Startup Summit 2023: investidores e fundadores, uma relação de confiança que se constrói a cada dia

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Startup Summit 2023: investidores e fundadores, uma relação de confiança que se constrói a cada dia

Várias palestras abordaram temas ligados ao financiamento e aquisições de empresas de tecnologia, no último dia do Startup Summit 2023.

Várias palestras abordaram temas ligados ao financiamento e aquisições de empresas de tecnologia, no último dia do Startup Summit 2023, em Florianópolis.  / Foto: Leo Morroni (Divulgação)


[FLORIANÓPOLIS, 28.08.2023]
Por Dorva Rezende, especial para agência SC Inova

O mercado de tecnologia encontra-se em um momento de cautela, depois da euforia pós-pandemia e de um excelente 2021. No ano passado, os investimentos caíram pela metade e os lay-offs (em bom português, demissões em massa) em série foram a tônica do setor. A crise das criptomoedas e a quebra do Silicon Valley Bank, em março deste ano, ajudaram a colocar ainda mais o pé no freio. Mesmo assim, o mercado aposta em um crescimento dos CVCs (Corporate Venture Capital), os fundos de investimento criados por empresas para serem aplicados em startups. 

Várias palestras abordaram temas ligados ao financiamento e aquisições de empresas de tecnologia, no último dia do Startup Summit 2023 em Florianópolis. Franco Zanette, cofundador da ABSeed Ventures, fundo de investimento que atua há sete anos focado em negócios SaaS B2B, falou sobre como as startups podem entender, dentre os diversos tipos de investidores, qual é o mais adequado para o seu negócio.

“Quem começou a empreender ou está pensando em empreender precisa saber quais são os vieses, os prós e os contras de cada um desses investidores, seja um acelerador, um investidor anjo, um venture capital, um corporate, ou mesmo um crowdfunding, para tomar a melhor decisão para a sua empresa. Não se tem muita acesso a conteúdo sobre isso, então é preciso desmistificar um pouco o ambiente”, disse Zanette, cujo fundo atua com empresas que estão num segundo estágio na cadeia de investimentos, quando atingem faturamento recorrente mensal entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. 

Cofundador e presidente do Conselho da Softplan, Moacir Marafon falou junto com Marcelo Hoffmann, da ABSeed, sobre a relação de confiança que deve existir entre os empreendedores e os investidores, e sobre como a governança das empresas pode ajudar nesse relacionamento. De acordo com Marafon, durante a jornada do empreendedor, é fundamental pensar na governança que ele vai estabelecer para a empresa para que ela possa, na sua maturidade, ser um empresa de sucesso.

“Obviamente, quem investe espera retorno. E para isso, o investidor observa, em primeiro lugar, nos jóqueis, como nós chamamos os fundadores, as suas características como empreendedor, se ele tem condições de gerir um negócio para o futuro. E, em segundo lugar, qual é o estágio dessa empresa em termos de produto, em termos de validação no mercado e, também, o tamanho do mercado. Pode ser um excelente negócio, uma excelente ideia estruturada, mas você não tem tamanho no mercado, dificilmente esse negócio vai ser grandioso”, disse Marafon.

Como investidor, Marcelo Hoffmann conta que as experiências anteriores ajudam a identificar e a evitar eventuais problemas na relação com os empreendedores. “É uma relação societária, acima de tudo. Ela se constrói no longo prazo, é renovada a cada dia. Então, se no momento de análise de um negócio, por mais interessante que seja a oportunidade, se você não consegue se visualizar em volta de uma mesa, convivendo de forma produtiva com aquele empreendedor ou com aquela empreendedora, é um sinal de que eventualmente as coisas não devem avançar. Tem que ter produto, tem que ter mercado grande, obviamente, tem que ter uma ideia bacana, mas essencialmente a gente tem um relacionamento humano. É uma jornada de altos e baixos, é uma montanha russa mesmo, e é importante que essa parceria se mantenha nos bons e nos maus momentos”, afirmou.

GOVERNANÇA DEVE COMEÇAR “NO DIA ZERO” DAS EMPRESAS QUE BUSCAM INVESTIMENTOS

Para Hoffmann, a primeira coisa que as empresas devem fazer em termos de governança é se preocupar com o tema no dia zero, com alinhamento entre os sócios, com o registro de uma marca, com adequação à LGPD e com o cuidado com o fluxo de caixa. “A gente tem que ter um atenção àquilo que a governança ataca como princípios: a transparência, a vontade de compartilhar informação, a responsabilidade corporativa, a sustentabilidade, o olhar para a construção de valor e para os stakeholders de uma forma geral. Ela vem para ajudar como um norte de conduta, como uma forma de preencher as lacunas nas incertezas, tendo sempre em primeiro lugar o bem da companhia e nunca as decisões em benefício próprio de fundadores e acionistas ou de investidores”, disse ele.

Falando sobre M&As no mercado de startups, Eduardo Smith, CEO da Softplan, disse que existem três tipos de empresas que um investidor corporate, como é o seu caso, observa quando vai fazer uma aquisição. “O primeiro pode até ser uma empresa early stage, mas que resolva alguma dor muito clara do seu público ou seja uma complementação importante para o seu produto. O segundo tipo é uma empresa com uma maior tração, com um market fit e uma base de clientes relevante que se complementa com a nossa oferta. E o terceiro é quando uma empresa vai ser a âncora de um vertical novo que a gente vai começar a operar”, explicou.

Há pouco mais de uma semana, a Softplan concluiu a aquisição da Construmarket, um hub de plataforma digitais voltadas para a construção civil, uma de suas verticais. Foi a 10ª aquisição da Softplan desde 2019. Segundo Eduardo Smith, no caso de uma aquisição, não importa muito o modelo de governança anterior. “Importa, sim, o modelo de governança posterior. O que foi feito antes só importa quando gera um passivo financeiro importante que traga problemas para o futuro da organização. Já compramos empresas que não tinham um modelo de governança bem estabelecido, mas também não tinham tomado decisões que gerassem um problema para a governança que a gente queria estabelecer no futuro”, comentou.