Plataforma desenvolvida pela criciumense Betha prevê evasão e reprovação escolar e disputa, em março, a premiação King Hamad Bin Isa Al-Khalifa, em Paris.
[CRICIÚMA, 09.01.2020]
Uma solução desenvolvida em Santa Catarina é uma das duas representantes brasileiras em um prêmio internacional da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) que reconhece iniciativas inovadoras de desenvolvimento do ensino e aprendizado na era digital. A plataforma criada pela Betha Sistemas, de Criciúma, chamou a atenção da comissão avaliadora dos projetos brasileiros por utilizar a inteligência artificial para prever evasão e reprovação escolar.
O Prêmio UNESCO King Hamad Bin Isa Al-Khalifa desde 2006 reconhece dois projetos de diferentes partes do mundo por ano com US$ 25 mil, em uma cerimônia em Paris, na França. A próxima ocorre em março de 2020 e tem como tema “o uso da inteligência artificial para inovar a educação, o ensino e o aprendizado”.
O projeto da Betha foi selecionada pela divisão das Nações Unidas do Ministério das Relações Exteriores, que montou uma comissão com representantes das pastas da Educação e Ciência e Tecnologia. “Esta proposta chamou a atenção porque envolve questões delicadas dentro da educação brasileira e por isso se faz muito necessário”, explica a assistente do secretário geral da Comissão Nacional para a UNESCO no Brasil, Ana Luiza Melo Botelho.
Com três décadas de mercado no desenvolvimento de softwares para a gestão pública, a Betha identificou entre as principais dores da área da educação nos municípios brasileiros a evasão escolar e as reprovações, um problema que custou R$ 16 bilhões somente em 2016 aos cofres públicos do Brasil, conforme o Censo Escolar.
Como referência, a empresa colheu dados de um município de médio porte no interior de Alagoas, onde 1,1 mil deixaram de estudar e 2,2 mil não conseguiram a aprovação, o que resultou na perda de mais de R$ 3,8 milhões em recursos federais do Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Fundeb.
PROJETO PILOTO EM BOMBINHAS
A equipe de desenvolvedores elaborou uma plataforma que, com uso de machine learning consegue prever os alunos com maior risco de abandonar os estudos ou reprovar. O primeiro piloto está rodando desde abril em Bombinhas, no litoral catarinense. Para aprender o perfil dos alunos, o algoritmo foi alimentado com dados de mais de 19 mil matrículas dos anos anteriores, sendo que, destas, 1,5 mil estudantes haviam sido reprovados e quase 700 evadiram.
“O sistema aprende o que é uma evasão ou reprovação alertando os professores e gestores sobre tais riscos em vários momentos, como na funcionalidade de chamada da turma. Nesse momento temos mais de 20 municípios utilizando a ferramenta já com o recurso habilitado e o resultado de assertividade média tem demonstrado índices superiores a 95%”, detalha o coordenador da vertical Educação da Betha Sistemas, Daniel Camilo.
Depois de um período de adaptação nos primeiros meses de uso, a ferramenta trouxe informações importantes para o trabalho de gestores e professores, frisa o diretor de Projetos e Tecnologia da Secretaria Municipal de Educação de Bombinhas, Ricardo Osvaldo da Silva. “Ao olhar percebemos com mais clareza a realidade do aluno que tende à reprovação, que é o nosso maior foco neste projeto. Com relatórios fornecidos pelos sistema, apresentamos aos coordenadores de escola os dados para que eles pudessem agir na ponta, junto aos professores”, comenta.
Com informações da assessoria de imprensa
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