Dados são da plataforma Crunchbase, que não representam a totalidade dos negócios no estado. Resultado, porém, mostra avanço no volume de aportes e representa mais do que o dobro do total investido no estado em 2018.
[FLORIANÓPOLIS, 14.01.2020]
Doze empresas de diferentes portes, segmentos e regiões catarinenses captaram um total de R$ 250,5 milhões via fundos de capital de risco nacionais e internacionais em 2019. É o que aponta levantamento feito pela Escola do Financeiro com exclusividade para o SC Inova, a partir de dados da plataforma CrunchBase. Ao todo, estão listados 13 aportes em 12 empresas (uma delas recebeu duas rodadas), com valores envolvendo toda a escala de investimentos de risc: anjo, pré-seed, seed, série A em diante)
A lista da CrunchBase, porém, não representa a totalidade dos deals realizados com empresas catarinenses. Além destas, destacamos também outros investimentos registrados pelo SC Inova ao longo de 2019, como o aporte de R$ 9 milhões na Movidesk e os R$ 15 milhões que entraram no caixa da AMcom, ambas de Blumenau. Há também outras startups que receberam recursos via Rede de Investimento Anjo (RIA SC), que não estão nos dados da plataforma.
Ali estão startups como a Hallo! (Blumenau), que desenvolve apps de comunicação e relacionamento para instituições financeiras ; a Convenix (Joinville), de soluções para benefícios corporativos; e a Black Purpurin (Florianópolis), plataforma maker para Moda 3D, que receberam investimentos-anjo entre R$ 150 mil e R$ 250 mil.
Na faixa de capital semente (seed), as manezinhas GeekHunter (plataforma de seleção e contratação de profissionais de TI) e a ClipEscola (soluções digitais para escolas, alunos e pais) receberam, cada, R$ 2 milhões. Neste mesmo perfil de capital, a Datarisk (também de Florianópolis) – plataforma preditiva anti-fraude – teve investimento de R$ 2,5 milhões, enquanto a joinvilense VarejOnline – sistema de gestão para lojas, franquias e pontos de venda – recebeu R$ 3 milhões e a Fractal Engenharia (Florianópolis) – sistemas inteligentes para setor hidrelétrico – engordou o caixa com aporte de R$ 4,5 milhões.
Em um patamar acima, destaque para negócios como os R$ 8 milhões investidos pela Valor Capital na startup de saúde TNH Health, com sede em Rio Negrinho, no Norte catarinense, e que usa chatbots para educar, engajar e monitorar pacientes. A Knewin, nascida em Florianópolis e que desenvolve uma plataforma de recuperação de informação, recebeu em outubro um venture round de R$ 12,9 milhões. Em 2018, noticiamos o aporte de R$ 3 milhões na empresa feito à época pela Inseed/Criatec 3. Em novembro, foi a vez da Exact Sales (desenvolvedora de software para aceleração de vendas complexas) entrar na lista, com o investimento do fundo Astella no total de R$ 15 milhões.
Tendência é de que os tíquetes médios por investimento continuem crescendo – em 2019, este valor foi de R$ 20 milhões. “Mais apostas estão sendo feitas em menos empresas”, avalia o especialista Rodrigo Ventura.
Representando mais de 70% do total deste valor está a Resultados Digitais, que chegou à quarta rodada de venture capital (série D), com o investimento de R$ 200 milhões feito pela Riverwood Capital em novembro. Este é o mais alto valor já recebido por uma empresa latino-americana no segmento de software como serviço (SaaS, software as a service) e posiciona a companhia fundada em Florianópolis no início dessa década como um provável “unicórnio” do ecossistema brasileiro de startups e scale-ups.
Ao todo, o total listado pela Crunchbase em 2019 representa mais do que o dobro investido em companhias do estado em 2018 e supera em mais de R$ 70 milhões o resultado de 2017 – ano com maior volume de deals (17) nesta década. Na opinião de Rodrigo Ventura, fundador da Escola do Financeiro e experiente analista do mercado de venture capital, o fato mais relevante é o aumento do tíquete médio destes investimentos, que passou de R$ 12 milhões para R$ 20 milhões em 2019. “Esta é uma tendência forte, que deve aumentar nos próximos anos. Mais apostas estão sendo feitas em menos empresas porque os investidores querem acertar uma tacada grande antes de pulverizar seus recursos novamente”, conclui.
Texto: Fabrício Umpierres Rodrigues, scinova@scinova.com.br
[CORREÇÃO: A plataforma Crunchbase listou erroneamente a empresa chinesa PlatON, de Shangai, que recebeu R$ 40 milhões de investimento, como sendo a homônima Platon, com sede em Lages. Com isso, os valores foram alterados com relação à postagem inicialmente publicada]
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