Na abertura do evento da Resultados Digitais em Florianópolis, o CEO Eric Santos ponderou sobre os riscos do mercado não evoluir na forma de vender online. Fotos: Guilherme Leporace/RD Summit
Texto: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br
Há seis anos, quando a RD reuniu pouco mais de 300 pessoas em Florianópolis para seu primeiro evento sobre marketing digital, o CEO Eric Santos apresentava ao mercado local um conceito no qual ficou um ano aprendendo: um “funil de vendas” para ajudar empresas a vender a partir de uma série de processos digitais. A “evangelização” deu resultado ao longo da década: em 2019, a Resultados Digitais se tornou uma empresa com 15 mil clientes (mil deles fora do país), já captou um total de US$ 91 milhões junto a fundos de venture capital e espera investir, no ano que vem, até R$ 50 milhões apenas em desenvolvimento de produto. Neste ano, nos cálculos do CEO, o faturamento (não divulgado), deve crescer em torno de 60%.
Porém, há uma sombra de incerteza sobre a forma de se fazer marketing digital no país de agora em diante – e o próprio desenvolvimento do mercado em que a RD atua. “Se todos nós aqui continuarmos fazendo a mesma coisa que fizemos até agora, em quatro anos estaremos mortos”, alertou Eric, a um público estimado em 12 mil pessoas na abertura do RD Summit, nesta quarta-feira (06.11), em Florianópolis.
A evolução do ecossistema do marketing e vendas colocou o mercado – ou seja, a forma das empresas criarem suas estratégias – em uma encruzilhada. “Há alguns anos, havia escassez de conteúdo; canais com pouca competição, geração simples de leads. Hoje mudou tudo, enquanto há muito mais sofisticação de ferramentas, também há saturação de conteúdos, os canais estão cada vez mais caros para gerar aquisição de clientes e ninguém mais quer preencher formulário”, compara.
E deixou algumas provocações a marqueteiros, empreendedores e executivos que buscam o ambiente digital para gerar negócios: “para valorizar seu conteúdo, pense como publisher, construa ou faça parcerias com empresas de mídia de seu segmento; redefina seu alinhamento entre marketing e vendas; invista em processos e crie uma máquina de talentos”, foram algumas das recomendações.
O FUTURO DO INBOUND MARKETING E A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
Uma parte significativa desse ambiente de mudanças necessárias no mercado tem a ver com a adequação das empresas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece regras a respeito da coleta e armazenamento de dados pessoais e seu compartilhamento e entra em vigor em agosto de 2020.
“De fato havia muita gente usando dados de forma indevida. A gente conta com a confiança geral das pessoas em compartilhar dados – se do dia pra noite pararem de compartilhar dados, nosso mercado acaba”, pondera o fundador da Resultados Digitais. “Contratamos recentemente um profissional para cuidar especificamente de data protection, mas é um processo no qual viemos evoluindo, desde antes da última captação. Tem uma série de questões técnicas nas quais estamos trabalhando e a internacionalização acelera este movimento, pois em Portugal e Espanha a cobrança em cima disso é grande. No ano que vem, queremos atuar em todos os mercados de uma maneira educativa”.
EXPANSÃO INTERNACIONAL E DO SUMMIT
Em entrevista ao SC Inova em 2018, Eric afirmava esperar crescer de maneira mais acelerada em mercados como Colômbia e México nos próximos anos, em comparação com os primeiros anos da empresa no Brasil. Na época, a RD contava com cerca de 400 clientes nestes dois países (onde hoje tem unidades de operação) e hoje isso representa em torno de 700 empresas. Para 2020, quando um dos focos do desenvolvimento é justamente o mercado externo, ele acredita que é possível dobrar o volume de clientes internacionais, chegando a um patamar equivalente ao a empresa era em 2015, quando vivia um ciclo ainda maior de expansão e já contava com mais de 200 funcionários.
E pela primeira vez ele abordou a possibilidade de fazer o RD Summit fora de Florianópolis. “Se há alguns anos me perguntassem se iríamos fazer em outra cidade, diria que não. Hoje, a probabilidade é outra, porque percebo que o evento poderia ter um público duas ou três vezes maior. Mas buscamos outras formas de qualificar o evento, ampliar a transmissão online para quem não pode estar presente”, ressalta.
Em 2018, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Santa Catarina, a rede hoteleira superou os 100% de ocupação durante o evento. E como publicamos em um comparativo na edição passada, as diárias no AirBnb para os dias do evento em 2018 eram significativamente mais caras do que as praticadas para o feriado prolongado de Finados e o final de semana que antecederam o Summit.
Eric diz que a empresa chegou a fazer um processo menos acelerado de venda de ingressos, já que o evento na capital catarinense chegou ao limite da infraestrutura para conseguir receber 12 mil pessoas – um crescimento de público de 50 vezes desde que Eric apresentou o funil de vendas pela primeira vez ao mercado local.
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