Especial 08 de Março: “Queremos aumentar a presença de mulheres negras e indígenas no marketing digital”

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Especial 08 de Março: “Queremos aumentar a presença de mulheres negras e indígenas no marketing digital”

Rosângela Menezes, fundadora da Awalé, transformou seu propósito em plataforma de educação profissional feminina para o mercado digital

Rosângela Menezes, fundadora da Awalé, transformou um propósito pessoal em plataforma de formação profissional feminina para o mercado digital. “É importante que mulheres façam parte de comunidades para se fortalecerem”, ressalta.


[FLORIANÓPOLIS, 08.03.2024]
Redação SC Inova,
scinova@scinova.com.br 

QUEM É:

Nome: Rosângela Menezes
Cargo: Fundadora e Diretora Executiva da Awalé
Formação: Licenciatura em Física e Jornalismo e MBA em Big Data aplicado ao Marketing

Premiações:

  • Programa Mindshifters – Mentes que Transformam – RD Station 2021
  • Top 100 Profissionais Digitais 2022 / 2023 – Cloudez

A JORNADA NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO EM SC 

Fundei a Awalé em 2021 com objetivo de aumentar o número de mulheres negras e indígenas trabalhando com Marketing Digital. Antes de me dedicar exclusivamente a Awalé, trabalhei em agências de comunicação e empresas de tecnologia em Florianópolis. Além disso, atuo como mentoras de startups e participo ativamente de Startups Weekends pelo estado.

A Awalé tem sido uma oportunidade de trazer profissionais experientes para atuar como mentoras nas nossas formações, mas também de convidar empresas e profissionais de marketing para co-criar soluções que crie pontes para que mais mulheres negras e indígenas possam se capacitar para trabalharem no mercado digital.

OS DESAFIOS E A SUPERAÇÃO

Existem dois pontos que acabam sendo balizados por uma inteserccionalidade de raça e de gênero. Enquanto mulher, precisamos lidar com o machismo e provar nosso conhecimento constantemente, mas essa questão é ainda mais latente em uma sociedade pautada pelo racismo estrutural que historicamente colocou a mulher negra na base da pirâmide.

Outro ponto foi acesso a crédito. A Awalé iniciou como um projeto pessoal, quando viramos empresa e passamos a utilizar ferramentas pagas em dólar, tive que correr atrás de crédito nos bancos e isso foi até aqui o maior desafio enfrentado.

A questão financeira foi resolvida quando aumentamos o faturamento, mas lidar com questões do machismo e racismo é uma batalha diária que supero com a comunidade Awalé, com as alunas, as mentoras e todas as pessoas apoiadoras do projeto.

EQUILÍBRIO ENTRE VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL

A Awalé é uma edtech tocada por mulheres para causar impacto positivo na vida de mulheres negras e indígenas. Todo o time é formado por mulheres, as mentoras são mulheres e as facilitadoras também. Então, no dia a dia, lido com poucos homens.

Contudo, nesses três anos busco fora do ambiente de trabalho fazer coisas que possam carregar as energias: terapia, exercício físico, ler, fazer trilhas… Trabalhar com o impacto social é exaustivo, principalmente porque existe o senso comum de que negócios de impacto não dão lucro e é preciso muita resiliência para correr atrás de apoiadores, de recalcular a rota quando o modelo de negócio precisa de ajustes e tudo mais.

Para que a empresa funcione e para que os treinamentos sejam pensados para agregar valor na vida das alunas, eu preciso estar bem na pessoa física.

“Quando viramos empresa e passamos a utilizar ferramentas pagas em dólar, tive que correr atrás de crédito nos bancos e isso foi até aqui o maior desafio enfrentado”

IMPACTO E CONTRIBUIÇÕES PESSOAIS PARA O ECOSSISTEMA

Um dos fatores mais apontados para que empresas invistam em políticas de diversidade e inclusão é a contribuição para a inovação. Mas, pessoalmente, não acredito que se colocar várias pessoas diversas em uma sala, elas sairão com um produto criativo e inovador. 

Acredito que uma das principais contribuições da Awalé para o ecossistema catarinense é trazer a questão da diversidade e inclusão de mulheres negras e indígenas para o mundo da prática e não apenas das ideias. E temos feito isso trazendo profissionais para pensar em formações, mentoras para tornar a jornada de aprendizado de nossas alunas mais produtivas e encontrar empresas apoiadoras que patrocinem nossos cursos e nos ajudem a fazer o negócio acontecer.

E claro, temos formado mulheres para trabalhar em empresas digitais com habilidades que muitas das vezes são aprendidas de forma empírica quando entramos no mercado de trabalho. 

Já finalizamos 5 turmas para formação de redatoras com foco em SEO e estamos com a primeira turma de formação de analista de conteúdo em andamento. Em quase 3 anos, impactamos positivamente cerca de 150 mulheres nas cinco regiões do Brasil. Até a turma 5, 73% das nossas alunas estavam trabalhando com marketing digital.

VISÃO DE FUTURO: COMO AMPLIAR A PRESENÇA FEMININA NO MERCADO DE TI? 

Acredito no poder do coletivo para gerar transformações positivas. Dessa forma, penso que é importante que mulheres façam parte de comunidades em que possam se fortalecer, trocar experiências e buscar formas de acessar os espaços, como a comunidade Awalé, Mulheres Acate, Sebrae Delas etc. Outro ponto importante é seguir em uma jornada de aprendizagem contínua, participando principalmente de programas de aceleração de carreira e de empresas que tenham vagas afirmativas para mulheres.

Aos jovens, digo para seguir estudando, buscando oportunidades afirmativas e se preparando principalmente com as habilidades socioemocionais. Contudo, reforço ainda mais para levar a vida com leveza, que estude e busque oportunidades de ter carreira próspera, mas sem abdicar das coisas que acontecem no offline. 

A vida é um sopro.