisam se posicionar de forma aberta com relação à IA, assim como no passado não precisaram temer a televisão, o celular, o computador. “O que se precisa ter é uma atenção especial sobre como ela é aplicada, como ela é construída, para se evitar propagar ou disseminar vieses como segregação por raça, gênero, etnicidade ou orientação sexual. São questões hoje muito presentes na nossa sociedade, que temos condições de eliminar construindo IAs que sejam generalistas, universais”, disse.

Rocha destacou a relevância das IAs na extração de valor dos dados para as empresas de tecnologia. “Isso tanto na questão de comportamento dos usuários, para evitar cancelamento de serviços, ajudar na interpretação e extração de sentimentos a partir de chamados abertos no SAC, por exemplo. São várias aplicações, dentro do dia a dia das empresas, que um grande volume de dados podem ser analisados de uma forma super eficiente em um curto espaço de tempo”, falou.

Rafaela Herrera, engenheira de biotecnologia e cofundadora da Sirius Educação, com sede em Belo Horizonte, disse que a IA vem com dois propósitos e é tão grande quanto a revolução causada pela internet. “Ela vai ajudar com que mais pessoas tenham acesso a serviços e produtos e, também, a sermos mais produtivos. Assim como antes precisávamos ir numa biblioteca pesquisar algo e hoje perguntamos no Google ou na Wikipedia. A inteligência artificial é uma ferramenta, não é uma solução por si só. A partir do momento em que você começa a utilizá-la para a sua própria produtividade, isso tem a ver com você ganhar tempo, até com coisas que você não domina. Você ganha superpoderes para fazer coisas mais rápido ou algo que você não sabia fazer. Você aprende com a IA. Quando você traz a IA para o seu pacote de habilidades, você acaba se destacando ao competir por vagas ou alguma promoção dentro da empresa em que você trabalha”, afirmou.

Ela se declarou bem pé no chão no que diz respeito aos riscos representados pela IA. “Tem risco sim. Claro que haverá pessoas que perderão espaço para as inteligências. Talvez essa pessoa que esteja usando a inteligência vai substituir outras três ou quatro, ou mais às vezes. Creio que esse é o grande perigo para a nossa sociedade. A tecnologia é exponencial, mas nós não somos. E não há como nós aprendermos na velocidade com que a IA vai substituir ou ocupar espaços. Isso é um desafio bem grande e um risco de termos um gap que a gente vai ter que entender. Talvez a solução seja menos horas de trabalho, ou outros tipos de trabalho para essas pessoas. Socialmente, o risco é termos uma população que não está preparada para essa mudança completa, e as empresas não vão esperar”, disse Rafaela.

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