Os 40 anos de uma inovação manezinha: a “chamada a cobrar”

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Os 40 anos de uma inovação manezinha: a “chamada a cobrar”

Em 1980, o florianopolitano Adenor Martins de Araújo facilitou a comunicação telefônica dos brasileiros após uma emergência com a filha. Sistema foi testado e validado em Santa Catarina antes de chegar a todo o país.

Em 1980, o florianopolitano Adenor Martins de Araújo facilitou a comunicação telefônica dos brasileiros após uma emergência com a filha. Sistema foi testado e validado em Santa Catarina antes de chegar a todo o país. / Foto: Arquivo Estadão


[28.11.2020]

Reportagem originalmente publicada no portal Floripa Centro
Texto: Billy Culleton – portalfloripacentro@gmail.com 


Quem nasceu neste século nem sabe o que é isso! Mas as demais gerações guardam um afeto especial pela chamada a cobrar, apesar de o ato envolver uma pequena dose de constrangimento.

A frase ‘após o sinal diga seu nome e a cidade de onde está falando’ marcou todos os brasileiros a partir de 1980, quando o florianopolitano Adenor Martins de Araújo facilitou a comunicação telefônica.

Funcionário da antiga Telesc, que tinha a sede no Centro da Capital, ele se empenhou na invenção após a filha de 11 anos ficar sem dinheiro para voltar para casa e não conseguir ligar para os pais.

“Toda invenção nasce de uma necessidade. Após o episódio com minha filha, comecei a buscar uma solução em casa. Mas o único lugar em que eu podia testar meu invento era na Telesc. Então, escrevi uma carta para provar o modelo em campo. Eles acabaram aceitando e, em 1980, o sistema foi implantado em Santa Catarina e depois em todo o país”, explicou Adenor, à reportagem do G1, em 2013, lembrando que a primeira cidade a usar o sistema foi Blumenau.

Adenor obteve a patente da invenção em 1984, porém, no ano seguinte a Telebrás conseguiu anular o registro. Em 1988, ele recorreu à Justiça para reaver a patente. Em primeira instância, um laudo verificou o caráter de novidade do sistema Discagem Direta a Cobrar. Após décadas de idas e vindas judiciais, em 2013 o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu o florianopolitano como o criador da chamada a cobrar. 

Com a decisão judicial favorável, Adenor começou a contagem regressiva para receber os royalties pela utilização do sistema pelas companhias telefônicas. Mas até agora, nenhum valor foi definido.

Em 1980, Adenor é homenageado pelo governador Jorge Bornhausen (à esquerda); o ministro das Comunicações, Haroldo Corrêa de Mattos; o presidente da Telebrás, José de Alencastro e Silva, e o presidente da Telesc, Douglas de Mesquita (Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)

ANTES, TUDO PASSAVA PELA TELEFONISTA – MAS O SISTEMA AINDA EXISTE

Até 1980, a ligação a cobrar existia, mas era preciso a intermediação de uma telefonista. “A pessoa ligava para o serviço 107 e a telefonista perguntava o serviço e o destino, depois tentava o contato com o destinatário. Quando conseguia, passava todos os dados e valores e o destino precisava aceitar pagar por aquela ligação. Só então os colocava em contato”, afirmou Adenor Júnior, ao G1.

Embora poucos usem, a Discagem Direta a Cobrar ainda pode ser utilizada, tanto nos últimos orelhões que resistem nas ruas da cidade, quanto nos celulares.

É só colocar 9090 antes do número do destino, ouvir a famosa musiquinha (‘tarã, tararã, tararã’!) e aguardar que o abastado do outro lado da linha aceite o pedido do necessitado.

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