O que faz municípios catarinenses serem líderes nacionais na proporção de startups por habitante

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O que faz municípios catarinenses serem líderes nacionais na proporção de startups por habitante

Conheça o exemplo da pequena Luzerna (foto acima), cidade de menos de 6 mil habitantes que criou um ecossistema próprio e supera até a então campeã nacional Florianópolis. Este será um dos destaques do Seminário de Inovação do Congresso de Prefeitos, na quinta-feira (26.09).

Conheça o exemplo da pequena Luzerna (foto acima), cidade de menos de 6 mil habitantes que criou um ecossistema próprio e supera até a então campeã nacional Florianópolis. Este será um dos destaques do Seminário de Inovação do Congresso de Prefeitos, na quinta-feira (26.09).


[24.09.2019]

por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br 

Um estudo produzido pela Associação Brasileira de Startups com dados da consultoria Accenture e do IBGE mostrou que Santa Catarina domina a lista de cidades com a maior proporção de startups por habitante no país: nada menos do que seis municípios ocupavam os oito primeiros lugares no levantamento que o colunista do blog Link/O Estado de S. Paulo, Felipe Matos, publicou em outubro de 2017

O Top 5 daquela lista era formado por: Florianópolis, seguido por Chapecó, Joinville, Uberlândia (MG) e Tubarão. Entre as catarinenses, seguiam depois Blumenau (6o. lugar), Balneário Camboriú (8o. lugar) e Criciúma (11a. posição). Se este ranking, porém, incluísse um pequeno município do Meio-Oeste catarinense, a ordem seria outra. Na primeira posição, desbancando a reconhecida “Ilha do Silício”, estaria Luzerna, cidade de menos de 6 mil habitantes que conta com 30 startups criadas a partir de sua incubadora pública e que já estão no mercado, gerando empregos e receita a partir de inovação e tecnologia. (ver lista ao lado)

O prefeito de Luzerna, Moisés Diersmann: “nós conectamos parceiros que desenvolvem processos de inovação e educação empreendedora – e ninguém duplica esforços”. / Foto: Divulgação FECAM

“Nós tivemos um salto gigante em termos de novos negócios e de surgimento de empreendedores nos últimos anos”, ressalta o prefeito Moisés Diersmann, que destacou também o expressivo resultado do município em iniciativas de fomento a startups em Santa Catarina nos últimos anos. No programa Sinapse da Inovação, promovido pela Fapesc e executado pela Fundação Certi, 3 dos 100 projetos selecionados vieram de Luzerna e 8% dos projetos ganhadores do Sinapse estão atualmente incubados na cidade. E o mesmo destaque aconteceu na primeira edição do programa Centelha, da Finep, que apoia projetos iniciais em todo o país: as nove ideias inscritas por empreendedores da cidade superaram, proporcionalmente, os outros 109 municípios de SC que participaram desta primeira etapa do programa. 

“Nós conectamos parceiros que desenvolvem processos de inovação e educação empreendedora a nosso parque tecnológico – da FIESC e o Sistema S ao governo do estado, o Instituto Federal e universidades locais como a Unoesc. Ninguém duplica esforços, o que faz com que a tríplice hélice – mercado, governo e academia – funcione como um sistema produtivo e traga resultados”, comenta Moisés. Ele vai apresentar, na próxima quinta-feira (26.09) o case local de inovação e tecnologia durante o Seminário de Inovação e Tecnologia que é parte da programação do Congresso de Prefeitos 2019 – o evento organizado pela Federação Catarinense de Municípios começa nesta terça (24.09) e espera reunir 2,5 mil pessoas na Arena Petry, em São José.

TUBARÃO: DIRECIONANDO A VOCAÇÃO ECONÔMICA PARA O SETOR DE SAÚDE 

O Seminário abre com a apresentação do projeto que Tubarão está desenvolvendo há pouco mais de dois anos e que pretende destacar a cidade como um hub de inovação no Sul de Santa Catarina, qualificando a oferta de empregos, a renda média per capita e gerando novas empresas a partir da conexão entre academia, setor público e privado. 

Tubarão, quinta colocada no ranking nacional de densidade de startups, começou a desenvolver um hub de inovação com foco na área de Saúde. / Foto: Divulgação PMT

“Começamos a pensar qual era a vocação econômica do município e em quais áreas tinham o maior potencial para elevar a renda da cidade. Estrategicamente, o setor de saúde se destacou pelo potencial instalado, já que o setor de serviços representa 30% da nossa arrecadação, e é também pelo potencial de desenvolvimento futuro, tamanho de mercado e inovação que pode ser agregada”, diz Giovani Bernardo, secretário de Desenvolvimento Econômico de Tubarão. 

