“Para inovar e crescer exponencialmente, é preciso acima de tudo entender a cultura atual”

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“Para inovar e crescer exponencialmente, é preciso acima de tudo entender a cultura atual”

Fabiano Nagamatsu já mentorou mais de 1.500 startups e atualiza, em exclusiva ao SC Inova, as características das organizações exponenciais.

Em entrevista para o SC Inova, Fabiano Nagamatsu (foto) – que já mentorou mais de 1.500 startups no país – atualiza algumas das características das organizações exponenciais em tempos de mudanças cada vez mais aceleradas.


[FLORIANÓPOLIS, 03.03.2021] 
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br 

Desenvolver um negócio com capacidade de expansão exponencial é o sonho de consumo de empreendedores no setor de tecnologia. A expressão “organizações exponenciais”, cunhada em 2014 por Salim Ismail define empresas que conseguem crescer muito mais rápido, com menos custos e com capacidade de se reinventar de maneira extremamente ágil. Mas qual é o segredo?

“Não adianta ter fãs apaixonados, comunidades ou mesmo trabalhar a questão de experimentação, dashboards e interfaces sem, sobretudo, entender a cultura atual”, comenta Fabiano Nagamatsu, Community Leader do programa Inovativa Brasil, avaliador do programa Shark Tank Brasil e mentor de mais de 1,5 mil startups.

Considerado um dos  maiores especialistas no país sobre o desenvolvimento de organizações exponenciais, Nagamatsu lembra que muita coisa mudou desde que a expressão surgiu e comenta, nesta entrevista para o SC Inova, o que as startups devem considerar – dado o contexto atual de “mudanças exponenciais” – ao desenvolver uma cultura de altíssimo crescimento. 

“O que mais motiva, dentro das organizações, é a competitividade. Mas o empreendedor deve ser competitivo no bom sentido: eu não consigo ganhar sozinho, eu preciso que outras pessoas caminhem comigo”, comenta. 

Nagamatsu estará no B2B Growth, evento online organizado pela Intexfy, startup com sede em Florianópolis focada no crescimento e inovação de operações B2B no Brasil. O encontro acontece nesta quinta (04.03), a partir das 17h30 e as inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo link  https://bit.ly/3pHj468

Confira a entrevista: 

SC INOVA – O mundo dos negócios está cheio de buzzwords, definições que acabam virando moda. O próprio termo Organizações Exponenciais (ExO) não é de hoje, foi cunhado em 2014. Qual o conceito por trás dele e qual é o grande diferencial?

FABIANO NAGAMATSU – O livro não traz metodologias ou técnicas. Ele traz atributos, características que são padrão em organizações exponenciais. Não são regras e você adota essas características na medida em que faz sentido para sua organização.

Costumamos ilustrar o conceito do livro com a imagem de um cérebro dividido entre sua parte emocional (influenciada por fatores externos) e sua parte racional (influenciada por fatores internos).

Atributos externos – SCALE, que de forma bem resumida, passam por:

  • Atendimento sob demanda ou staff on demand – que é basicamente ir trabalhando de acordo com a demanda;
  • Comunidade e multidão – que são fãs apaixonados e engajados com o seu propósito;
  • Algoritmos inteligentes – que trarão eficiência na relação com a comunidade e à máquina de crescimento;
  • Ativos alavancados ou leveraged assets – mais informação qualificada e tratamento dela, menos bens, menos patrimônio físico, menos engessamento;
  • Engajamento dos usuários – o que faz o consumidor permanentemente alinhado com o seu produto ou serviço e advogando pela sua marca. 

Atributos internos – IDEAS que, resumindo, passam por:

  • Interface – que liga os atributos externos aos internos, com plataformas e tratamento de dados;
  • Dashboard – que são análises visuais do compra; experimentação – com os beta testers para validar o que o consumidor realmente quer;
  • Autonomia – para que as pessoas trabalhem de uma forma mais criativa e inovadora;
  • Tecnologias sociais – que refere-se a fazer com que as pessoas não precisem estar em um mesmo lugar físico para trabalhar no ambiente organizacional.

SC INOVA – Quando Salim Ismail escreveu o livro que decifra o segredo das organizações que são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que as tradicionais, ele considerou uma realidade muito diferente da que estamos hoje. O próprio autor comenta que vivemos dias de “mudanças exponenciais”. Você acha que todos os atributos de uma organização exponencial permanecem os mesmos ou você se atreveria a atualizar a obra?

NAGAMATSU  – Quem sou eu pra atualizar uma obra do mestre Salim Ismail, mas eu me atreveria a complementar com uma questão atual: a cultura. É preciso entender que não adianta ter fãs apaixonados, comunidades ou mesmo trabalhar a questão de experimentação, dashboards e interfaces sem, sobretudo, entender a cultura atual.

O que eu quero deixar é o seguinte: quem dita a regra não é você, empreendedor ou gestor. A regra não é mais topdown. Quem dita agora é o mercado. Entenda melhor o que é aquela comunidade e o que aquele cliente quer. Um exemplo bem claro é o da diversidade de gêneros, etnias, idades e, ainda, de comportamentos e de classes sociais.

De forma geral, acho que o assunto “Cultura” se enquadraria muito bem no livro – com todo respeito à obra, claro. Analise muito bem a cultura, pois quando eu analiso muito bem, eu sei onde eu estou pisando.

SC INOVA – Você já mentorou mais de 1500 startups no Brasil, isso fez de você um dos mais influentes do país. Na sua trajetória, que características no gestor/empreendedor você considera mais importantes para criar uma Organização Exponencial?

NAGAMATSU – Eu vou colocar três características aqui: a primeira é de conhecimento geral, a segunda é apresentada no livro por Salim Ismail e a última que citarei é que eu vou citar é um ponto meu, bem particular. 

A primeira característica importante para o empreendedor é ser responsivo, se adaptar a qualquer mudança. Noções tecnológicas, por exemplo. Mas ter conhecimentos mínimos trarão escalabilidade. É isso que faz com que as organizações sejam exponenciais. 

Segundo ponto, como o próprio Salim diz: “tenha um PTM”. Qual é o propósito do empreendedor? É ser transformador. E tem que ser para que a sua organização também seja massiva.

E o último ponto é um ponto particular meu. Eu vejo que o que mais motiva, dentro das organizações, é a competitividade. Então, eu acredito que o empreendedor tem que ser competitivo no bom sentido. Tem que engajar-se e fazer o que é preciso. Eu não consigo ganhar sozinho, eu preciso que outras pessoas caminhem comigo. Então, eu vou, de certa forma, engajar mais pessoas e me envolver. Vou montar o meu time ideal. 

Ser competitivo sem querer ser melhor do que ninguém e dando o melhor de si mesmo, evidentemente, é o que vai movimentar. E vai fazer com que ele seja um empreendedor de uma organização exponencial.

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