Segundo balanço apresentado por entidades empresariais, os 60 eventos realizados entre 9 e 18 de agosto envolveram 120 mil pessoas e movimentaram cerca de R$ 100 milhões. / Foto: Gabriel Vanini (divulgação)
No início de 2018, um grupo de representantes das principais entidades empresariais de Florianópolis foi a Austin (EUA) buscar ideias para trazer à capital catarinense um modelo de evento com os mesmo propósitos do South By Southwest (SXSW), que une tecnologia, cinema e música e superlota a cidade texana, onde também estão localizadas algumas das maiores empresas de TI dos Estados Unidos.
Cerca de um ano e meio depois dessa missão, os participantes daquela missão aos EUA apresentaram o balanço da primeira edição do Floripa Conecta, uma série de 60 eventos com foco em Tecnologia, Negócios e Economia Criativa que movimentou a capital catarinense entre os dias 9 e 18 de agosto passado. Nos dados apresentados por entidades (ACIF, CDL, Acate, Abrasel, Sebrae, Fundação Certi, Fiesc e Prefeitura de Florianópolis), o Conecta envolveu a participação de 120 mil pessoas (o que equivale a mais de 20% da população da Capital) e movimentou em torno de R$ 100 milhões.
Deste total, R$ 30 milhões (30%) veio de turistas que estavam na cidade no período (agosto) que é considerado historicamente o pior do ano pelo setor. Em média, os visitantes gastaram R$ 1.165 em 4 dias de pernoite na cidade – a média etária do turista é de 31 anos, aponta a pesquisa desenvolvida por alunos do curso de Gestão de Turismo do Instituto Federal de Santa Catarina.
Em 2020, o Floripa Conecta vai acontecer entre os dias 14 e 23 de agosto – ainda sem perspectiva de volume de eventos a serem organizados no período. Uma certeza, porém, é a realização do Startup Summit neste período, encontro do ecossistema de inovação realizado pelo Sebrae e pela Acate que espera reunir mais de 6 mil pessoas no ano que vem.
Mas, diferente da primeira edição em que grande parte das iniciativas foram sendo agregadas nas semanas anteriores à “largada” do Conecta, será aberto ainda neste ano um espaço para inscrição de eventos, diz o coordenador Marcelo Bohrer. Segundo ele, a intenção é também fomentar a criação de novos encontros e trazer também ideias de outras cidades, além de estimular “verticais” ainda pouco exploradas na primeira edição, como a gastronomia.
“O desafio desta segunda edição é provar que o evento não foi fogo de palha”, resume José Eduardo Fiates, diretor de Inovação da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Nas contas do prefeito Gean Loureiro, são realizados hoje em Florianópolis dez vezes mais eventos do que eram realizados na cidade em 2016 – isso contando desde encontros culturais e gastronômicos a outros na área de turismo e tecnologia, por exemplo. O Conecta representa, na visão dele, uma união de entidades em função da necessidade de apoio por parte do poder público. Os próprios dirigentes das associações hoje reconhecem que este movimento conjunto era praticamente impensável há alguns anos, pois era comum cada entidade ter sua agenda e eventos próprios – algumas vezes concorrentes entre si. “Se o governo lidera um movimento, acaba a briga. O que aconteceu foi que nos abrimos ao setor privado para trabalhar em conjunto num processo no qual era preciso apoio do poder público”, reflete.
INTERNACIONALIZAÇÃO E EXPANSÃO
Outra obsessão do think tank que criou o Floripa Conecta é a necessidade de “colocar a cidade no mapa mundial da inovação, de reconhecerem fora do país o que criamos aqui”, opina Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia. Por isso, a ideia é “internacionalizar” o Conecta a cada ano. Seja na atração de público qualificado – empreendedores, investidores e especialistas de fora – aos eventos na cidade, seja na exposição de marca e nas missões ao exterior.
Na próxima semana, representantes de várias destas entidades estarão em Israel e depois partem para o Web Summit, em Lisboa, maior evento de tecnologia da Europa, que recebe em torno de 70 mil pessoas de mais de 160 países – o Conecta terá no evento um estande para atração de turistas e empresário à Capital. E, para o início do ano que vem, está prevista nova missão a Austin, onde o projeto começou a sair da cabeça dos organizadores para se tornar realidade.
Como na lógica das startups, que idealizam e validam um projeto com o mercado, seria o Floripa Conecta um “MVP” (protótipo) do setor produtivo local? “O que fizemos agora certamente será diferente em três ou quatro anos. As entidades não querem ser executoras do todo, talvez possam ser curadoras, ter uma centralidade para auxiliar que os eventos não concorram entre si”, opina o empresário Doreni Caramori, ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis. “Neste modelo de aprendizado, as entidades vão se atualizar e acredito que, daqui a cinco anos, toda a cidade vai estar envolvida com Economia Criativa. Temos talentos e competência para mudar nosso eixo econômico a partir dessas iniciativas”.
Reportagem: Fabrício Rodrigues, scinova@scinova.com.br
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