[Cultura Digital] Herrar é Umano no D1g1t4l?

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[Cultura Digital] Herrar é Umano no D1g1t4l?

É cada vez mais evidente que o erro não está tão relacionado ao fracasso como antes. Muitas empresas entendem que, antes de acertar é preciso testar e errar.

É cada vez mais evidente que o erro não está tão relacionado ao fracasso como antigamente. Devido aos processos de inovação corporativa muitas empresas já entendem que antes de acertar é preciso testar, errar, testar de novo.


[31.07.2020]

Por Alexandre Adoglio*


Uma das situações que mais geram barulho na comunicação são coisas dando errado.

O ser humano tem uma atração tremenda pela falibilidade alheia, talvez por questões neanderteais de competição, provando a tese que a Lei de Murphy é para todos. Ou mesmo pelo simples fato de adorarmos ver os outros se f*dendo.

Porém, é cada vez mais evidente que o erro não está tão relacionado ao fracasso como antigamente. Digo em relação ao passado não tão distante, quando seu pai ou seu chefe reprovava visceralmente os percalços da sua estupidez. Devido aos processos de inovação corporativa muitas empresas já entendem que antes de acertar é preciso testar, errar, testar de novo.

Um dos exemplos desta cultura é com a filial brasileira da farmacêutica Sanofi que estabeleceu desde 2018 o concurso de “Erro do Ano”, em que os funcionários candidatam os erros mais notáveis da companhia ao longo do ano, premiando aqueles que souberam lidar com os resultados ruins de forma assertiva. 

“Quando você coloca seu trabalho no mundo é necessário estar pronto para o mau, o bom e o feio”, Austin Kleon em Mostre seu Trabalho 

As práticas de gestão corporativa atuais estão disseminando o erro como instrumento de aprendizado e capacitação, onde gestores e suas equipes são cada vez mais incentivados a testar hipóteses de processos, produtos, mercados, não temendo represálias significativas em sua rotina corporativa.

Contudo, esta prática é fundamental em uma startup, que necessita errar rápido para corrigir mais rápido ainda, podendo conduzir seu pivotamento de forma com que a grana dos seus fundadores não acabe antes do break-even. Falhe, aprenda e tenha sucesso, características da Cultura Lean. (tradução pra quem não é do ecossistema de tecnologia e inovação).

ESTUPIDEZ OU GENIALIDADE EM MARKETING 

Nas situações errôneas envolvendo estratégias de marketing, temos sempre cases que corroboram com a tese de que não importa o quanto você planeje, sempre algo dará errado. Partindo do já massacrado lançamento da New Coke (1985), destacado no próprio site da empresa como “A história de um dos erros de marketing mais memoráveis de todos os tempos” provando que a melhor forma de se beneficiar com um erro é assumi-lo e transformá-lo em algo melhor.

Com o advento das redes sociais no mainstream na comunicação das marcas, os erros começaram a ganhar uma dimensão que não permite controle, como no caso da Subway. Na tentativa de vender pizza no Brasil, a empresa acabou virando piada nos posts dos seus clientes, causando a reação da concorrente Domino´s Pizza, que enviou sua receita do produto por meio de uma ação de buzz coordenada em suas mídias sociais.

Mas será realmente que estes erros acontecem ou são premeditados no intuito de gerar buzz para determinado lançamento? Elon Musk pareceu realmente surpreso quando um teste deu muito errado na apresentação do seu Cyber Truck, que mesmo assim recebeu 146 mil pedidos de pré-venda nos dias seguintes da “falha”.

F*DEU NO PITCH

Aqui no ecossistema de inovação de Santa Catarina temos algumas iniciativas que focam no benefício dos erros na vida dos empreendedores. O Fuck Up Nights , evento global que nasceu no México e foi organizado no Brasil pelo Impact Hub em Floripa, promoveu encontros onde os empreendedores podem compartilhar seus principais percalços nos negócios, incluindo histórias que começaram do nada e acabaram no mais absoluto zero

Porém, com intuito de quebrar o tabu do fracasso, as sessões priorizam histórias de evolução pessoal e aprendizado, mostrando que erro sempre fez parte do processo. Quem não se lembra do maior erro da Microsoft, quando o computador bugou justo na apresentação do Bill Gates no lançamento do Windows 98? 

LEIA AQUI: “FuckUp Nights – o sucesso dos encontros criados para compartilhar fracassos”

Na sua série #PitchQuePariu, disponível no canal You Tube do Moskit CRM, Kayuá Freitas apresenta alguns dos piores micos que empreendedores do digital enfrentaram nas suas sessões de palco. Com acurado senso de observação, Kayuá aponta as mãos no bolso do apresentador, situações inusitadas, a baixa energia e a falta de entonação de quem está ali para vender uma ideia, negócio ou produto. Já é um clássico a análise feita no pitch do XBOX Series X.

APRENDA A ERRAR 

No capítulo Aprenda a Apanhar no livro Mostre o seu Trabalho, Austin Kleon aponta o quanto as porradas dos outros são importantes para formatar uma boa ideia. Diz que quando você coloca seu trabalho no mundo é necessário estar pronto para o mau, o bom e o feio. Quanto mais pessoas se depararem com o seu trabalho, mais críticas enfrentarás. Para sobreviver, ele indica: relaxe, respire e mantenha seu equilíbrio, para lutar por aquilo que acredita.

Já Sun Tzu, no seu clássico A Arte da Guerra resume: “Não repita as táticas que te fizeram vencer, deixa que seus métodos sejam regulados pela infinita variedade das circunstâncias.”


* ALEXANDRE ADOGLIO é CMO na Sonica e empreendedor digital.
Escreve semanalmente sobre
Cultura Digital para o SC Inova.


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