A nova realidade lança desafios como grandes oportunidades, fazendo com que a raça humana dê provavelmente o maior salto de tecnologia dos últimos anos em poucos meses. Na imagem: uma transmissão de cirurgia via realidade virtual em hospital de Tóquio..
05.06.2020
Por Alexandre Adoglio*
“Zoom é péssimo. Em vez de usar ele, nós começamos a fazer nossas reuniões no game Red Dead Redemption. É muito bom sentar em uma fogueira e discutir projetos, com os lobos uivando à noite.” Tuitou @vivschwarz em meados de maio, em um desabafo mais que necessário. Mas a renomada artista de livros e seu time editorial que frequentam as reuniões no videogame não estão sozinhos nessa.
Praticamente todos os envolvidos em alguma atividade profissional que necessite interação com outras pessoas tiveram que se adaptar de forma brusca às ferramentas de conferência online. Seja via aplicativo de celular e desktop aos navegadores web, passando pelos infindáveis processos de autorização de áudio, vídeo e toda uma parafernália, que transformaram nosso home office em pequenos casulos de compartilhamento da rotina de trabalho e, por poucas vezes, pessoal.
Estar/ficar em casa o dia inteiro, virando a chave mental pessoal/profissional a cada nova reunião virtual está se provando um dos maiores desafios na quarentena imposta. Uma série de artigos por aí abordam o tema do home-office, mas pouco se fala sobre como nosso comportamento está sendo moldado por esta nova realidade.
Tanto que um professor de São Paulo criou um artefato para auxiliar nas aulas e manter a atenção dos alunos durante as horas mais enfadonhas que a metodologia remota exige. Alberto Rodrigues dos Santos concebeu em sua casa em Pirajú, interior de São Paulo, um sistema de holograma que pode ser utilizado em qualquer tipo de smartphone. A técnica que ele utilizou veio da ideia dos próprios alunos durante um trabalho escolar, que o docente resolveu produzir em quantidade e enviar para casa de seus pupilos. Agora, além da interação ao vivo, os alunos observam seu professor em miniatura, como uma princesa Leia projetada pelo R2D2.
E esta nova realidade da educação à distância lança tanto novos desafios como grandes oportunidades, fazendo com que a raça humana dê provavelmente o maior salto de tecnologia dos últimos anos em poucos meses. Na Universidade de Tóquio professores estão utilizando transmissão ao vivo com RV (Realidade Virtual) para suas sessões de aulas para os alunos.
Acontece na Tokyo Women’s Medical University, instituição já renomada por aplicar inovação em suas aulas, com experimentos em inteligência artificial e robôs médicos. As cirurgias são captadas por uma potente câmera de 8K na sala de cirurgia, e transmitida aos mais de 300 alunos em tempo real, bastando que estes possuam um capacete de RV em sua casa para acompanhar as aulas, conferindo as técnicas empregadas pelos professores.
Ficar em casa o dia inteiro, virando a chave mental pessoal/profissional a cada nova reunião virtual está se provando um dos maiores desafios na quarentena imposta.
Do escritório que transformou-se virtualmente a educação a distância cada vez mais interativa, passamos também a encarar o lazer online. Além das inúmeras ofertas disponíveis de aulas vídeo remotas, yoga, personal trainer e demais atividades de treinamento, surge a estratégia da Peloton, startup de plataforma interativa que promove sua bike fixa para treinos com aulas ao vivo de vídeo.
Em uma ação em parceria com a rede ESPM, a empresa oferecerá aos seus clientes aulas online em sessões com grandes personalidades do esporte norte-americano. Participarão das corridas de bike atletas como os golfistas Rory McIlroy e Bubba Watson, Gordon Hayward do Boston Celtics, a estrela do tênis Monica Puig e a treinadora de basquete feminina da USC Dawn Staley, tendo como objetivo coletar doações para o Food Bank of New York City. A ação combina novas atitudes em relação às marcas, em uma sacada única de branded content, possibilitada pela mudança de comportamento das pessoas durante o distanciamento social, que não possibilita a prática de esportes coletivo.
Em tempos de distanciamento social não nos faltam opções para interação online, o grande desafio é conseguir nos desconectar das telas quando necessário.
* ALEXANDRE ADOGLIO é CMO na Sonica e empreendedor digital. Escreve semanalmente sobre Cultura Digital para o SC Inova.
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