Hub 4.0 envolve laboratórios de inovação de grandes empresas, como Schulz e Krona (foto), além de projetos de teste de tecnologias para cidades inteligentes em Joinville, capital industrial do estado. / Foto: Divulgação
[JOINVILLE, 28.11.2022]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
Mapear novos projetos, oportunidades e caminhos dentro das indústrias da região, centros de inovação, associações e universidades são os principais objetivos do HUB 4.0, novo canal de integração criado em conjunto entre players do setor em Joinville para ampliar as ações do ecossistema local em indústria 4.0. Os encontros – como o mais recente, que aconteceu no dia 21 de outubro, de forma híbrida – ocorrem no parque tecnológico Ágora Tech Park, um “catalisador” da iniciativa, já que grandes empresas do polo industrial e metal-mecânico do país instalaram labs de inovação no local.
Uma delas é a Schulz, que inaugurou em abril do ano passado o Schulz Lab, espaço de inovação da empresa focada na realização de testes de performance, pesquisa e análise de dados de compressores e do setor automotivo, visando a melhoria dos produtos. Além dos testes de novos produtos, o novo espaço pretende contribuir com o desenvolvimento da comunidade acadêmica. A partir de programas de extensão, os estudantes das universidades poderão colocar em prática os conhecimentos e aplicação de novas tecnologias na área de engenharia.
“Joinville vem criando movimentos que fomentam a inovação e estimulam o desenvolvimento sustentável da região, consolidando assim um ecossistema muito articulado e inspirador para outras regiões do país. E a indústria torna-se um dos principais atores deste movimento, onde buscamos entender os conceitos mais principalmente aplicar as melhores práticas 4.0”, explica Alexsandro Foyth, especialista de Inovação da Schulz.
Um dos exemplos dessa integração é a implantação de dispositivos de IoT e integrar sistemas, tornando a melhoria dos processos já automatizados, mantendo a competitividade e criando vantagens para as empresas. “O primeiro passo é que o tema tenha espaço estratégico junto à alta direção. É a partir deste ponto que se desdobram as ações para diagnosticar a maturidade 4.0 da empresa, expõe as oportunidade de melhoria, prioriza os projetos, indica a aquisição de tecnologias e ferramentas de gestão, capacitação de equipes e operacionalização dos sistemas”, aponta Foyth.
Iniciativa semelhante é a da Krona, uma das maiores fabricantes de tubos e conexões do Brasil, que inaugurou no Ágora em agosto o Krona Lab. Segundo o gerente de Engenharia da Krona, Israel Furtado, a empresa, que tem três das suas quatro unidades em Joinville, tem como seus pilares a inovação, a indústria 4.0 e a transformação digital.
Em fevereiro de 2021, a empresa inaugurou sua quarta unidade industrial no país com um laboratório-fábrica no Perini Business Park para testar a aplicação das tecnologias da indústria 4.0 em seus produtos. A estratégia faz parte da expansão da companhia para os próximos anos.
Com 80 funcionários e investimento inicial de R$ 15 milhões, a unidade produz acessórios de PVC e uma linha de produtos para água quente de CPVC que atenderá um mercado no qual a empresa está ingressando. Na Krona Ultraterm – como foi batizada a nova unidade – serão produzidas mensalmente 180 toneladas de acessórios, que serão agregadas às outras mais de 200 toneladas/mês já fabricadas pela empresa.
“Temos nossas plantas produtivas conectadas, gerando dados que nos proporcionam a tomada de decisão com assertividade e rapidez. O Krona Lab nos possibilita abrir as fronteiras, dividir o conhecimento adquirido e agregar novos conhecimentos através da interação com outros entes como universidades, startups, corporates e instituições”, explica Furtado.
Com o Krona Lab a empresa também criou o iNOVAKrona, programa de inovação que será propulsor para acelerar a inovação e fortalecer a cultura de inovação na companhia. “Queremos fortalecer e expandir esses conceitos. O Krona Lab tem o objetivo de gerar conexão com o ecossistema de inovação, desenvolvimento de parcerias, prototipação de ideias e inovação aberta”, completa o gerente da Krona.
Outra empresa que se destaca no ecossistema 4.0 na região é o Grupo AllTech, com sede no Perini Business Park e que desenvolve soluções em usinagem e em injeção plástica. A empresa criou uma divisão especializada em robotização, em função da crescente demanda da indústria. “Recebemos pedidos de nossos clientes para automatizar processos usando robôs, reduzindo custos de produção, proporcionando aumento de produtividade e repetibilidade. Estas são as dores do mercado que estamos ajudando a resolver”, comenta Rafael Simeoni, Head de Indústria 4.0 do Grupo AllTech.
