Entre as reivindicações mantidas nos pedidos nas eleições de 2018 está a ampliação da formação de mão de obra qualificada e dos fundos garantidores, além de compras do governo de soluções das empresas locais. Foto: James Tavares/Secom
[FLORIANÓPOLIS, 18.08.2022]
Lúcio Lambranho, especial para o SC Inova com informações da ACATE
Em Santa Catarina, o faturamento do setor tecnologia representava 5,6% do PIB estadual em 2018. Esse percentual quatro anos depois é de 6% da economia catarinense e entidades lideradas pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e suas parceiras regionais assinam um documento com propostas para os candidatos nas eleições deste ano que pretendem ocupar o executivo estadual.
Pelo menos três temas foram mantidos entre os pedidos do ecossistema de inovação estadual e que estavam entre os pedidos formulados pelo setor nas últimas eleições para governador: criação e formação de um programa de formação profissional, compras públicas das empresas locais e aumento do financiamento por meio de fundos garantidores.
“No cenário global, os países que investem em tecnologia obtêm um desempenho econômico superior. No Brasil, cresce a cada ano o número de estados com políticas públicas de incentivo ao setor. Nesse sentido, o fortalecimento dos ecossistemas locais, com apoio ao ambiente de negócios, marco regulatório, formação de profissionais qualificados, infraestrutura e programas de fomento, são iniciativas importantes e capazes de atrair empresas, empreendedores e profissionais, movimentando toda a economia da região”, destaca Iomani Engelmann, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE).
As instituições que lançam o documento defendem que, para que Santa Catarina possa continuar como referência nacional e internacional, o setor de tecnologia precisa de políticas “públicas consistentes e continuadas”. “Os governantes e parlamentares têm um papel relevante neste cenário ao reconhecerem o potencial econômico da tecnologia e fomentarem a capacitação e formação de profissionais qualificados e o planejamento público de inovação, entre outras iniciativas”, avalia Diego Ramos, VP de Relacionamento da ACATE.
Entre as propostas apresentadas ao candidatos pelas entidades em 2018 estava a criação de um fundo garantidor. Neste ponto, em dezembro de 2021 a ACATE anunciou a parceria com a Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A. (Badesc) para garantir novas opções de linhas de crédito às empresas associadas via Fundo Garantidor ACATE, com operações de até R$ 150 mil. O convênio firmado tem a missão de garantir operações de até R$ 150 mil às empresas associadas com faturamento de até R$ 4,8 milhões, por meio das linhas de crédito disponíveis no Badesc. O Fundo ACATE/BADESC garante 80% das operações, e 20% serão realizados pelo (FAE) Fundo de Aval Estadual.
No documento apresentado agora, as entidades pedem que este sistema de fomento continue sendo fortalecido, incluindo as operações com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
“A concessão de recursos de fomento são um retorno claro e necessário dos impostos pagos pelos cidadãos e empresas, de modo a retornar o recurso em forma de apoio à atividade econômica, que por sua vez, gera mais empregos e arrecadação de tributos. Por esse motivo, o aumento da tributação nunca é a melhor solução. Fortalecer estes bancos de fomento e dotá-los de estrutura, fundos garantidores e recursos para oferecer linhas de financiamento focadas nas empresas de tecnologia, que diretamente reverterão esses recursos em geração de empregos, fortalecerá a economia catarinense, com geração de empregos na fronteira tecnológica”, aponta o setor.
FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS É GARGALO PARA EXPANSÃO DO MERCADO EM SC
No caso da formação de recursos humanos qualificados, o novo documento insiste no tema, pois este ainda é um dos principais gargalos para o desenvolvimento do setor. De acordo com a pesquisa de mapeamento de vagas realizada pela ACATE, no ano de 2021 as empresas de tecnologia de Santa Catarina tinham 4.561 vagas abertas no setor, sendo 2.554 para desenvolvedores de software. O número de vagas no setor deve aumentar nos próximos dois anos, em uma média de 5,5 mil novas vagas de trabalho no setor ao ano.
“Como as profissões tecnológicas demandam conhecimento de matemática e raciocínio lógico, é fundamental um estímulo aos poderes públicos municipais para que realizem o esforço em torno dessas matérias desde as primeiras idades. Somada a isso, a formação do ensino médio e no ensino técnico-profissionalizante com foco nas áreas de conhecimento que a tecnologia utiliza são fundamentais para garantir a empregabilidade futura destes estudantes”, pedem as entidades.
Nas compras públicas, o documento pede que o novo governo estadual comece a usar os mecanismos inseridos pelo Marco legal das Startups (Lei Complementar 182, de 1º de Junho de 2021), modelo que prioriza a compra de produtos e serviços oferecidos por empresas catarinenses e que teria sido implementado em outros estados. Por meio do Contrato Público para Solução Inovadora (CPSI), segundo o documento, o governo estadual pode direcionar do poder de compra do Estado para promover a inovação no setor produtivo, além do desenvolvimento e teste de soluções inovadoras para demandas práticas da administração pública com a possibilidade de contratação para fornecimento, caso seja verificado êxito nas soluções apresentadas pelas empresas.
Em outra frente, a ADVB/SC – entidade que atua no desenvolvimento da área de marketing e vendas – também coloca a área de tecnologia entre as pautas que estão sendo apresentadas aos candidatos ao governo do estado: “o fortalecimento do setor de tecnologia, a promoção do desenvolvimento de todas as regiões, os cuidados para evitar a desindustrialização e foco na reformulação da educação dando foco em matemática, lógica e matérias afins para preparar nossos jovens para a aprendizagem de tecnologia”, lista a entidade, que está recebendo pessoalmente os candidatos.
Neste link é possível ler a íntegra do documento.
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