M&As em tecnologia crescem 70% no Brasil no 1º semestre de 2025

Voce está em :Home-Negócios-M&As em tecnologia crescem 70% no Brasil no 1º semestre de 2025

M&As em tecnologia crescem 70% no Brasil no 1º semestre de 2025

Após ciclo de retração, apetite por aquisições voltou com critérios rigorosos: compradores priorizam empresas com governança madura

Após ciclo de retração em 2022 e 2023, apetite por aquisições voltou, mas com critérios rigorosos: compradores priorizam empresas com operação sólida e governança madura, aponta report da Questum. / Foto: Allison Saeng (Unsplash)


[15.07.2025]
Por Fabrício Umpierres, editor –
scinova@scinova.com.br 

O mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) ensaia uma retomada em 2025. Segundo o M&A Deals Report 2025 H1, lançado pela Questum, boutique de M&A com sede em Florianópolis (SC), o volume de transações no ecossistema de tecnologia já é 71% maior em comparação ao mesmo período de 2024 — representando, apenas no primeiro semestre, 72% de todo o volume registrado no ano passado.

Após um ciclo de retração entre 2022 e 2023, o ano passado consolidou um ambiente mais racional. Já 2025 sinaliza uma retomada mais madura, baseada em disciplina e estratégia. O relatório destaca que o apetite por aquisições voltou, mas com critérios muito mais rigorosos: os compradores priorizam empresas com operação sólida, governança madura e alinhamento estratégico claro.

“Estamos em um mercado que se tornou mais técnico e seletivo. As startups que entenderam essa virada já estão colhendo resultados melhores em negociações e valuations”, analisa Rafael Assunção, fundador e managing partner da Questum. Para ele, a preparação antecipada e a qualidade da operação se tornaram diferenciais indispensáveis para quem busca um exit ou uma captação estratégica.

O levantamento revela três movimentos principais no semestre: o crescimento expressivo no número de deals (+70%), a redução da presença de compradores seriais (abrindo espaço para novos players estratégicos) e o avanço das soluções com inteligência artificial embarcada. Em termos setoriais, fintechs seguem na liderança, mas ganham força empresas de marketing e vendas, saúde e segurança — todas fortemente impactadas pela digitalização e pela busca de eficiência.

Entre os principais movimentos do semestre estão a aquisição da chilena Datamind pela catarinense Involves, que marcou um avanço na internacionalização da empresa e foi viabilizada com uma rodada de R$ 70 milhões liderada pela Bridge One; a compra da Euax e da Unirede pela Selbetti, reforçando a atuação da companhia como one-stop-tech; o avanço da Softplan com a incorporação da Oystr e da 1Doc; e o movimento estratégico da FCamara ao adquirir a Avanti e a Dfense, consolidando novas verticais em digital commerce e cibersegurança. Outro destaque foi a aquisição do Super App Gringo pela Sem Parar, ampliando sua presença no ecossistema de mobilidade e pagamentos digitais.

O estudo também confirma a tendência de predomínio de modelos SaaS focados no público B2B, privilegiando receita recorrente e maior previsibilidade. Em relação ao perfil das transações, 87% ocorreram abaixo de R$ 100 milhões, reforçando a concentração no middle market.

PERSPECTIVAS PARA O SEGUNDO SEMESTRE

Apesar de um ambiente macroeconômico ainda desafiador, a expectativa para o restante de 2025 segue positiva. O relatório aponta a IA como protagonista do próximo ciclo, com aumento no volume de transações de empresas nativas em AI. Cibersegurança e compliance também devem ganhar destaque, em linha com a maior demanda por gestão de riscos e proteção digital.

“A tendência é de integração mais rápida das startups a corporações ou outras startups, com mais velocidade e sinergia. A estratégia de M&A consolidou-se como ferramenta para acelerar crescimento e inovação”, destaca Assunção.

O executivo reforça que, mais do que nunca, não basta ser uma empresa vendável — é preciso se tornar irresistível. Startups que se preparam desde cedo, com estrutura robusta e equipe madura, continuarão atraindo a atenção de compradores estratégicos, nacionais e estrangeiros.