ExpoInovação 2024: Joinville reúne ecossistema tech, debate expansão e apresenta novidades

Décima primeira edição do evento mostrou, além de conteúdo e feira de negócios, os caminhos do desenvolvimento do ambiente de inovação na maior cidade catarinense. / Foto: Divulgação/Join.valle

[JOINVILLE, 13.09.2024]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br 

Antes do termo “ecossistema de inovação” ganhar espaço além da bolha de tecnologia, Joinville já tinha um evento anual para debater como a cidade pode se posicionar com relação ao desenvolvimento tech e à nova economia. Idealizada há uma década, a ExpoInovação chegou à 11a. edição em 2024 consolidando sua expansão – com mais de 60 palestrantes, 48h de programação e cerca de 4 mil participantes – e a referência como um dos principais eventos do setor em Santa Catarina. 

Segundo maior polo de startups do estado segundo o Mapeamento do Sebrae Startups SC, o ecossistema local apresentou algumas novidades nesta edição. Uma delas foi o lançamento do Hub de Aceleração e Investimento JoinVC. A iniciativa tem como diferencial a aceleração assertiva de negócios em fase de crescimento, baseada nas necessidades específicas da startup, além de diagnóstico completo do perfil de negócio para que seja possível conectá-lo com os fundos de investimento mais adequados.

“Nosso objetivo é impulsionar a economia local, gerando inovação. A escolha de uma aceleradora adequada depende de necessidades específicas da startup, incluindo o setor de atuação, estágio do negócio e objetivos de crescimento. Contamos com uma metodologia própria, que inclui uma avaliação do momento atual da startup, trilha de desenvolvimento e estruturação, além da conexão com os parceiros que fazem parte do Hub”, explica Fabiano Dell Agnolo, diretor executivo do Join.Valle. 

Durante o evento, os parceiros do Hub participaram do Pitch Inverso, atividade em que apresentaram suas teses para as startups e público presente, e participaram de um encontro no Ágora Tech Park, onde haverá um espaço físico para uso. O parque tecnológico também chegou à ExpoInovação com novidades, como o recém-lançado novo prédio Ágora UNI (que gerou investimentos de quase R$ 25 milhões) e um programa inédito de inovação abertas unindo oito empresas e sete universidades, o Ágora.Connect, reforçando o elo entre as “hélices” da inovação na região. 

BIG TECHS DE JOINVILLE COMPARTILHAM DESAFIOS DO CRESCIMENTO

Um dos paineis da ExpoInovação trouxe três das maiores empresas de tecnologia da cidade (ContaAzul, Asaas e Selbetti) para compartilhar sua jornada e os desafios de expansão, em especial como manter a cultura corporativa com o crescimento da equipe e no contexto de digitalização e home-office.

“Cultura é sempre responsabilidade dos fundadores. Antes, eu costumava ir pro café da empresa conhecer quem estava entrando. Mas com o crescimento, tivemos que encontrar novos processos, nos digitalizamos nesse sentido antes mesmo da pandemia. Hoje temos um bate-papo digital todo mês com os novos colaboradores e a nossa sede é como um coworking, sem lugares definidos”, lembrou Diego Contezini, CEO e cofundador da fintech Asaas, que conta com cerca de 670 colaboradores. 

A Selbetti, empresa de 47 anos que começou na era analógica das máquinas datilográficas e hoje é uma provedora de soluções em tecnologia, adquiriu 38 empresas ao longo de sua trajetória e soma mais de 2 mil funcionários em 19 filiais pelo país. 

“Um dos itens na análise de empresas a serem compradas é a questão de pessoas. Esses valores não são negociáveis. Não queremos uma empresa do nosso grupo fora do propósito, e colocar o grupo em risco. Criamos a figura dos embaixadores, que ajudam a reforçar nossos valores e alinhamos a avaliação de desempenho com a cultura da empresa – o RH tem que estar intimamente ligado ao estratégico”, definiu Rafael Leopoldo, gerente de Growth e Tecnologia da Selbetti. 

AS EXPERIÊNCIAS DOS ECOSSISTEMAS DO SUL

O desenvolvimento de ecossistemas no Sul do país foi tema de um painel no segundo dia da Expoinovação reunindo os cases de Florianópolis, Joinville e Curitiba. Em SC, a experiência de Florianópolis, que cresceu vertiginosamente em volume de startups ao longo da última década, ajudou outras cidades a trilharem um caminho a partir da criação de eventos, programas de capacitação e cultura empreendedora. 

“Joinville começou a se movimentar especialmente a partir de 2015, quando o primeiro Startup Weekend nos ajudou a entender a importância da inovação e isso chegou às entidades e setor público”, lembra Fabiano Dell’Agnolo, do Join.valle, que lembrou da evolução do ambiente de inovação desde então – e dos bons resultados da cidade em rankings nacionais de empreendedorismo.

Para Vanessa Bridarolle, gerente de Desenvolvimento de Negócios na HotMilk (PUC/PR), referência no ambiente tech de Curitiba, “o que pode fazer diferença para o desenvolvimento de um ecossistema é oportunizar conexões. Muitos líderes de grandes empresas não entendem de inovação, existe uma ignorância nesse caso. Nós como universidade temos que fazer essa conexão, ajudar a educar o mercado trazendo uma comunicação mais simples”.

Daniel Leipnitz, ex-presidente da ACATE (2016-2020) durante um período de grande expansão na TI catarinense, destacou que um indicador relevante sobre o desenvolvimento de ecossistemas está nas origens dos empreendedores que prosperaram: “em alguns locais, a grande maioria de quem monta uma startup é filhinho de papai, que já tem recursos. O que vemos por exemplo em Florianópolis é diferente. Grande parte de quem ganhou dinheiro desenvolvendo negócios veio de baixo, batalhou e isso transforma o ecossistema”.