Catarina Capital: nova gestora quer integrar ecossistema de SC ao mercado financeiro e investidores nacionais e internacionais

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Catarina Capital: nova gestora quer integrar ecossistema de SC ao mercado financeiro e investidores nacionais e internacionais

Iniciativa prevê fundos de venture capital e imobiliários, aceleradoras de Economia Criativa e projetos de educação empreendedora.

Iniciativa quer colocar o estado no mapa do capital inovador a partir de fundos de venture capital e imobiliários, aceleradoras de Economia Criativa e projetos de educação empreendedora. Na foto, parte da equipe gestora (Divulgação/Catarina Capital). 


[FLORIANÓPOLIS, 28.10.2020]
Fabrício U. Rodrigues, editor SC Inova – scinova@scinova.com.br 

Criar uma via de integração direta entre o ambiente de inovação e empreendedorismo de Santa Catarina com o mercado financeiro (de grandes centros nacionais e internacionais) e investidores a partir de fundos de venture capital, programas de aceleração de startups, educação e projetos imobiliários.

É para articular esse ecossistema particular que foi criada a gestora Catarina Capital, com uma missão audaciosa: desenvolver uma série de produtos financeiros a partir do potencial instalado de tecnologia em Santa Catarina, trazendo dinheiro de fora e, ao mesmo tempo, convencendo grandes investidores locais e family offices a considerar o estado como um ativo de alta rentabilidade.

Quem está à frente das articulações do Catarina Capital é Thiago Lobão, profissional com experiência em venture Capital como sócio e ex-executivo da SP Ventures, gestora responsável pelos primeiros fundos de venture capital segmentado do país, focado em startups do agronegócio. Agora, o desafio é posicionar não apenas um segmento, mas toda uma região. 

“Florianópolis é o epicentro em densidade, mas o estado tem potencial em várias outras regiões. Existe na Ilha um acolhimento, por parte do ecossistema, a profissionais de fora mirando negócios e qualidade de vida que é muito interessante”, comentou Lobão no encontro online de apresentação da gestora a players do ecossistema, no final de outubro. 

Ao todo, a equipe já conta com 25 profissionais, divididos em diferentes áreas de negócio, como Alexandre Constantini (ex-VP Equity Sales da Morgan Stanley no Brasil) e de desenvolvimento do ecossistema catarinense, como Adonay Freitas (gestor do Fundo Primus, em parceria com a CVentures). No time de gestão (foto) estão, além do CEO, estão José Augusto Albino (CIO), Raul Daitx (CFO) e Renata Buss (gerente de projetos), além de Adonay, responsável pelo relacionamento com investidores.

Uma das primeiras iniciativas “visuais” foi criar um mapa reunindo os diversos atores deste ambiente disperso de tecnologia – de fundos a universidades, startups que receberam os maiores investimentos, centros de inovação, entidades públicas e privadas, coworkings, incubadoras e aceleradoras, por exemplo – embalado no conceito de “Startup Island”. A referência é Israel, a “Startup Nation”, que conseguiu estabelecer uma “marca” global de seu ecossistema. 

O mapa da Ilha: projeto visual para fortalecer a marca de Florianópolis como um ecossistema de inovação. / Concepção: Dialetto

Na visão da Catarina Capital, há um grande descompasso entre o potencial de investimentos e a expansão empreendedora na “Startup Island”, que praticamente dobrou seu volume de empresas de tecnologia em menos de 10 anos. “Os ecossistemas tem se desenvolvido cada vez mais rápido. O que Florianópolis construiu ao longo dessa última década pode ser comparável, proporcionalmente, ao que Israel desenvolveu em vinte anos”, comenta.

Atualmente, Florianópolis tem em torno de 3,9 mil empresas de tecnologia, que representam 9,5% do PIB local e densidade de uma startup para 843 habitantes. No Silicon Wadi israelense, há 6,4 mil empresas de TI que faturam 12% do PIB nacional, com uma densidade menor por habitante: 1 startup para 1,4 mil pessoas.  Mas a diferença brutal está no volume de recursos disponíveis: enquanto no estado do Sul do Brasil há 5 fundos de venture capital operando, em Israel são 70. 

“Agora precisamos tirar a assimetria entre o mercado de capitais e o ambiente empreendedor”, diz o CEO Thiago Lobão.

FUNDOS PARA BIG TECHS E SCALE-UPS LOCAIS

A Catarina Capital se ancora em seis áreas: equities, advisory, venture capital, corporate venture, fundos imobiliários e educação. Todos eles conectados a iniciativas e programas como Sapiens Parque, Cventures, as aceleradoras Darwin e Hards, além de novos projetos. Cada área tem squads independentes mas coordenados pelo time de gestão.

O primeiro lançamento, em novembro, será o fundo Newton, voltado para quem quer investir em big techs globais. Em um primeiro momento, é um olhar para fora do ecossistema de Santa Catarina, mas com objetivo de “quebrar o gelo do investidor que não aloca recursos em iniciativas inovadoras, ativos maiores e mais sólidos, a partir de acesso a informação dessas grandes empresas e benchmarks”, explica Lobão. Será uma forma de “educar” investidores para o setor de tecnologia, o que pode ser aplicado posteriormente a empresas e fundos locais. O fundo Newton nasce com R$ 4 milhões já captados mas o objetivo é chegar a R$ 200 milhões.

No início de 2021 será a vez do Primus II, focado em empresas de alto crescimento (scale-ups). Operado pela Catarina Capital e Cventures, o novo fundo deve contar com R$ 50 milhões em recursos (quase um terço já captado) e permite alocações via Lei de Informática. O primeiro fundo Primus alavancou 15 startups, com tíquete médio de investimentos de R$ 5 milhões por empresa. Quatro delas já foram vendidas, caso das catarinenses Hiper (adquirida pela Linx) e Zygo (agora empresa da PagSeguro).  

Além do setor de TIC, o Catarina Capital prevê para 2021 o lançamento de programas para desenvolvimento de Economia Criativa (Chaplin), esportes e bem-estar (Arena Hub, programa do estado de São Paulo que terá conexão com startups catarinenses), e um programa de MBI para empreendedores de alto rendimento e também para formação de lideranças e executivos para as empresas inovadoras do estado – squad liderado pela 49 Educação.

No horizonte, há ainda a criação de um fundo para iniciativas imobiliárias, tendo como âncora o Sapiens Parque, mas com olhar para outras regiões com vocação para o mercado de tecnologia, especialmente no Norte e Vale do Itajaí.

“Nos posicionamos como uma via de mão dupla, Santa Catarina e o mercado de capital, integrando os atores locais e com o empreendedorismo como pilar-chave”, resume o CEO.

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