Destaques do South Summit: empreendedores universitários se aproximam de investidores anjo / fintechs ainda ameaçam bancos

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Destaques do South Summit: empreendedores universitários se aproximam de investidores anjo / fintechs ainda ameaçam bancos

Em outro painel, participantes avaliam que alta dos juros aumentam força de bancos tradicionais, mas fintechs ainda desafiam o setor

O que rolou no segundo dia do evento: 
– Iniciativas lideradas por ex-alunos de universidades ajudam na alavancagem de startups early stage; 
– Alta dos juros aumentam força de bancos tradicionais, mas fintechs ainda desafiam o setor
Foto: Hans Georg (Divulgação)


[PORTO ALEGRE, 31.03.2023]
Redação SC Inova, com informações das Assessorias de Imprensa

O ambiente universitário tem se fortalecido como elo entre empreendedores e investidores-anjo. É o que mostrou o painel  “Do angels make your dream come true?”, durante o South Summit Brazil 2023, em Porto Alegre (RS). Moderado por Luan Spencer, integrante da EA Angels, rede com egressos da UFRGS, o painel contou também com a experiência de Ricardo Hoerde, CEO da Diálogo Logística (empresa adquirida pelo grupo BBM), que é formado também pela universidade federal gaúcha e integra o grupo; Caroline Riley, da FEA Angels, formado por ex-alunos da faculdade de economia e administração da USP; e Bruno Franco, da Poli Angels, composto por egressos da Escola Politécnica da USP.

Para Spencer, uma das vantagens de se investir em redes ligadas a egressos da universidade é o poder da comunidade. “Estamos com ex-colegas de universidade, que profissionalmente tiveram rumos diferentes e agregam experiências como executivos, empreendedores, e que se unem com o propósito de estimular o empreendedorismo e a cultura do investimento anjo”, destacou. 

Na opinião de Franco, da Poli Angels, quando o empreendedor atrai para o quadro de sócios de sua startup redes de anjos de egressos, além do capital e do próprio pool de investidores envolvidos no aporte, passa a contar com uma poderosa rede de conexões dispostas a ajudar. “Se uma investida nossa precisar de uma ajuda com uma conexão com determinada indústria, certamente alguém de toda a rede, e não só dos investidores envolvidos, conseguirá abrir portas, conectar, reforçando um efeito de grupo poderoso”, destacou. 

Ricardo Hoerde traz outro diferencial das redes de ex-alunos – o interesse que empreendedores egressos da mesma universidade acabam tendo de se relacionar com pessoas com formações semelhantes. “Acredito muito que startups lideradas por empreendedores que passaram por universidades de ponta, como UFRGS, USP, têm maiores taxas de sucesso por terem tido acesso a uma formação de alta qualidade”, destaca. Na EA Angels, ligada à UFRGS, Hoerde destaca que cada anjo realiza, em rodadas do grupo que podem ficar entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, cheques individuais entre R$ 10 mil e R$ 100 mil. 

STARTUPS SEGUEM DESAFIANDO O MERCADO FINANCEIRO TRADICIONAL NO BRASIL 

As mudanças significativas no setor financeiro ao longo da pandemia impulsionaram o investimento em digitalização dos serviços e aumentou a visibilidade das fintechs, que desde lá desafiam os bancos tradicionais. Em um cenário de incertezas, os investidores de venture capital estão mais exigentes, mas as fintechs encontram saídas para continuar no mercado. O tema esteve em pauta no South Summit Brazil 2023, no painel “Fintechs Challenging Incumbents”, com participação de especialistas do ramo financeiro. 

“A gente vê essa briga de Davi e Golias [entre as fintechs e os bancos], mas agora tem mais cooperação. O interessante é que as fintechs impulsionam os bancos para tirá-los da zona de conforto e os bancos trazem os desafios para serem resolvidos pelas fintechs”, reflete Lucas Mussi, vice-presidente da Warburg Pincus, empresa global de private equity. “O Brasil tem juros muito altos e qualquer estratégia de crédito tem um potencial enorme e os tiers de serviços bancários são muito mais altos do que no mundo inteiro”, reforça. 

Na avaliação dos painelistas, o cenário econômico que impôs crise e demissões nos últimos meses, impacta diretamente algumas das principais fintechs brasileiras. Ainda assim, as startups brasileiras seguem desafiando o mercado financeiro tradicional por causa de marcos regulatórios que deram competitividade ao segmento, especialmente no open banking e open finance. As startups chegam com mais facilidade ao público final, está próximo do cliente, e por conhecer suas necessidades podem criar serviços financeiros personalizados para as necessidades. 

Um dos modelos em alta é o embedded finance, no qual empresas de diversos segmentos aderem aos serviços financeiros para agregar valor final ao cliente e melhorar e baratear as transações internas de suas companhias. Jonathan Whittle, norte-americano sócio da Quona Capital – que investe em fintechs na América Latina -, comenta como exemplo uma plataforma para freelancers que introduziu a intermediação financeira na relação entre clientes e profissionais. “É um exemplo de criatividade que nunca vai vir de um banco”, comentou.

Para os painelistas, os conselhos para as fintechs vão no sentido de estruturar os planos para as startups para se aproximar o máximo possível da solidez do negócio, com consciência sobre o contexto de mercado. “Os brasileiros pensam muito em problema e às vezes se apaixonam por eles. É preciso quebrar o ego e focar um pouco mais na empresa e não no problema, mas nas saídas”, disse Camila Vieira, investidora da QED Investors na América Latina.