Governo digital e inovação no serviço público: como vencer este desafio?

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Governo digital e inovação no serviço público: como vencer este desafio?

Entre as barreiras a serem vencidas estão a cultura do “sempre foi assim” e a da desconfiança do brasileiro – temas foram debatidos durante o encontro “101 Dias de Inovação”, promovido pela startup WeGov.

Entre as barreiras a serem vencidas estão a cultura do “sempre foi assim” e a da desconfiança do brasileiro – temas foram debatidos durante o encontro “101 Dias de Inovação”, promovido pela startup WeGov.

 

Por João Paulo Borges*

Como levar inovação no serviço público e tornar o governo mais digital? Em pleno 2019, talvez seja essa a grande pergunta a ser respondida por quem trabalha em órgãos públicos no Brasil. Existe um abismo entre os cidadãos e a instâncias governamentais, legislativas e jurídicas, apontam diversos especialistas e representantes do poder público, que debateram o tema em um encontro promovido pela startup WeGov no dia 8 de fevereiro, na sede da Softplan, em Florianópolis.

Do evento 101 Dias de Inovação – que contou com a presença de autoridades e representantes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, da iniciativa privada e da sociedade civil de vários Estados do Brasil – ficaram algumas lições que merecem reflexão de quem deseja contribuir para mudar esta realidade.

“O Poder Executivo ainda é um arquipélago. Os órgãos não se conversam. Os projetos não se conectam”, destacou o secretário de Estado de Administração de Santa Catarina, Jorge Tasca, sobre a dificuldade de diálogo entre membros de um mesmo governo.

“Independentemente da gestão, precisamos dar continuidade aos bons processos já existentes. Também criar uma política pública para Inovação, um planejamento estratégico sobre governo digital”, ressalta Natalie Unterstell, recém empossada superintendente de Inovação da Casa Civil do Paraná.

O tema exige atenção, como bem observou o secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, Paulo Alvim: a sociedade do Século XXI exige instituições do Século XXI. Isso requer princípios como velocidade, transparência e solução”. Ele advertiu que “o momento das diversas techs vão mudar a lógica de prestação de serviços”.

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Isso reforça a importância da iniciativa de parlamentares na Câmara dos Deputados que criaram pela primeira vez a Frente Parlamentar GovTech, que irá pautar projetos que estimulem a adoção de tecnologias para a prestação de serviços. O deputado federal por Santa Catarina Rodrigo Coelho (PSB), que anunciou o fato no encontro, é um dos proponentes.

Por fim, a secretária de Estado de Planejamento do Rio Grande do Sul, Leany Lemos, que também ocupou o mesmo cargo na gestão passada no Governo do Distrito Federal, disse que sua experiência mostrou o quanto “a pobreza é um grande indutor de mudanças para governos pensarem como fazer mais com menos”.

Neste contexto, vale ressaltar que essas e outras questões precisam ser pensadas urgentemente por quem atua na administração pública, ou, em breve, veremos o ESTADO literalmente SEM PAPEL, não apenas o “Governo Sem Papel”, iniciativa lançada recentemente pelo Governo de SC.

Atualmente, graças ao poder da tecnologia, entramos no carro de estranhos, ficamos na casa de desconhecidos no mundo inteiro, pedimos comida sem falar com ninguém, com apenas poucos cliques e nos sentimos muito seguros. Além disso, boa parte deste mercado não tem interferência do poder público e, talvez por isso, funcione perfeitamente.

Entre algumas das barreiras a serem vencidas estão a cultura do “sempre foi assim” e a da desconfiança do brasileiro. São o começo da mudança.


* João Paulo Borges é jornalista e tem 11 anos de experiência em assessoria de comunicação política, institucional e empresarial.