Smart Healthcare: como repensar a saúde e o bem-estar público nas cidades pós-pandemia?

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Smart Healthcare: como repensar a saúde e o bem-estar público nas cidades pós-pandemia?

Desafios vão além de tecnologias para o sistema de saúde. Especialistas internacionais sugerem novas abordagens na construção e na oferta de serviços em hospitais, escolas, áreas corporativas e até em nossas residências.

Desafios vão além de tecnologias para o sistema de saúde. Especialistas internacionais sugerem novas abordagens na construção e na oferta de serviços em hospitais, escolas, áreas corporativas e até em nossas residências.


[11.12.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br

Uma pessoa passa, em média, 90% do seu tempo em ambientes fechados, apontam pesquisas sobre neuroarquitetura, área do conhecimento que estuda o impacto dos locais físicos em nosso cérebro. E dependendo das condições destes espaços (seja a casa, no trabalho ou a escola), podemos ter uma qualidade de vida melhor ou pior em função de aspectos de limpeza, iluminação, temperatura e ruídos adequados. 

E em tempos de pandemia, a preocupação com a saúde de quem ocupa ambientes fechados ganha outra escala de importância. Em Nova York, por exemplo, as escolas da rede pública receberam 60 mil purificadores de ar, a um custo de US$ 10 por estudante, uma arma importante contra a transmissão de doenças respiratórias. Em grandes bancos, como Goldman Sachs e Bank Of America, a ordem foi repensar os espaços, priorizando soluções construtivas de conforto térmico, acústico e solar, além de espaços compartilhados que fossem efetivamente funcionais. 

“Pode parecer óbvio, mas as empresas já entenderam que as pessoas são seu ativo mais importante, e elas podem dar condições para que estas pessoas sejam mais saudáveis”, comenta John Braley, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Delos, empresa norte-americana pioneira em soluções de bem-estar e certificações para ambientes construídos – responsável pelos projetos nas escolas e nos bancos citados. Braley foi um dos convidados, direto de Nova York, de encontro promovido pelo Grupo de Cidades Inteligentes / WTC Sul (Joinville, Curitiba e Porto Alegre), para debater como o uso de inteligência em saúde pode ser aplicado nas smart cities

E não é preciso ir muito longe para encontrar referências: em Curitiba, o recém-inaugurado hospital Erastinho, especializado no tratamento de câncer infantil, se tornou um modelo de “Green Hospital”. Com um projeto lúdico, colorido e focado no bem-estar dos usuários, o Erastinho é o primeiro do país a obter simultaneamente as certificações LEED for Healthcare e WELL Building Certification, que atestam o menor impacto ambiental nos serviços e a possibilidade de otimizar os recursos na operação do edifício.

A unidade conta com 43 leitos privativos e semi privativos e tem capacidade para fazer até 17 mil consuiltas, 500 cirurgias e mais de 85 mil procedimentos por ano. 

Hospital Erastinho, em Curitiba: obra com duas certificações internacionais que atestam o menor impacto ambiental nos serviços e a possibilidade de otimizar os recursos na operação.

“Ninguém quer ir para o hospital, mas quando for, que seja em um ambiente com essas condições”, comenta Guido Petinelli, CEO da Petinelli, empresa referência em projetos de sustentabilidade e bem-estar em ambientes construídos. “A qualidade do ambiente construído impacta 50% do nosso estado de saúde física e mental. É sem dúvida o aspecto mais importante para ser trabalhado neste sentido”, afirmou, no encontro do Grupo de Cidades Inteligentes.

Entre outros projetos que estão em desenvolvimento neste conceito estão uma unidade inovadora da rede de escolas Adventista, em Londrina, a sede do grupo Dupont em São Paulo e um edifício residencial em Curitiba. Um mix que aponta esta tendência para qualquer tipo de espaço, seja escola, casa, trabalho ou hospitais. 

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QUAIS AS TENDÊNCIAS E INOVAÇÕES PARA OS SERVIÇOS DE SAÚDE?

Na visão de Ricardo Baltazar, doutor em Neurociência e Comportamento pela Universidade de Michigan (EUA) e atual vice-presidente da Canadian Tire Company, um dos grandes benefícios das cidades é o acesso ao sistema de saúde. Mas no cenário pós-Covid, com as restrições sociais, e o avanço de novas tecnologias, muita coisa pode mudar na forma como nos tratamos de doenças. 

