Programa lançado nesta segunda (16), em Florianópolis, segue experiências de outros projetos nascidos na Fundação Certi (como Sinapse e Darwin), mas voltado para startups em estágio de validação de soluções. / Fotos: José Somensi
[FLORIANÓPOLIS, 16.05.2022]
Entrevista e Texto: Fabrício Umpierres e Lúcio Lambranho (especial para o SC Inova), scinova@scinova.com.br
Um “funil de inovação” e capacitação realizado ao longo de sete semanas e capaz de dar a força necessária para que empreendedores tenham múltiplas habilidades como as dos lutadores do MMA (Mixed Martial Arts). Dividido em quatro rounds, como os de uma luta deste esporte, o Arena CELTA teve 98 startups inscritas e foi lançado nesta segunda (16), em evento com empreendedores na sede da Softplan, no Sapiens Parque, em Florianópolis.
Com mentorias e capacitação em eventos presenciais, empresas e projetos serão desafiados a superar cada uma das etapas até estruturarem seu modelo de negócios para potenciais clientes e investidores, além de ingressarem na primeira incubadora de empresas de base tecnológica do Brasil. Até o final do processo de seleção, devem ser classificadas em torno de 10 startups das quase 100 inicialmente inscritas.
O modelo único de pré-incubação, o Arena CELTA, foi desenvolvido pela Incubadora CELTA, criada em 1986 pela Fundação CERTI, tem o objetivo de garimpar “novos unicórnios” do mercado brasileiro de startups. “O Arena é uma pré-incubação presencial aos moldes do Celta e da Darwin, mas que tem o elemento-chave que é também do virtual. É uma operação híbrida onde a gente está focando para fazer os próximos unicórnios, o que já fizemos aqui”, destaca Leandro Carioni, diretor do Centro de Empreendedorismo Inovador na CERTI.
A incubadora tem entre seu portfólio de egressas a RD Station, adquirida pela Totvs por R$ 1,86 bi em março de 2021, operação considerada como o maior negócio envolvendo uma empresa SaaS (software as a service) da América Latina. A história da RD no CELTA começou em 2013, durante o processo de incubação.
Desde sua criação, o Celta já graduou 118 startups que estão no mercado, sendo que apenas sete delas não existem mais, e atualmente abriga outras 32 dentro do prédio do ParqueTec Alfa, em Florianópolis e mais sete empreendimentos no modelo virtual. Em 2020, as empresas graduadas pela incubadora somaram em faturamento R$ 14,4 bilhões.
Para tentar formar uma nova geração de empresas com tecnologias inovadoras, escalabilidade e crescimento acelerado, características de unicórnios como as da RD, o programa reúne a experiência acumulada do Celta em mais 35 anos. Entre os projetos nacionais de criação de empreendimentos inovadores e de aceleração de novos negócios, ambos gerenciados pelo CELTA, estão os programas Centelha e InovAtiva Brasil.
“O programa também é a volta à origem presencial, fundamental para quem está criando e tem conhecimento muito denso. O contato presencial fixa mais e tem mais resultado com nossa experiência. Mas não precisamos fazer todas as reuniões presenciais”, explica Tony Chierighini, diretor executivo do CELTA. A intenção é realizar futuramente até quatro edições anuais do Arena – para 2022, a perspectiva é lançar uma segunda edição ao longodo segundo semestre.
CONEXÃO COM EMPREENDEDORES DE OUTRAS GERAÇÕES
Outro diferencial do Arena, segundo Chierighini, é fazer a conexão dos selecionados com empresários que já passaram pelo CELTA. Alguns deles incusive apresentaram seus cases durante o lançamento do programa, como a doutora em Química e cofundadora da Nanovetores, Betina Zanetti Ramos, empresa que recentemente recebeu investimento da multinacional suíça Givaudan.
Um dos mentores já confirmados do programa é Luciano Moreira, diretor presidente e co-fundador da Nano Endoluminal (veja a lista dos demais mentores e empresas já confirmadas nesta fase do programa). “A Nano foi a primeira empresa incubada do Brasil a ganhar o prêmio Finep de Inovação em 2001”, relembra Chierighini.
Em 1995, a empresa focou na área de mecânica de precisão para desenvolver uma máquina que pudesse fazer lentes de contato com processo de usinagem, uma tecnologia recente na época e que não existia no Brasil. No final daquele ano, o projeto foi aprovado no CELTA, época em que a empresa ainda tinha o nome de Nano Precision.
Mas em 1998, eles perceberam que não havia mercado para o projeto de lente de contato. A máquina era para lentes de vidro, mas quando a empresa foi lançar o produto no mercado, a Johnson & Johnson já fabricava lentes gelatinosas desde 1986 e lançava seu produto no mercado nacional. A Nano foi então atrás de uma nova oportunidade para a fabricação de componentes para endopróteses, uma versão nacional de uma prótese americana usada para o tratamento de aneurisma de aorta torácica.
“A história da Nano tem tudo a ver com o Arena. Não estamos fazendo um programa vendo o que os outros fazem por ai e repetir como geralmente acontece. Não há programa igual no Brasil”, completa Carioni.
No primeiro round, explica, o objetivo é que as startups validem o problema sob o ponto de vista dos clientes. “Pela nossa experiência vimos empresas até com produto pronto querendo resolver problema que não existe. E aí na hora de validar o processo, até grandes empresas percebem que o problema não era o apontado no começo e sim outro quem ninguém estava olhando e que pode se transformar em inovação radical”, diz Carioni.
“A coisa mais importante no nascedouro de uma empresa é resolver um problema significativo e real. Só depois desta definição é que as empresas devem passar para o segundo round onde vão definir o MVP e o modelo de negócio”, completa.
Para ajustar estes este primeiro round do programa com a definição claro da solução, o Arena vai contar com a experiência da equipe técnica da incubadora orientando também os selecionados nas questões tecnológicas e processuais. Entre os programas desenvolvidos que serão usados como base neste funil está o Invent, programa de inovação corporativa já testado pela Fundação Certi em grandes corporações do mercado nacional.
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