“A melhor hora não existe, mas é preciso saber onde você quer estar daqui a 10 anos. Ou melhor, onde você não quer estar”.
Por Rodrigo Kratzer*
A resposta curta: a melhor hora não existe. Sempre haverá algum desafio, um frio na barriga, e uma insegurança sobre a decisão que será tomada. Mas posso te ajudar a identificar as melhores oportunidades para dar esse passo rumo ao desconhecido.
Minha carreira começou em uma empresa de auditoria no interior de Santa Catarina. Sou formado em contabilidade, e tenho especialização em Gestão Empresarial. Ao longo dos anos a vida acabou me levando a trabalhar em instituições tradicionais e consegui construir uma carreira sólida nos maiores bancos do Brasil. Trabalhei no Bradesco, Sicredi e Santander, em plataformas comerciais que atendiam empresas com faturamento de R$ 15 milhões a R$ 150 milhões.
Nos bancos atuava com análise da saúde financeira dos clientes interessados em empréstimos e operações estruturadas. No ano passado surgiu a oportunidade de largar tudo e liderar a área financeira e de riscos de uma startup que estava nos primeiros anos de atuação e começando a ganhar escalabilidade, a Transfeera, lugar onde trabalho até hoje e que espero não sair tão cedo.
Esse passo não foi fácil. Meu contexto na época era muito confortável, financeiramente estável, com uma carreira consolidada antes dos 30 anos, com possibilidade de continuar crescendo dentro da instituição que eu trabalhava. Sair desse lugar para embarcar em uma startup que ainda não gerava lucro parecia uma loucura.
Mas minha intuição me guiou. Eu sabia que queria um propósito maior para minha carreira e fui movido pela busca desse objetivo. Conheci a empresa e os líderes da empresa e me chamaram bastante atenção. Eu queria um novo desafio e resolvi aceitar a proposta. Acredito que essa é a melhor dica que posso te dar nesse momento, sinta e veja se faz sentido para o que você acredita, para o que busca. Onde você quer estar daqui a 10 anos? Talvez não esteja claro o que você quer, mas observe o que não quer.
Quero deixar claro que essa decisão não foi uma escolha que tomei sozinho. Mudar todo meu trabalho, e salário iria impactar no orçamento da minha família, então, precisamos sentar e discutir como seria. Minha esposa, que é empreendedora e sabe todos as dores e prazeres de fazer parte de uma empresa que está começando, me apoiou imensamente para essa transição.
Na visão dos bancos, a empresa é medida pelo lucro que pode gerar, não pela velocidade que pode crescer. Ajudar uma startup a crescer era um processo muito diferente de “apenas vender mais”.
Escolha feita, novas questões entram em cena. Gosto de citar dois grandes desafios que tive nessa transição de empresa tradicional para startup. O primeiro foi entender o modelo de uma startup, que nos primeiros anos não visa a alcançar lucros, mas sim crescer com os recursos captados dos investidores. Na visão dos bancos, a empresa é medida pelo lucro que pode gerar, não pela velocidade que pode crescer. Ajudar a empresa a crescer era um processo muito diferente de “apenas vender mais”.
O segundo desafio foi mudar meu mindset: o ambiente de uma startup é dinâmico, as decisões são rápidas e precisamos ser flexíveis, adaptando-nos às mudanças na mesma velocidade que elas ocorrem. Mudar fez e faz parte da minha jornada. Por isso, digo que é importante entender o que sair do trabalho pode te proporcionar, avaliar isso irá te ajudar a descobrir se você está disposto a passar pelos desafios que ele irá enfrentar.
Eu queria algo novo, queria estar mais conectado com um propósito de vida, e não sabia exatamente como seria. Teve medo, insegurança e desafios, mas olhando para trás, valeu a pena. Onde você quer estar daqui a 10 anos? Ou melhor, onde você não quer estar?
* Rodrigo Kratzer é diretor financeiro (CFO) da Transfeera, startup especializada em automação de pagamento e validação bancária.
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