Um exemplo é o uso de sensores em roupas ou até mesmo em lentes de contato, que podem medir em tempo real diversos indicadores de saúde dos usuários (de pressão arterial à taxa de diabetes) e compartilhar online com os médicos. A telemedicina também coloca em evidência a tendência de ambientes de healthcare descentralizados – em outros ambientes que não apenas os hospitais e postos de saúde, como nosso próprio lar. 

“A cadeia da healthtech inteligente precisa envolver todos os setores da sociedade: os gestores públicos, terceiro setor, empresas e escolas”, opina Ricardo, que participou do encontro diretamente do Canadá. Como exemplo de modelo inovador, ele destaca o Kaiser Permanente, um consórcio intermunicipal com sede em Oakland (Califórnia) e que se tornou um dos maiores planos de saúde sem fins lucrativos dos Estados Unidos. Com mais de 12 milhões de membros, a iniciativa opera em 39 hospitais e mais de 700 consultórios de diversos estados do país. 

No Brasil, algumas startups começam a ganhar espaço com projetos inovadores e de impacto social. É o caso da SAS Smart, que desenvolve soluções para melhorar o acesso e o atendimento à saúde no país. O primeiro produto foi um aplicativo para detectar acidentes de trânsito e conectar com serviços de atendimento e, em 2019, a startup lançou uma plataforma de telemedicina que acabou sendo fundamental neste ano no atendimento à população durante a pandemia. 

“No Brasil diagnostica-se muito tarde as doenças”, enfatiza Adriana Mallet, médica e fundadora da SAS Smart. “Está na hora de repensarmos o acesso à saúde, levando em conta a economia da mobilidade e a eficiência, nos pautarmos em dados e como isso traz resultados, para a população mas também na redução de custos para os municípios”. 

Recentemente, a empresa começou a testar em uma comunidade carente do Rio de Janeiro o modelo de unidade de teleatendimento, ou como define a empreendedora, “hospitais de caixinha”, no qual os pacientes podem ser atendidos virtualmente por vários especialistas em um mesmo local. Há também as cabines de autoatendimento (foto abaixo), que permitem conexão direta dos dados dos pacientes a médicos via teleconsulta. 

“É uma solução inteligente para as cidades menores, que não podem arcar com o custo fixo de estabelecimentos de saúde e casas de apoio”, sugere Adriana. 

Outra inovação que começa a ganhar corpo é uma plataforma gratuita de testes de visão para crianças. A startup Vereye é resultado de um projeto iniciado pelo oftalmologista Renan Ferreira de Oliveira no MIT, em Boston. 

“O objetivo é evitar que crianças tenham sua visão comprometida por falta de acesso a uma consulta. Entendi que por meio da digitalização seria possível mudar essa realidade e a partir disso a empresa desenvolveu uma plataforma online de exames gratuitos, uma triagem que também ajuda a encaminhar os pacientes para a médicos oftalmologistas”, detalha Renan, que também atua no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, em Joinville.  A instituição deve inaugurar em março de 2021 uma smart clinic no hub de inovação em Saúde que está sendo construído no Ágora Tech Park, parque tecnológico privado na cidade catarinense.

Quem se interessou nos projetos das SAS Smart e da Vereye pode acompanhar na íntegra a live que o Grupo de Cidades Inteligentes (GCI) promoveu sobre o tema “smart healthcare” no dia 07 de dezembro com os médicos e empreendedores Adriana Mallet e Renan Ferreira Oliveira e mediação do presidente do GCI Jean Vogel neste link.   

CONHEÇA TODOS OS PARTICIPANTES DOS DEBATES SOBRE SMART HEALTHCARE PROMOVIDOS PELO GRUPO DE CIDADES INTELIGENTES:

John BraleyVice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Delos, pioneira em soluções de bem-estar e certificações para ambientes construídos
Ricardo BaltazarDoutor em Neurociência e vice-presidente da Canadian Tire Company
Guido PettinelliCEO da Petinelli, empresa referência em projetos de sustentabilidade e bem-estar em ambientes construídos
Adriana MalletMédica e fundadora da startup SAS Smart
Renan Ferreira de OliveiraMédico oftalmologista e fundador da startup Vereye
Jean VogelPresidente do Grupo de Cidades Inteligentes do WTC Sul


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