ENTREVISTA: o futuro será das cidades que aprendem

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ENTREVISTA: o futuro será das cidades que aprendem

O recado é da futurista e empreendedora Cecilia Tham, uma visionária do ambiente de tecnologia e smart cities, em entrevista exclusiva.

O recado é da futurista e empreendedora Cecilia Tham, uma visionária do ambiente de tecnologia e smart cities, em entrevista exclusiva. / Foto: Divulgação/PMC


[24.05.2025]
Redação Ecosystem.Builders

No cenário da inovação e das cidades inteligentes, os projetos e ideias defendidas por Cecilia Tham, co-fundadora e diretora do hub de inovação MOB (Makers of Barcelona), antecipam qual será o futuro da tecnologia e do desenvolvimento urbano. Em quantas camadas de tecnologia estaremos vivendo no decorrer desta e das próximas décadas?

Por meio do MOB, Cecilia tem promovido uma abordagem multidisciplinar que estimula o pensamento criativo e a implementação de soluções inovadoras, focando em questões como mobilidade, sustentabilidade e design urbano. 

Em visita ao Brasil, durante o Smart City Expo Curitiba, ela deixou como recado a ideia de que “o futuro será das cidades que aprendem”.  Na capital paranaense, ela conheceu algumas características do desenvolvimento urbano local e de conceitos de smart cities aplicadas.

“Primeiro, é preciso ter apetite. O governo ter apetite não é o mesmo que a startup ter apetite. Se ambos estiverem sedentos, há um caminho para inovar”. 

CECILIA THAM

Nascida em Hong Kong, formada em Harvard e radicada em Barcelona, Cecilia acredita que a participação virtual em uma cidade vai permitir o monitoramento em tempo real dos sistemas urbanos. Nesta entrevista exclusiva, ela fala sobre o ponto de partida para que cidades e ambientes urbanos entendam seus diferenciais e da necessidade de todos os envolvidos “aprenderem rápido” o processo, como o protótipo de uma startup, que pode sempre ser pivotado para que gere resultados.  

ECOSYSTEMS.BUILDERS: Como aplicar tendências de tecnologias, sejam elas na economia local ou como soluções urbanas, em regiões como Brasil e América Latina? 

CECILIA THAM: Sempre sempre defendo que cada um jogue com seu ponto forte. Os países e as cidades têm muitas camadas diferentes. Se você dissecá-las, é quase certo que descobrirá pontos fortes em determinadas camadas. Entenda em qual dessas você deve começar e coloque seus investimentos nessa camada.  Não invista apenas em dinheiro, mas em educação, em recursos, em habilidades e, a partir daí, você crescerá.

Por exemplo: Barbados é realmente um ótimo lugar para viver e investir. Esse é o ponto forte. Mas qual o ponto fraco? A moeda. Foi por isso que eles investiram na questão das criptomoedas para atração de empresas e recursos.  Esses aprendizados não precisam ser caros. Eles só precisam ser aprendidos rapidamente, como um MVP. É como uma startup. 

Já vi países com regulamentações e leis muito sólidas, aparentemente sólidas, e, por serem tão sólidas, não há espaço para manobras.  É preciso criar mais espaço, estar mais aberto a novas ideias. E eu vi isso em Curitiba sendo lançado nas ruas, como as soluções Smart City com os ônibus. Estou vendo isso acontecer. 

ECOSYSTEMS.BUILDERS: Você acha que foi diferente ou especial em Curitiba? 

CECILIA THAM: Acho que sim. Há alguns ingredientes. Primeiro, é preciso ter apetite, e há um apetite aqui. O governo ter apetite não é o mesmo que a startup ter apetite. Se a startup tiver apetite e o governo tiver apetite, há um caminho para inovar. 

Isso me faz lembrar porque os chineses adotaram o código QR para pagamento e ignoraram completamente a questão do cartão de crédito. Essa maneira informal de adotar tecnologias é uma vantagem natural, porque você não tem toda a infraestrutura legada que está tentando construir.

“É preciso criar mais espaço, estar mais aberto a novas ideias. E eu vi isso em Curitiba sendo lançado nas ruas”. / Foto: Mateus Ferreira (Unsplash)

ECOSYSTEMS.BUILDERS: Quais são os caminhos que você acha que a tecnologia pode seguir no contexto social? 

CECILIA THAM: Defendo o que estamos chamando de futurismo pluralista. Não há um futuro único, ou melhor, há vários futuros. Fazemos muitos exercícios de viagem no tempo, literalmente viajando no tempo. Mas tudo isso com o rigor da ciência, entendendo as limitações das tecnologias e imaginar como essas tecnologias nos levarão a vários tipos diferentes de cenários e, em seguida, avaliar se esses são os futuros que queremos. 

“Bem, o que preciso fazer amanhã para que o futuro A ou o futuro C aconteça?” Você faz outra exploração e depois faz outra e depois outra, quantas puder. Então, a partir daí, você pode dizer que esse é o futuro que queremos. Então, depois de identificar isso, você já identificou as tecnologias, as regulamentações, a educação, todas as diferentes camadas necessárias para que possamos nos mover e alinhar toda a sociedade em direção a esse caminho. Esse é o caminho a seguir.

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