Da consultoria em saúde para a tecnologia, a Gestão OPME cria laboratório de inovação para o mercado de operadoras

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Da consultoria em saúde para a tecnologia, a Gestão OPME cria laboratório de inovação para o mercado de operadoras

Fundada pelo casal Andréa e Rodrigo Bergamini, empresa de Florianópolis cresce a uma média de 30% ao ano ajudando o setor de saúde suplementar a reduzir custos em procedimentos com implantes.

Fundada pelo casal Andréa e Rodrigo Bergamini, empresa de Florianópolis cresce a uma média de 30% ao ano ajudando o setor de saúde suplementar a reduzir custos em procedimentos com implantes. Foto: Danielle Rheder

[FLORIANÓPOLIS, 29.01.2019]
Por Fabrício Umpierres, editor – scinova@scinova.com.br 

Uma das atividades mais complexas – e custosas – para as operadoras de saúde é a que envolve procedimentos e cirurgias com dispositivos médicos implantáveis (pinos, stents, próteses etc). Além do alto custo dos produtos, em função de sua complexidade e tecnologia, há outras questões como a especificação técnica das OPMEs (órteses, próteses e materiais especiais) e a análise sobre reais benefícios clínicos aos pacientes – uma área que demanda doses equivalentes de conhecimento técnico e gestão.

Um mercado que a enfermeira Andréa Bergamini conhecia bem tanto do lado hospitalar, onde começou a carreira, quanto do lado das operadoras de saúde – área em que passou a atuar anos depois. E a partir de 2011, se transformou em um negócio próprio, quando fundou em Florianópolis junto com o marido, o administrador Rodrigo Bergamini, a consultoria chamada Gestão OPME. “A ideia era fornecer meu conhecimento técnico para ajudar as operadoras de saúde a entender e otimizar os custos em dispositivos médicos implantáveis – e entendendo também a necessidade do paciente”, resume Andréa.

Filha de militar, ela viveu a rotina de mudanças pelo país até se estabelecer na capital catarinense com o marido, em meados dos anos 2000. Natural de Manaus, ela se formou em Enfermagem em Niterói (RJ), fez mestrado em Ciências da Saúde e depois se mudou para Brasília com o mineiro Rodrigo, oficial da Marinha e formado em Administração. Após uma experiência em instituições como o hospital Sarah Kubitschek e a Fundação Zerbini, Andréa foi convidada para montar o setor de OPME da Unimed em Florianópolis e assim acabou do outro lado do balcão. Alguns anos depois, virou consultora e começou a montar uma equipe própria no início de 2011 que acabou se tornando a Gestão OPME.

Ao longo de quase oito anos, a consultoria incorporou um viés de tecnologia para o desenvolvimento de produtos e serviços e hoje atende 60 clientes corporativos (operadoras, hospitais e autogestões de saúde) – o que representa mais da metade do mercado de saúde suplementar do país – e emprega 30 pessoas, entre consultores, profissionais de saúde, tecnologia, marketing e vendas. Em 2018, a empresa calcula ter ajudado seus clientes a economizar mais de R$ 10 milhões a partir de serviços implantados.

“A área de OPMEs sempre teve produtos muito caros. Quando surgiram os primeiros stents coronarianos, cuja implantação substituía a cirurgia de ponte de safena, eles custavam o preço de um carro popular novo. Não fechava a conta nem do SUS nem das operadoras. Hoje há muito mais opções no mercado, e também é preciso entender o comparativo técnico entre todas essas opções além de avaliar, com uma visão clínica, se esse procedimento de fato trará benefício ao paciente”, explica Andréa.

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Segundo a empresa, um de seus clientes – com atuação regional e de médio porte –  conseguiu reduzir R$ 109 mil em uma única conta a partir do serviço de negociação com fornecedores e padronização de tabelas de OPME. “Com experiência de mercado conseguimos perceber o quanto uma consultoria especializada em OPME pode auxiliar o segmento de saúde. Isso aumenta a eficiência, reduz os custos e garante a qualidade de atendimento ao paciente”, afirma a fundadora.

A consultoria, que inicialmente fazia treinamentos presenciais às operadoras, precisou se voltar para o ambiente digital para escalar o volume de serviços. E foi assim que foi, aos poucos, se tornando uma empresa com foco em tecnologia. Primeiro, passou a oferecer capacitações na modalidade em uma plataforma de ensino à distância que, somada à modalidade presencial, já certificou mais de 1,5 mil profissionais. Depois passou a oferecer aos clientes uma plataforma detalhada pela qual é possível fazer a busca pelos produtos implantáveis, com especificações e valores.

INOVAÇÃO DENTRO DE CASA

No ano passado, a empresa ampliou a receita (não divulgada) em 35% e criou um laboratório de inovação, o OPME Lab, para desenvolver novos produtos e serviços para as operadoras. De acordo com Rodrigo, 20% do orçamento da empresa neste ano será destinado à pesquisa e desenvolvimento.

Funcionários da empresa Gestão OPME

Equipe da Gestão OPME, de Florianópolis: plataformas de capacitação e inovação em serviços impulsionam os negócios. / Foto: Danielle Rheder

Uma das primeiras soluções criadas a partir do laboratório de inovação é a plataforma Junta Médica e Segunda Opinião Médica, que conecta a operadora a uma rede de profissionais especializados para avaliar o parecer técnico, além de dar agilidade ao processo pré-operatório. “A plataforma foi construída em conformidade com a legislação do Conselho Federal de Medicina e tem validade documental. O objetivo é garantir a segurança do paciente em primeiro lugar e dar agilidade aos processos de liberação”, explica Rodrigo.

A tarefa da equipe do OPME Lab é identificar outras oportunidades para desenvolvimento de novos produtos a partir de necessidades de mercado. Duas tendências já estão mapeadas e devem ganhar corpo ao longo do ano: uso de blockchain para rastreabilidade de próteses e inteligência artificial.

“Se for preciso fazer o recall de uma prótese, fica muito mais fácil e seguro contar com uma gestão de rastreabilidade, por exemplo”, diz o diretor, que espera fechar 2019 com uma expansão de 30% no faturamento. “Estimamos que esse crescimento virá em função de novos produtos e de soluções que tragam resultados efetivos”.

Reportagem: Fabrício Rodrigues – scinova@scinova.com.br