Gestão de RH em tempo real é aposta da Ahgora, de Florianópolis, para conquistar o mercado externo

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Gestão de RH em tempo real é aposta da Ahgora, de Florianópolis, para conquistar o mercado externo

Tecnologia de “microlocalização” de funcionários une IoT, cloud e big data com foco em aumentar a eficiência operacional nas empresas

Tecnologia de “microlocalização” de funcionários une IoT, cloud e big data com foco em aumentar a eficiência operacional nas empresas, diz o CEO Lázaro Malta (foto)

Uma tecnologia que fornece dados de microlocalização de funcionários no ambiente de trabalho e gera informações em tempo real é a aposta da Ahgora, empresa de Florianópolis que desenvolve soluções para RH, para manter um crescimento de 100% e entrar no mercado internacional nos próximos anos.

“Precisamos dirigir as organizações deixando rastros em tempo real: o que está acontecendo na empresa neste instante? Os gestores querem as respostas agora”, ressalta o engenheiro Lázaro Malta, CEO e um dos fundadores da empresa, que começou como incubada no MIDITEC em 2010 e hoje conta com 180 colaboradores em escritórios nas cidades de Manaus e São Paulo, além de outras equipes atuando em Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro.

Chamado de Live Indoor, a nova ferramenta que a empresa catarinense apresentou ao mercado durante o Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh), em agosto passado, combina utiliza sensores (beacons) que emitem por wi-fi informações como quantas pessoas estão na empresa e em quais setores, entre outras funções (mapa de calor, nível de serviço, avisos etc). É a resposta a uma demanda de muitas empresas que precisavam saber, em tempo real, a disposição dos funcionários no espaço para realocar a força de trabalho quando necessário e manter a operação.

“Na construção civil e em serviços terceirizados, por exemplo, é importante saber onde está o colaborador, se após o início da jornada ele está produzindo e quanto tempo permanece em cada local. Os dados ajudam a aumentar a eficiência operacional de cada funcionário em sua jornada de trabalho“, explica João Gabriel Lima, Product Owner e especialista em Inteligência Artificial na Ahgora.

Ahgora lançou ferramenta de microlocalização durante o último Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh), em São Paulo. / Foto: Divulgação

Na visão de Lázaro, “se você perguntar para um CEO hoje quanto a equipe dele está custando naquele momento, eles dificilmente terão essa informação. É fundamental ter essas projeções analíticas para saber se faz sentido demitir ou manter pessoas na equipe e também quando precisa ampliar a equipe para concluir projetos”.

 

EXIGÊNCIA DO GOVERNO FOI IMPULSO PARA GANHAR MERCADO

Quando a Ahgora foi criada, a partir da experiência de seus fundadores em grandes empresas de sistemas (como a Dígitro), tecnologias como cloud computing e Internet das Coisas ainda engatinhavam no desenvolvimento e aplicação. “Era algo muito embrionário, usado em algumas empresas dos EUA e Europa. Mas nós usamos isso desde o início, porque acreditamos que o modelo de tecnologia que se usava até então entraria em declínio. As empresas geravam pilhas de relatórios, isso não teria futuro, como a gente vê hoje”, ressalta o CEO.

Uma exigência legal acabou sendo o divisor de águas para o desenvolvimento da empresa: em agosto de 2009, o Ministério do Trabalho determinou que os relógios de ponto utilizados pelas empresas para controlar as jornadas dos funcionários emitissem tíquetes impressos com os horários de entrada e saída. Enquanto companhias de todo o país tinham que substituir o parque de ponto eletrônico instalado, a Ahgora começou a oferecer um sistema que integrava outras informações e que acabou sendo adotado por diversas prefeituras, grandes empresas (de varejo a construção civil) e gerou um salto no faturamento logo nos primeiros anos.

“Crescemos muito rápido – e com recursos próprios. Em 2011 o faturamento era próximo a R$ 5 milhões por ano. Apesar de tudo, não conseguíamos estruturar um modelo de software como serviço que planejados. Trabalhávamos com 59 revendas, que vendiam bem, mas não é um modelo SaaS. Acabamos com quase todas, sobraram só três – e demitimos mais da metade dos colaboradores – foi traumático”, lembra Lázaro. “2012 foi um ano em que, por decisão nossa, morremos para renascer. E foi importante para começar a montar aquilo que temos hoje”.

Quatro anos depois, completa o CEO, “estávamos estabelecidos, com taxa de crescimento de mais de 40% ao ano”. Em agosto de 2016, o grupo Invest Tech – que gerencia fundos de venture capital e private equity para empresas inovadoras – entrou na sociedade e a empresa começou a planejar uma estratégia de crescimento mais agressiva. Como anunciou à época, a intenção era chegar a 2020 com um faturamento de R$ 100 milhões – o faturamento atual não é divulgado.  

Hoje, a plataforma do Ahgora gerencia 800 mil pessoas e é utilizado por 2,5 mil CNPJs – de pequenas e médias empresas (que representam 80% do volume de clientes, segundo o CEO) a grandes corporações, setor público e instituições de economia mista. “Com relação às receitas, 40% vem das PMEs, 45% de empresas de grande porte e os demais 15% do setor público”, calcula Lázaro. A expectativa é manter, até 2020, um ritmo de crescimento de 100% ao ano nas receitas. E, nesse meio tempo, partir para o mercado externo.

“Estamos nos preparando para a internacionalização. Isso passa por treinar o time e ajustar o sistema para outros idiomas, prever a cobrança em multimoedas. Terminaremos o ano com tudo isso pronto para chegarmos a outros mercados”, conclui o CEO.

Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br