[Cultura Digital] Realidade virtual e o futuro do orgasmo online

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[Cultura Digital] Realidade virtual e o futuro do orgasmo online

O sexo e a tecnologia podem se relacionar de maneiras muito diferentes, ajudando a romper travas, deficiências e carências. Ainda mais na era virtual.

O sexo e a tecnologia podem se relacionar de maneiras muito diferentes, ajudando a romper travas, deficiências e carências. Na era do contato virtual, novas plataformas  e oportunidades (de negócios ou de relacionamento) ditam um novo estilo de vida adulto.


[05.02.2021]


Por Alexandre Adoglio, CMO na Sonica e empreendedor digital.
Escreve semanalmente sobre Cultura Digital para o SC Inova 

A ex-professora Courtney Tillia jamais esperava alcançar fama internacional quando se dedicou ao magistério e por muitos anos realizou seu sonho de lecionar para crianças com necessidades especiais. Impelida a buscar alternativas de trabalho devido ao bloqueio causado pela pandemia do COVID-19, que afastou-a de seus alunos e da renda que a sustentava, a morena de Los Angeles decidiu começar a postar fotos em uma rede social dedicada ao público adulto.

Mãe de quatro filhos e apoiada pelo marido, ela rapidamente ganhou notoriedade se tornando uma das preferidas no OnlyFans, a tal rede social onde os “adultos” podem assinar conteúdos exclusivos e quentes de mulheres em trajes ínfimos. Em pouco tempo sua renda saltou dos modestos ganhos de professora para seis dígitos, proporcionando uma vida que ela jamais sonharia trabalhando no quadro negro.

Sem arrependimento em se tornar uma profissional do sexo, Tillia se junta ao grande número de pessoas que viu suas vidas transformadas pela quarentena e que puderam se apoiar na tecnologia para uma nova fase de vida, desta vez alavancada por uma das necessidades mais básicas do ser humano: o sexo (virtual).

OPORTUNIDADES SEXUAIS

Lançado em 2016, OnlyFans é uma plataforma de mídia social baseada em assinatura, onde os usuários podem vender e/ou comprar conteúdo original – normalmente pornográficos. Quando utilizado como um site adulto, os usuários postam vídeos e fotos NSFW (not safe for work) em suas contas, que são protegidas por um acesso pago.

Para obter acesso ao conteúdo, um indivíduo deve pagar uma taxa de assinatura mensal que varia entre US$ 4,99 e US$ 49,99. Os níveis de experiência variam de usuário para usuário, com alguns criadores profissionais do sexo que estão na indústria muito antes de a plataforma existir. 

Estrelas pornô, acompanhantes e modelos de webcam estão entre aqueles que expandiram seus serviços e complementaram sua renda por meio de OnlyFans; enquanto outros criadores tinham pouca ou nenhuma experiência de trabalho sexual antes dos bloqueios. Bombando neste período de afastamento social, a plataforma alcançou audiência recorde e está entre as mais cotadas para as próximas rodadas de investimento, recebendo inclusive uma petição no fórum WallStreetBets do Reddit.

Embora OnlyFans tenha sido lançado inicialmente como uma plataforma baseada em assinatura para conteúdo exclusivo, não demorou muito para que se tornasse sinônimo de trabalho sexual, atraindo inclusive personalidades de outras áreas para sua base, promovendo uma nova era na discussão sobre os limites parentais de acesso, incluindo petições para bloqueio facial de menores de 18 anos.

Nesta questão já entra como marco histórico da plataforma a ex-atriz da Disney, Bella Torne, que faturou U$ 1M com suas fotos em menos de 24 horas em seu perfil do Only Fans após uma ousada ação de RP.

EDUCAÇÃO SEXUAL COMEÇA EM CASA. #SQN 

Em seu podcast Future of Sex, Bryony Cole passa muito tempo falando nisso, ou, mais especificamente, naquilo. Como apresentadora ela conversa com empreendedores do sexo, especialistas da indústria, terapeutas sexuais e, ocasionalmente, futuristas com o objetivo de entender como estaremos fazendo isso nos próximos anos. 

Em suas entrevistas, ela é inteligente e envolvente, atraindo seus assuntos para discussões sobre sexualidade de uma forma totalmente aberta e desarmante. Até agora, ela abordou tópicos tão díspares quanto a cultura de fotos de pau, bonecas sexuais com inteligência artificial e a ascensão da teledildônica – tudo enquanto dissecava noções de vergonha e tabu, incluído aí um TED que está entre os mais assistidos de 2019.

Indo além do simples foco “naquilo”, Bryony aborda questões que nos assolam diariamente, como o aumento de divórcios durante a pandemia e como uma vida sexual mais ativa pode não só salvar seu casamento mas também lhe trazer ideias que fariam qualquer boomer infartar.

Já no estudo Sex Tech da Kinsey Institute at Indiana University, descobriu-se que a tecnologia facilita as interações sexuais e emocionais, e que as pessoas com maior auto aceitação sexual estavam mais satisfeitas com suas vidas.

DILDOS, TOYS & GADGETS 4.0 PLUS

Muito bem explorados na série Westworld, robôs sexuais vem gerando discussões sobre um futuro potencial que envolve a substituição dos relacionamentos carne e osso por silício e circuitos. Uma exposição que rodou a Austrália em 2019, com o nome Sinta o Futuro, expôs a sexualidade em um novo estilo de vida adulto, indo bem além das bonecas sexuais top de linha para:

Acessórios sexuais para sexo solo ou em casal como tecido semelhantes à pele, faixas de movimento, duração da bateria e controle sem fio mais naturais são as principais áreas de inovação. Dispositivos como o We-Vibe estão mais acessíveis inclusive agora sendo vendidos pela Amazon. Recentemente, o We-Vibe fez acordo com seus usuários – após ação coletiva – por rastrear remotamente o uso do dildo online. (Toma, Facebook!).

O sexo e a tecnologia podem se relacionar de maneiras muito diferentes, ajudando a romper travas, deficiências, carências ou mesmo aumentar o prazer e a excitação. Porém é de se lembrar que nada, nem qualquer coisa, irá substituir o toque e a presença, como estamos duramente sendo lembrados nos últimos tempos.

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