A empresa já atua com soluções robotizadas há anos com parceiros, mas desde fevereiro de 2021 passou a internalizar o processo de consultoria e implantação de robôs na indústria. “Estamos ajudando os clientes desde o primeiro momento, entendendo as métricas dentro do processo para verificar nível de produtividade, desperdício e outras perdas para entender como a robotização pode melhorar os resultados”, comenta Rafael.
Também participam do Hub 4.0 grandes empresas como a consultoria KPMG, Eleven Done, Macnica DWH, Grupo Alltech, Stefanini e a varejista Clamed, além de entidades (ABIMAQ, ABII, ABINFER, Join.valle e o Instituto de Qualidade Automotiva – IQA, Núcleo de Inovação Tecnológica da ACIJ) e universidades como Univille, UDESC e UFSC e o parque tecnológico Inovaparq, além do Ágora. Entre os próximos passos do projeto estão o mapeamento de projetos e oportunidades dentro das empresas, centros de inovação, associações e universidades que compõem o Hub.
“Temos uma diversidade de participantes que nos permite ter uma visão ampla de como gerar projetos para a indústria 4.0. É um movimento inédito conectando academia, empresas e entidades conectadas e que pode transformar a realidade da indústria local – e do próprio ecossistema de tecnologia e inovação”, resume Ricardo Fantinelli, coordenador de Inovação do Ágora Tech Park.
“Poucas indústrias estão de fato preparadas para o 4.0. Um dos desafios, por exemplo, é a implantação do 5G nas cidades, porque a própria implantação do conceito 4.0 passa por usar essa tecnologia nas comunicações. Então, enfrentamos uma série de desafios no aspecto de infraestrutura geral e tecnológica”, comenta Fabiano Dell’Agnolo, executivo do Join.valle, entidade de fomento ao ecossistema local.
“O tema Indústria 4.0 tem total conexão e grande relevância para Joinville por causa da quantidade de empresas com perfil industrial. O que nós temos feito é apoiar todos os programas e projetos que visam desenvolver a Indústria 4.0, de maneira a trazer cada vez mais competitividade e eficiência para a nossa indústria já instalada. Esse é o caminho, e é um caminho sem volta”, resume.
PERINI CITY LAB: “SMART STREET” INTEGRA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O laboratório de soluções para as áreas de mobilidade urbana, monitoramento, gestão municipal e urbanismo do Perini Business Park está iniciando uma nova fase. A Smart Street, uma rua conectada por dispositivos eletrônicos e com uma infraestrutura de transmissão e armazenamento de dados, também contemplará a detecção de eventos sonoros, anonimização de faces e leitura de placas de veículos (LPR), além de integrar projetos desenvolvidos em conjunto com a UDESC.
Um dos exemplos da parceria com a universidade estadual é o sensoreamento de temperatura e umidade dos gabinetes que acomodam o hardware da Smart Street, do nível de lixeiras do parque e o gerenciamento do estacionamento do Ágora Tech Park através de software de Inteligência Artificial. Segundo a Macnica DWH, gestora do Perini City Lab, os novos sensores devem permitir a chegada de novas parcerias com empresas e entidades públicas e privadas para intercâmbio de projetos de tecnologias instaladas através do Perini City Lab.
Uma ferramenta para avaliação de soluções para cidades inteligentes está sendo construída em parceria com a Unicamp. E na área privada, o City Lab também vai desenvolver um projeto piloto em parceria com uma empresa de tecnologia de Taiwan para uma solução completa voltada para cidades e ambientes inteligentes, contemplando gestão de tráfego, gestão de estacionamentos, gestão de resíduos, gestão da iluminação pública e segurança.
Atualmente, a Macnica DWH opera cinco espaços dedicados à inovação na área de cidades inteligentes. O minimercado autônomo (121 Smart Shop), robô cortador de grama (Metro Cúbico Paisagismo e Jardinagem), plataforma de compartilhamento de vans (Share2Go), compostagem acelerada de resíduos orgânicos (Organa Biotech), coleta de resíduos de Isopor (Isopor Amigo).
Desde que foi lançado em 2019, o City Lab serviu como laboratório de testes para 11 projetos, em verticais como saúde (Ágora Health, que inclui a farmácia-conceito Clamed Health Center, a clínica oftalmológica inteligente Sadalla.Smart e mais recente o lab de inovação InovaDona, do Hospital Dona Helena), mobilidade (parceria com o Waze Carpool e validação dos veículos elétricos compartilhados da startup GoMoov), sustentabilidade (gestão de resíduos). Há algumas semanas, o projeto foi vencedor do prêmio LIDE na categoria Cidades Inteligentes.
“O tema Indústria 4.0 tem total conexão e grande relevância para Joinville por causa da quantidade de empresas com perfil industrial. O que nós temos feito é apoiar todos os programas e projetos que visam desenvolver a Indústria 4.0, de maneira a trazer cada vez mais competitividade e eficiência para a nossa indústria já instalada. Esse é o caminho, e é um caminho sem volta”, resume Fabiano, do Join.valle
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