Motorista PX, de Joinville, chegou ao mercado no início de 2020 e pretende mudar forma de relacionamento entre empresas e profissionais no setor de transportes, reduzindo custos fixos e dando autonomia aos motoristas. / Fotos: Aline Franke
[JOINVILLE, 07.05.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
O setor de logística e transporte rodoviário tem sido um filão para muitas startups brasileiras, especialmente para resolver problemas como conectar quem tem cargas a entregar e quem pode fazer o transporte – caso de empresas como CargoX e Truck Pad.
Mas há um outro foco, ainda inexplorado pelas logtechs, que é o da capacitação de motoristas para atuarem como empreendedores a empresas com dificuldade em contratar e selecionar estes profissionais. Esta foi a ideia que levou à criação da Motorista PX, startup fundada há pouco mais de um ano, em Joinville, pelos empreendedores Djefrei Pasch e André Oliveira.
Desenvolvida ao longo de 2019, a Motorista PX entrou no mercado de fato em janeiro deste ano, com a perspectiva de dobrar o volume de clientes a cada mês nos primeiros meses. Neste período, a startup já cadastrou mais de 400 motoristas e conta com seis empresas clientes, que realizaram cerca de 100 viagens com profissionais contratados pela plataforma. Em fevereiro, foi uma das selecionadas para participar da turma de Joinville do programa de capacitação Startup SC.
Durante dois anos, enquanto fazia faculdade de Direito, Djefrei trabalhava durante o dia como motorista de uma empresa em Joinville e, após a graduação, continuou se relacionando com a categoria, sendo responsável por treinamento e contratação de outros profissionais.
“Sentia na pele a dificuldade não só de selecionar pessoal qualificado para trabalhar como motorista mas também para retê-los – e o custo do treinamento acabava sendo desperdiçado. Era sem dúvida uma dor latente para a empresa”, recorda o diretor de Operações. Anos depois, atuando já como advogado, seguiu envolvido em processos ligados à área de transporte até que, em 2018, surgiu a possibilidade de criar um modelo de contratação de motoristas via aplicativo/plataforma.
“Eu tinha pensado na ideia, estruturei a parte jurídica, mas precisava de apoio para viabilizar a empresa em si, pois eu não não tinha experiência empreendedora. Aí entrei em contato com o André, que já tinha montado uma startup antes e com o tempo vimos que poderíamos ser sócios nesse projeto”, comenta Djefrei.
PERSPECTIVAS E PARCERIAS ESTRATÉGICAS
A paralisação da economia em função da pandemia do novo coronavírus freou a expansão inicial da empresa ao longo de abril, mas a retomada no crescimento deve acontecer ainda ao longo de maio, acredita o diretor comercial André Oliveira. “Temos também algumas parcerias estratégicas que nos ajudam a disseminar a ideia para o mercado. Uma delas é com a Federação de Transportes de Carga de Santa Catarina, que tem fomentado a solução pelo estado, e com a Transpocred, banco que atua neste segmento, parceiro em várias ações e que pretende desenvolver linhas de crédito para os motoristas”, comenta.
No meio do processo de desenvolvimento da startup, quem entrou no time como mentor, investidor-anjo e agora diretor executivo Cacio Packer, ex-Senior, que liderou na empresa de Blumenau iniciativas como um dos primeiros programas de Corporate Venture em Santa Catarina.
“Dá pra melhorar a experiência do transporte do país, gerando rentabilidade para a transportadora e liberdade para o motorista”, diz o investidor e diretor Cacio Packer
“O que chama a atenção é que se trata de um setor gigante, estratégico para o Brasil e cheio de problemas para serem resolvidos. Um deles é a questão do motorista, recurso essencial mas que muitas vezes gera uma dificuldade de gestão às empresas”, ressalta Cacio, que dividiu a rodada de investimento anjo na Motorista PX com Paulo Schmidlin, fundador da SOFtran, adquirida pela Senior em 2015.
Os empreendedores comentam que, no modelo CLT, a rotina de gestão de motoristas costuma gerar uma série de custos adicionais à empresa, de horas-extra a processos jurídicos. “A contratação por meio da tecnologia, com motoristas previamente qualificados, dá previsibilidade à empresa na questão de custos. A demanda no mercado de logística e transportes oscila muito, então às vezes tem falta motorista, às vezes sobra, a vantagem é trabalhar sob disponibilidade”, ressalta o cofundador André.
Como ressalta Cacio: “dá pra melhorar a experiência do transporte do país, gerando mais rentabilidade para o negócio da transportadora e liberdade para o motorista”.
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