Evento que iniciou nesta quarta (29) em Porto Alegre (RS) trouxe gestores de fundos e de bancos estatais para avaliar integração e evolução nos investimentos em inovação. / Foto: Gustavo Granata (agência Preview)
[PORTO ALEGRE, 29.03.2023]
Redação SC Inova, com informações da assessoria/South Summit BR
O fomento do setor público para empresas e iniciativas inovadoras evoluiu muito no Brasil e apoia o desenvolvimento no setor tecnológico nacional, especialmente durante períodos econômicos desafiadores. Esse foi um dos aprendizados do painel “Government as a Catalyst for Venture Capital”, que reuniu representantes de bancos estatais e profissionais de fundos de investimento durante o South Summit Brazil, em Porto Alegre (RS), que iniciou nesta quarta (29). A conversa foi mediada por Alexander Leitzke, Gerente de Planejamento no BRDE.
“Um dos papéis dos investidores públicos é ser pioneiro. Entrar onde o privado não está estruturado. Assumir risco, criar condições e até trazer evidências para os privados se sentirem mais confortáveis”, diz Reinaldo de Almeida Coelho, sócio fundador da Triaxis Capital, gestora de Venture Capital que atuou com os fundos Criatec 1 e 2, ambos com participação estatal.
Um dos cotistas do Criatec (que investiu em uma série de empresas de tecnologia em Santa Catarina, da Arvus à Cianet e Knewin, entre outras) foi o BNDES, que atua no mercado de capital de risco para inovação gá mais de 20 anos – ou seja, quando o mercado era muito incipiente no país. “O momento é bom. Depois de um período com valuations bastante altos em 2020 e 2021, estamos em um bom ciclo para investir”, resumiu Livia Faria, Gerente de Fundos do BNDES. Atualmente, o banco conta com mais de 50 produtos, entre Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs) e de participação, com R$ 7 bilhões de capital comprometido – e possibilidade de mais recursos nos próximos anos.
INVESTIDOR PÚBLICO É TÃO PROFISSIONAL QUANTO O PRIVADO
No olhar do capital privado, a interação com as entidades estatais melhoraram com o desenvolvimento do mercado de seed e venture capital no Brasil. No início, havia um temor de influência política e falta de profissionalismo na escolha das empresas investidas. “Hoje o investidor público é tão profissional e transparente quanto o privado”, destaca Reinaldo, da Triaxis, lembrando que atualmente os fundos se organizam para atender regras de compliance dos dois setores. É o caso do fundo Criatec 4, a ser lançado, modelado para atender as necessidades da área governamental e de mercado.
“Os fundos têm regulamento dizendo no que se pode investir. Os investidores, sejam públicos ou privados, não dão palpite no comitê. A decisão é técnica e imparcial, com base no mandato do fundo”, ressaltou no painel Felipe Marcondes de Mattos, head de venture capital da TM3 Capital. Ele destacou a importância de um fluxo constante de fomento para a manutenção do ecossistema de VCs. “A economia é cíclica, investidores vão e vêm. O investimento público é perene”.
ESTRATÉGIA DOS VCs PARA LEVANTAR CAPITAL NA AMÉRICA LATINA
O Brasil e os demais países da América Latina encontram-se em diferentes momentos de maturidade de seus ecossistemas de venture capital, todos ainda distante da realidade que os norte-americanos, pioneiros desta indústria, operam há mais de quatro décadas. Este foi o principal recado durante o painel “Venture capitalists also fundraise: Who invest in the investors?” contou com a presença de lideranças do mercado de VC da América Latina, como Javier Cueto, gestor e sócio da Imagine Ventures, baseado no Chile; Juan Cruz Valdez Rojas, fundador e gestor da iThink VC, do Paraguai; Hernan Haro, fundador e gestor da MrPink VC, do Uruguai.
Em países como México, Chile, Peru, Colômbia, Paraguai, Argentina e Uruguai, os cenários de captação ainda estão concentrados em investidores locais, especialmente com empreendedores de cada região, investidores institucionais ligados a corporates destes países, e em alguns casos, instituições públicas.
Para os painelistas, assim como uma startup define um perfil de cliente ideal, as gestoras de fundos precisam ter foco para atrair sócios cotistas que conversem e estejam alinhados com a tese de investimento da operação e o perfil de empresas a receberem aportes. Em alguns casos, desenvolver um mix com diferentes perfis pode ajudar a ter diversidade e complementaridade no suporte às startups do portfólio. Um fundo composto só por empreendedores, por exemplo, pode enviesar a análise dos negócios a serem investidos, desconsiderando aspectos mais ligados a projeções financeiras, valuation, e aspectos mais racionais que a indústria de venture capital exige. Os principais perfis de cotistas dos fundos latino-americanos no painel são investidores anjo, empreendedores fundadores que já realizaram eventos de liquidez em seus negócios.
A localização geográfica dos investidores e dos fundos é outro aspecto que faz diferença na escolha dos cotistas. Os perfis de investidores e gestoras de fundos de países da América Latina concentram seus investimentos nas suas respectivas regiões, pela proximidade dos cotistas do portfólio de investidas e a capacidade de aportarem também conhecimento, experiências e práticas que possam alavancar os empreendedores, principalmente aqueles em estágios iniciais.
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