Missão ao Vale do Silício: startups catarinenses buscam inspiração nas gigantes da tecnologia

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Missão ao Vale do Silício: startups catarinenses buscam inspiração nas gigantes da tecnologia

Oito empreendedores de SC acompanharam os três dias de um dos maiores eventos de software do mundo, o Saastr, como parte de missão internacional de aprendizados e networking

Oito empreendedores de SC acompanharam os três dias de um dos maiores eventos de software do mundo, o Saastr, como parte de missão internacional de aprendizados e networking. 

 

Texto: Christiana Lima, enviada do StartupSC à missão no Vale do Silício

Terminou na quinta-feira (07.02), a edição 2019 do SaaStr Annual, um dos maiores eventos de software e tecnologia do mundo. Durante três dias, mais de 12.500 profissionais da área acompanharam palestras e talks com grandes nomes do setor, que ditaram as tendências do modelo de software como serviço para o ano.

Na plateia, oito empreendedores de Santa Catarina registraram lições para aplicarem em suas startups, a partir da experiência de empresas consolidadas, como SurveyMonkey, Dropbox, Hubspot, Intercom, Pipedrive, entre diversas outras. Os empreendedores fazem parte da Missão Startup SC ao Vale do Silício, promovida pelo programa de capacitação do Sebrae/SC.

Segundo o organizador da missão, Alexandre Souza, as experiências do SaaStr potencializam ainda mais o crescimento das startups de Santa Catarina: “vivenciar esse universo em que se respira tecnologia faz com que os empreendedores encontrem ideias únicas e determinantes para a construção de suas trajetórias no mercado. Estar no Vale do Silício e ter contato com as maiores empresas da área é uma forma de acompanhar o que há de mais novo e mais efetivo na gestão do modelo SaaS, o que dá um impulso a mais para nossas startups”, comenta.

Mitos e verdades sobre SaaS: o que não fazer

A trajetória do Dropbox se destaca por sua estratégia de crescimento global e atenção à experiência do usuário. Em palestra durante o SaaStr Annual, a CCO da empresa, Yamini Rangan, citou cinco mitos relacionados ao modelo SaaS, que não devem ser seguidos por empreendedores da área. Segundo ela, quem desenvolve software como serviço não precisa necessariamente focar sua estratégia de vendas em CEOs, CCOs ou CTOs, uma vez que isso torna o processo de venda mais longo e pouco direcionado ao usuário. Na construção da equipe, Yamini destaca a importância do equilíbrio entre receita e número de vendedores, e da contratação de profissionais de suporte desde o primeiro dia da empresa. Outras verdades questionadas por ela são as de que é preciso atingir o mundo inteiro para crescer rapidamente e que o foco deve estar em ser melhor do que o concorrente. Seguindo na outra direção, Yamini defende que as empresas devem analisar racionalmente o que é prioridade para elas antes de expandir, e que, mais do que a concorrência, o principal ponto de atenção das empresas SaaS deve ser no nível de engajamento e na experiência fornecida aos usuários.


Medindo resultados em SaaS sem enganação

A palestra de Josh Stein, da Threshold Ventures, mostrou que algumas vezes as análises dos empreendedores e alguns investidores não são muito detalhadas. Enquanto isso ajuda na explicação resumida de metas, pode não refletir a realidade dos resultados de uma empresa de software como serviço. Josh mexeu com o padrão de análise de startups em estágio inicial e de alguns investidores, que direcionam seu foco para LTV (Lifetime Value – valor trazido pelo cliente em todo o seu ciclo de vida) e sobre CAC (Custo de Aquisição de Cliente). Casos assim destacam métricas definidas seletivamente e não incluem todas as variáveis envolvidas, gerando um resultado nem sempre verdadeiro. É fácil criar uma visão em que a empresa é economicamente viável, quando na verdade não é – por exemplo, se não for considerado o LTV sobre a margem de lucro.

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Lições e erros na captação de investimentos

Para startups que buscam investidores, Christoph Janz, da Point Nine Capital, deu dicas valiosas durante o último dia do SaaStr. Segundo ele, um dos principais pontos de atenção deve estar no momento certo de buscar capital para crescer. Muitas empresas quebram ao tentar crescer de forma prematura, sem estarem preparadas. Uma lição que ele tira dos anos de experiência na área é que, geralmente, a maioria dos fundos não têm interesse em determinada startup até que ela receba sua primeira proposta  de investimento (termsheet). A falta de dados para análise do negócio faz com que o fator social ganhe grande relevância nas definições das investidoras.

Cometer erros faz parte do desenvolvimento

O crescimento rápido também foi vivido pela Logikcull. A empresa foi de 0 a US$ 10 milhões em 19 meses, cometendo diversos erros que foram comentados por Andy Wilson durante sua palestra. Na área de vendas, Wilson destacou a importância de saber vender do jeito que o cliente procura comprar, criando templates desde o estágio inicial e pensando em SaaS como uma franquia. Já em contratação, as dicas são entender os objetivos do trabalho e não acreditar somente no sexto sentido, o que vale também para os processos de demissão, que devem ser baseados em racionalidade, definição de acordos e análise de resultados.

 

Material produzido por Christiana Lima (Dialetto) para o Startup SC, programa de capacitação do Sebrae/SC, com apoio dos empreendedores Bruno Guimarães (WiFeed), Marcio dos Santos (TiFlux), Ivan Biava (Conpass), Gélio Júnior (Simples Dental) e Janderson Araujo (Sizebay).