Em inovação, o sucesso não vem da tecnologia disponível mas sim da compreensão das atuais necessidades e desejos humanos, que são mutáveis conforme os fatores ambientais, políticos, sociais e tantos outros.
[06.11.2020]
Por Alexandre Adoglio*
Observamos uma movimentação frenética na gestão das empresas, desejosas a entrar nesta onda acelerada com uma percepção de quem não quer ficar de fora e ver a oportunidade passar.
Eventos de hacking, growth e hackathons, com “startups” pululando por todas as áreas de negócios, um novo glossário surgindo no dia a dia das reuniões de negócio, conteúdo e mais conteúdo sobre o assunto sendo compartilhados sem discriminação.
Startup deixando de ser um conceito de empreendedorismo para se tornar um mercado…
Certo ou errado, é o que temos pra hoje. E fica ainda mais elaborado quanto as grandes companhias, há muito estabelecidas e já fixadas em seu modo operante são desafiadas pelos anões de iniciativas individuais, em que o “eupreendedor” elabora sua abordagem ao mercado dentro do próprio quarto, pulverizando ainda mais os mercados antes considerados maduros.
Com este movimento intenso, acelerado pela euforia da prosperidade, fica uma provocação: onde o componente humano vive no meio de tanta inovação? Observamos uma profusão de iniciativas, integrando os mais diversos níveis da sociedade, entidades, empresas e universidades, numa busca um tanto insana pelo trem que já passou.
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Então, percebemos toda esta atividade com foco somente em tecnologia. A abordagem se dá erroneamente pela ferramenta, e naquilo que esta produz e amplia de benefícios e resultados. O foco é sempre no software, no hardware, no aplicativo, no gadget e no investimento necessário para colocá-lo em pé.
O SUCESSO ESTÁ NA COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES
Percebemos no entanto que as iniciativas de maior sucesso são aquelas baseadas e integradas às pessoas, tanto na geração e implantação como no atendimento das demandas. Desde um suporte gratuito baseado em programação para as necessidades do trabalho (Mautic) até a conexão entre pessoas para prover locomoção a baixo custo (Uber).
O sucesso em inovação não vem da tecnologia disponível, mas sim da compreensão das atuais necessidades e desejos humanos, que são mutáveis conforme os fatores ambientais, políticos, sociais e tantos outros.
É inegável que a tecnologia sempre afetou estes desejos, porém focar excessivamente nas funcionalidades do tacape poderia ter feito nossos ancestrais Neandertais esquecerem de inventar a pedra lascada.
Abordagem pela tecnologia é sempre míope, pois desconsidera o elemento humano, tanto no impacto quanto na transação. Lampeja uma solução baseada sempre em “o que” e nunca em “como”. Nas andanças pessoais e profissionais que vivencio na inovação percebo uma crescente vontade de realizar pelo viés do software ao invés do comportamento das pessoas.
Somos desafiados a delimitar a real importância do tech e focando no real objetivo das iniciativas de inovação: qual o benefício para as pessoas envolvidas? E este foco está se provando como a melhor solução. Quando reiteramos a essência do empreendedorismo, que está em suprir as necessidades das pessoas, colocamos a tecnologia em seu devido lugar: o de uma simples ferramenta.
* ALEXANDRE ADOGLIO é CMO na Sonica e empreendedor digital.
Escreve semanalmente sobre Cultura Digital para o SC Inova.
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