A partir deste entendimento, o Comitê de Inovação do município, formado por representantes da tríplice hélice, começou a desenvolver as primeiras ações, que envolvem: um projeto de dados compartilhados para gerar uma rede com informações abertas sobre a área de saúde; missão para conhecer e buscar conexões com o ecossistema de tecnologia de Israel; e o lançamento de um edital (no valor total de R$ 250 mil) para projetos na área de saúde com recursos do Fundo Municipal de Inovação. “Fizemos isso ao longo de um ano – e tem reverberado em outros segmentos econômicos que querem desenvolver estratégias semelhantes de inovação”, comenta o secretário. Outra parte da estratégia é a promoção de eventos com viés de tecnologia e empreendedorismo, como o Innovation Summit, que chega à segunda edição em outubro e deve reunir cerca de 500 pessoas por dia. 

FLORIANÓPOLIS E JOINVILLE: O EXEMPLO DAS MAIORES CIDADES

Por muitos anos, o ecossistema empreendedor na Capital catarinense andou sem muito envolvimento ativo do governo municipal. Em 2012, quando a cidade já tinha uma economia de tecnologia com faturamento na casa de R$ 1 bilhão/ano, foi aprovada a Lei Municipal de Inovação, pioneira no estado, mas que seria efetivamente sancionada apenas cinco anos depois. A partir disso, foi criado um Fundo Municipal para apoiar projetos de inovação e tecnologia para aplicação no dia a dia da cidade e dos moradores, como a pré-incubadora Living Lab, que desenvolveu startups com soluções para cidades inteligentes. 

Em agosto passado, as sete empresas que tiveram seus produtos validados pelo programa foram apresentadas ao público do Startup Summit e lançadas ao mercado. A segunda edição do Living Lab, em 2020, está entre os projetos previstos no edital do Fundo Municipal de Inovação, que terá recursos na ordem de R$ 1,2 milhão. “Este projeto abriu a cidade e permitiu às pessoas verem desafios urbanos como oportunidades de negócio. Os projetos tinham que resolver problemas urbanos, mas também consideramos o potencial de viabilidade econômica, que é um critério fundamental para as startups. Além disso, proporcionou a inovação dentro do governo, que se colocou aberto para testes e dar retorno sobre os resultados às empresas”, comenta Thaís Nahas, diretora de Negócios Inovadores da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Inovação da prefeitura de Florianópolis. 

A pré-incubadora Living Lab, projeto da Rede de Inovação de Florianópolis, apresentou as soluções para smart cities selecionadas e aceleradas no primeiro semestre. / Foto: Fabrício Rodrigues (SC Inova).

A maior cidade catarinense também colocou o setor público para apoiar o desenvolvimento de novos negócios. Um exemplo foi o lançamento, no início de 2019, da Jornada de Desenvolvimento, Empreendedorismo e Inovação (JEDI), um programa que dura 16 dias e estimula a criação e validação de startups idealizado pelo Join.valle, Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Sustentável (Sepud).

Por meio de quatro edições realizadas ao longo do ano, com diferentes temas a serem explorados, a intenção dos organizadores era que este projeto aumentasse a média de startups criadas por ano na cidade. A média recente era de 20 a 25 empresas e, só nos três primeiros JEDIs desenvolvidos neste ano (com temas como educação, saúde, logística e mobilidade), “nasceram” outras 17 startups – como ainda haverá a quarta edição, em outubro, o programa pode ajudar a dobrar a criação de novos negócios na região. 

Na visão do prefeito de Luzerna, o foco dos gestores públicos que buscam incentivar o empreendedorismo em sua região deve estar na educação básica. Na semana passada, ele esteve em Brasília apresentando o modelo desenvolvido pelo município para representantes do Ministério da Economia, que pretende estimular políticas públicas de educação empreendedora. 

“Não há outra forma de inovar, no longo prazo, que não seja fortalecendo a base educacional, estimulando jovens de 12 a 14 anos, por exemplo, a aprender linguagem de programação e robótica, por exemplo, para aplicar em áreas tradicionais como Mecânica, Elétrica e outras”, ressalta Moisés.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br 


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