Florianópolis sobe no mapa da inovação e se destaca entre os ecossistemas da América Latina

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Florianópolis sobe no mapa da inovação e se destaca entre os ecossistemas da América Latina

Cidade é a 13ª colocada no ranking latino da Startup Genome, ao lado de capitais como Medellín, Lima e Porto Alegre, e se consolida como exemplo global de cidade média inovadora

Cidade é a 13ª colocada no ranking latino da Startup Genome, ao lado de capitais como Medellín, Lima e Porto Alegre, e se consolida como exemplo global de cidade média inovadora. Foto: Gabriel Rodrigues (Unsplash)


[12.06.2025]
Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova, scinova@scinova.com.br

Florianópolis acaba de ser reconhecida como um dos 15 principais ecossistemas de inovação da América Latina pelo relatório Global Startup Ecosystem Report 2025 (GSER 2025), produzido pela Startup Genome, divulgado nesta semana. Em 13º lugar no ranking regional, a capital catarinense aparece ao lado de grandes centros como Medellín (12ª), Lima (11ª), Porto Alegre (10ª) e Monterrey (9ª), reafirmando sua posição como um dos ambientes mais dinâmicos para startups na região — e como referência entre cidades médias que apostam em inovação, talento e qualidade de vida como motor de desenvolvimento.

Entre os critérios avaliados, Florianópolis se destacou especialmente em densidade de startups, acesso a capital semente e early-stage funding, formação de talentos e governança do ecossistema. O relatório aponta a cidade como exemplo de como é possível transformar limitações geográficas em vantagens estratégicas por meio de políticas públicas bem articuladas, ambiente colaborativo e valorização da vida urbana com foco no conhecimento e na tecnologia.

Com mais de 6 mil empresas de base tecnológica gerando 38,4 mil empregos diretos, Florianópolis já concentra dez vezes mais startups per capita que São Paulo, apesar da diferença de população. Entre 2020 e 2024, o volume de investimentos em startups locais cresceu 19%, alcançando US$ 298 milhões — com destaque para fintechs como Parcela Mais (rodada Série B de US$ 8,88 milhões) e Franq (Série A de quase US$ 12 milhões).

O GSER também ressalta que a cidade abriga um ecossistema de inovação centrado em empresas B2B e soluções intensivas em conhecimento, com forte presença de negócios nas áreas de software, dados e infraestrutura digital. Casos como RD Station e Softplan são apontados como símbolos do amadurecimento do ecossistema.

POLÍTICA PÚBLICA, CULTURA COLABORATIVA E TALENTOS COMO TRAÇÃO

O relatório lembra que Florianópolis foi uma das primeiras cidades do Brasil a aprovar uma Lei Municipal de Inovação e que, desde 2003, mantém alíquota reduzida de ISS para empresas de tecnologia (2%, contra os 5% de grandes centros como São Paulo). Também valoriza a atuação do Conselho Municipal de Inovação, que reúne mais de 20 instituições para definir estratégias locais, e a infraestrutura de apoio formada por hubs como ACATE, Sapiens Parque, ParqTec Alfa e os centros da Rede Municipal de Inovação.

Iniciativas como o programa Floripa Mais Tec, o Programa Jovem Programador e parcerias como a do IFSC com a Digital Innovation One (DIO) ampliaram a formação de talentos: só a DIO já capacitou mais de 1,7 milhão de profissionais em tecnologia — com cerca de 3 mil formados em Florianópolis.

Ranking LATAM de ecossistemas de inovação, segundo o Global Startup Ecosystem Report (GSER) 2025
Ranking LATAM de ecossistemas de inovação, segundo o Global Startup Ecosystem Report (GSER) 2025.

Para o prefeito Topázio Neto, entrevistado pelo relatório, o avanço da cidade é fruto de uma construção coletiva: “Nosso diferencial está na capacidade de cooperar, conectar e criar um ambiente que favorece talentos e empresas inovadoras. É uma cultura que não para de evoluir.”

QUALIDADE DE VIDA COMO VANTAGEM COMPETITIVA

Outro ponto destacado pela Startup Genome é a atratividade do estilo de vida local. Florianópolis aparece como uma das cidades brasileiras com melhor qualidade de vida, aliando segurança, saúde, gastronomia, mobilidade e belezas naturais — elementos cada vez mais valorizados em tempos de trabalho remoto. Segundo dados do Observatório Sebrae Startups e da ACATE, Santa Catarina deverá gerar 100 mil novos empregos tech até 2027, dos quais 67,5% serão híbridos ou remotos.

Para José Eduardo Fiates, diretor de Inovação e Competitividade da FIESC, esse é um fator determinante: “A qualidade de vida acaba retendo os jovens mais brilhantes. É o que explica, em parte, a permanência e o crescimento de empreendedores criativos no nosso ecossistema.”

Como resume o relatório, Florianópolis desponta como um modelo global de cidade média que encontrou no conhecimento seu caminho de crescimento sustentável. A edição 2025 do GSER reconhece que a cidade tem potencial para atrair investimentos internacionais e talentos globais, competindo com hubs maiores ao oferecer uma combinação rara de inovação, governança, capital humano e bem-estar.

“É uma cidade que soube transformar seus limites em estratégia, construindo um dos ecossistemas de inovação mais respeitados da América Latina”, destaca o documento.