O futuro das fintechs: com representante de SC, nova gestão da ABFintech encara desafios regulatórios – e de expansão do mercado

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O futuro das fintechs: com representante de SC, nova gestão da ABFintech encara desafios regulatórios – e de expansão do mercado

Setor que captou quase US$ 1 bilhão em venture capital no Brasil em 2019 ganha impulso com novos serviços e tecnologias (do PIX ao open banking). Confira entrevista com o catarinense Renan Schaefer, recém-eleito diretor executivo da entidade, sobre os rumos da inovação para o mercado financeiro. Imagem: Freepik  


[FLORIANÓPOLIS, 25.11.2020]
Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br 

No cenário brasileiro de startups, um dos setores que mais tem atraído capital de risco para investimento é o das fintechs, que desenvolvem novos produtos e serviços digitais ao mercado financeiro. Em 2019, aponta levantamento da Distrito, estas empresas receberam um total de US$ 910 milhões em aportes, o que representa 35% do total em investimentos no ecosssistema de startups brasileiro. Em um ano, o volume de startups no país cresceu 34,1%, segundo a mesma pesquisa.

E dado o avanço digital nos meios de pagamentos no país (acelerado pela pandemia), o horizonte é de muito mercado para fintechs. “A cada ano que passa o número de fintechs tem crescido, ao meu ver, justamente pelo volume de oportunidades existente no mercado financeiro para digitalização e aumento da competitividade”, avalia Renan Schaefer, recém-eleito para a diretoria da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), que escolheu nova gestão para o próximo biênio no dia 19 de novembro. 

O presidente será Diego Perez, cofundador da SMU Investimentos, que já fazia parte do grupo de diretores. Para o novo quadro de direção-executiva, estão Marcelo Martins (partner da Alymente) atual líder da vertical de pagamentos da associação e coordenador do Grupo de Trabalho do Pix. Estarão com ele Mariana Bonora, fundadora e CEO da Bart Digital, e Renan, que tem trajetória no ecossistema de Santa Catarina – da Fundação Certi à Cventures e mais recentemente como sócio da fintech de crédito a55, com operação em Florianópolis.  

Mas há desafios especialmente em questões regulatórias – da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ao sandbox (ambiente regulatório experimental para testar inovações) e o Open Banking, por exemplo. Nesta entrevista para o SC Inova, Renan aponta os caminhos que a ABFintech espera seguir nos próximos anos em função de tudo o que vem mudando e evoluindo no mercado financeiro e de pagamentos no país.

SC INOVA – Primeiro, sobre os planos da ABFintechs: desafios, qual é o grande debate hoje em termos de mercado, regulamentação, reformas? de que maneira vocês pretendem apoiar o desenvolvimento deste setor?

RENAN SCHAEFER – A ABFintechs tem atuado bastante junto ao setor público, Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e demais órgãos reguladores em pautas como PIX, Open Banking, LGPD, sandbox, buscando melhorar o papel das fintechs como forma de trazer maior competitividade ao setor financeiro como um todo. Nesse sentido, tem apoiado as discussões tanto em nível estratégico, participando de grupos de estudo e trabalho com o setor público, como também propondo legislações e atuando também em Brasília nas articulações.

SC INOVA – No início do ano, a entidade teve um papel importante e consultivo junto ao Banco Central e outras autoridades financeiras sobre como destravar crédito durante a pandemia. Esse trabalho gerou resultado? O que avançou – ou o que precisa ser feito para avançar mais?

RENAN SCHAEFER – O trabalho gerou resultado sim. As fintechs foram acionadas para auxiliar os recursos emergenciais a chegarem na mão das empresas que mais necessitam. Além disso, houve uma movimentação bastante grande para fazer os recursos do auxílio emergencial chegarem à população, auxiliando na digitalização de processos de abertura de contas bancárias, entre outras frentes.

Em relação ao que precisa ser feito, há muita coisa ainda, como os marcos regulatórios de startups, entendimento sobre o correspondente bancário digital, normatização de novas formas de garantia, o Open Banking que entra em vigor, PIX, entre outras tecnologias inovadoras para auxiliar o dia a dia das pessoas.

Renan: “com a digitalização do mercado, abre-se um leque enorme, de meios de pagamento, crédito, gestão financeira, investimentos, entre outras diversas frentes”.

SC INOVA – Muitas startups hoje acabam se intitulando fintechs porque entraram, de alguma forma, no mercado de pagamentos e recebimentos. Vocês acreditam que daqui a pouco todas elas vão se tornar, de alguma forma, uma fintech?

RENAN SCHAEFER – Sim. Várias empresas estão acoplando serviços financeiros em seus produtos, como por exemplo, contas digitais, wallets, meios de pagamento, etc. de forma a gerar um valor agregado maior para seus clientes. Isso é bastante comum e creio que isso acontecerá cada vez mais.

SC INOVA – As fintechs estão entre as preferidas dos fundos de venture capital, geralmente liderando por setor o volume de investimentos. Dada o cenário pós-pandemia, as fintechs tendem a aumentar ainda mais essa liderança? Quais as perspectivas pros próximos anos?

RENAN SCHAEFER – Acredito que sim. Temos muitas oportunidades no setor financeiro, em função da alta concentração do mercado em poucos players. Principalmente com a digitalização do mercado, abre-se um leque enorme, como por exemplo em meios de pagamento, crédito, gestão financeira, investimentos, dentre outras diversas frentes.

A cada ano que passa o número de fintechs tem crescido, ao meu ver, justamente pelo volume de oportunidades existente no mercado financeiro para digitalização e aumento da competitividade.

Com isso, a expectativa é de que mais fundos de investimentos invistam nesse segmento. Além disso, o fato de termos uma taxa de juros nas mínimas históricas, o volume de investimentos em venture capital e private equity, tende a aumentar cada vez mais, o que beneficiará muito as startups e as fintechs. 

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