Enquanto as grandes empresas dominam a infraestrutura básica de IA, as startups têm uma janela de oportunidade na criação de soluções que aproveitam a camada de raciocínio para transformar setores inteiros. / Imagem: DALL-E/SC Inova
[15.10.2024]
Por Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis e um dos responsáveis pelo Conselho Mudando o Jogo (CMJ) em SC e RS. Escreve sobre inteligência artificial no ambiente corporativo na série “Diários de IA”
Vivemos um momento decisivo na história da tecnologia, onde a inteligência artificial (IA) generativa está se transformando, saindo de seu papel inicial de oferecer respostas rápidas e baseadas em padrões para algo muito mais sofisticado: a capacidade de raciocinar de forma deliberada. O artigo “Ato 1 da IA Generativa: Começa a Era do Raciocínio” apresenta essa evolução e, com ela, oportunidades tanto para startups quanto para empresas estabelecidas. Esta é uma reflexão sobre como essas mudanças podem moldar o futuro dos negócios e a sociedade como um todo.
O AVANÇO DA IA GENERATIVA
Dois anos após o início da revolução da IA generativa, estamos testemunhando a estabilização das infraestruturas fundamentais do mercado, com grandes players como OpenAI, Microsoft, Google, AWS e Meta dominando o espaço de desenvolvimento dos grandes modelos de linguagem (LLMs). Essa estrutura de mercado já se consolidou, tornando previsões cada vez mais acessíveis e baratas. Entretanto, o verdadeiro avanço agora está na “camada de raciocínio”, inspirada por abordagens como a do AlphaGo, que coloca a IA em um nível mais profundo de tomada de decisões.
A transição da fase de “respostas rápidas” para o raciocínio deliberado, muitas vezes chamado de “Sistema 2”, abre novas possibilidades para a automação de tarefas cognitivas que, até então, dependiam exclusivamente da capacidade humana. Esse é o grande divisor de águas da era que se inicia, onde a IA não apenas responde, mas raciocina, toma decisões e, em muitos casos, soluciona problemas complexos com pouca ou nenhuma intervenção humana.
OPORTUNIDADES PARA STARTUPS E EMPREENDEDORES
Neste novo cenário, as startups e os empreendedores encontram um terreno fértil para inovação. Enquanto as grandes empresas dominam a infraestrutura básica de IA, as startups têm uma janela de oportunidade na criação de soluções que aproveitam a camada de raciocínio para transformar setores inteiros.
Um exemplo concreto é a transição de startups que, em vez de oferecer softwares tradicionais, passam a vender “resultados”. Aqui, o foco está em soluções que automatizam processos humanos complexos, entregando eficiência em áreas como atendimento ao cliente, processos administrativos e até mesmo a tomada de decisões estratégicas.
A automação de trabalho, particularmente de tarefas cognitivas e especializadas, se torna o novo campo de batalha. Startups que conseguirem desenvolver produtos capazes de substituir ou otimizar esses trabalhos terão a chance de capturar mercados até então monopolizados por serviços humanos.
Um exemplo disso é a empresa Sierra, que já oferece soluções nesse sentido. Com o avanço da IA, a capacidade de transformar problemas em soluções escaláveis coloca startups em uma posição de vantagem frente a players maiores e mais lentos para inovar.
Outro ponto crucial é a democratização das ferramentas de IA. À medida que os custos de inferência de IA diminuem, os empreendedores podem acessar tecnologias avançadas com menor barreira de entrada. Isso possibilita a criação de serviços personalizados e escaláveis, oferecendo soluções de IA sob demanda, que podem transformar nichos de mercado inteiros. Essa combinação de acesso à tecnologia e a liberdade de inovar em frentes ainda inexploradas coloca os novos entrantes em uma posição estratégica de inovação.
COMO AS EMPRESAS ESTABELECIDAS DEVEM SE PREPARAR
Para as empresas estabelecidas, a entrada da IA generativa baseada em raciocínio traz desafios e oportunidades. Com a automação avançada à espreita, modelos de negócios inteiros podem ser interrompidos, especialmente aqueles que se baseiam em processos manuais ou tarefas de tomada de decisão. As empresas que quiserem prosperar nessa nova era precisarão reimaginar como entregar valor aos seus clientes.
No curto prazo, a adoção de IA pode parecer uma estratégia simples para melhorar a eficiência e reduzir custos operacionais. No entanto, o verdadeiro impacto virá da capacidade de transformar modelos de negócio, utilizando a IA para fornecer soluções completas, integrando dados, IA e decisões autônomas.
Empresas que se limitarem a automatizar tarefas isoladas correm o risco de se tornarem obsoletas. Em vez disso, a inovação precisa estar no nível de resultados — como entregar mais do que simples produtos ou serviços, mas sim valor tangível por meio de processos otimizados.
Além disso, as grandes empresas precisam aprender a competir com startups ágeis e focadas em resultados. A agilidade dessas novas entrantes é uma ameaça, mas também uma oportunidade para estabelecer parcerias estratégicas. Grandes organizações podem utilizar seu acesso a dados e clientes para complementar a inovação das startups, criando ecossistemas de valor sustentáveis.
A SINGULARIDADE DA NOVA ERA DA IA
O verdadeiro diferencial desta nova fase da IA é o surgimento de “agentes inteligentes”, sistemas que não apenas executam tarefas, mas que têm a capacidade de raciocinar como humanos, tomando decisões que anteriormente eram exclusivas dos especialistas.
Esses agentes operam em um espaço híbrido entre o humano e o digital, oferecendo não apenas respostas automatizadas, mas insights baseados em lógica e adaptação contínua.
Essa transformação traz consigo um cenário singular: a capacidade de integrar a IA profundamente nas estruturas sociais e econômicas, oferecendo novos caminhos para eficiência, inovação e automação. Empresas e startups que conseguirem aproveitar essas novas capacidades de raciocínio poderão criar serviços que não apenas resolvem problemas, mas antecipam necessidades, elevando o nível de sofisticação e valor agregado em todas as indústrias.
Estamos no início da era do raciocínio artificial. Para os empreendedores, o momento é de ousadia e inovação. Para as grandes empresas, é a hora de reimaginar seus modelos de negócio e abraçar a transformação digital como uma oportunidade estratégica.
Com a IA assumindo um papel central na tomada de decisões e automação cognitiva, o futuro pertence àqueles que conseguirem aproveitar ao máximo as oportunidades que essa tecnologia traz. O Ato 1 da IA generativa não é apenas o início de uma nova fase tecnológica, mas o ponto de partida para um futuro onde raciocinar com máquinas se torna parte fundamental da vida humana e dos negócios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Huang, S., Grady, P. (2024). Ato 1 da IA Generativa: Começa a Era do Raciocínio. Sequoia Capital. Disponível em: https://www.sequoiacap.com/article/generative-ais-act-o1/
- Kahneman, D. (2012). Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar. Rio de Janeiro: Objetiva. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/47522307​:contentReference[oaicite:0]{index=0}​:contentReference[oaicite:1]{index=1}
LEIA TAMBÉM:
SIGA NOSSAS REDES