CEOs de scale-ups como ContaAzul, de Joinville, e Movidesk, de Blumenau, usaram redes sociais nos últimos dias para comunicar demissões e comentar os efeitos da crise em negócios que vinham em franco crescimento. Mas também há aquelas que mantiveram as contratações previstas, como a PagueVeloz.
[FLORIANÓPOLIS, 20.04.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br
A conta da crise econômica provocada pela Covid-19 começou a bater em algumas scale-ups catarinenses que vinham crescendo de maneira acelerada nos últimos anos. Somente na última semana, empresas como a ContaAzul, de Joinville, e a Movidesk, de Blumenau, anunciaram demissões de parte de suas equipes – em ambos os casos, os comunicados foram feitos pelos seus CEOs em posts no LinkedIn.
A Movidesk, que desenvolve uma plataforma de atendimento (help desk), precisou dispensar 33 dos 134 colaboradores na semana passada. A queda imediata e significativa de novas vendas, cancelamentos e a redução de contratos com clientes, além da inadimplência e pedidos de negociação levaram a empresa a tomar tal decisão.
“Nos últimos 30 dias, além do congelamento de algumas contratações que tínhamos em aberto, trabalhamos ativamente pela redução de várias despesas operacionais e renegociação de contrato com fornecedores. Porém, todo o movimento não seria suficiente, considerando que a folha salarial consome praticamente toda a nossa receita”, explicou o CEO Donisete Gomes na rede social.
A empresa cresceu de maneira impressionante nos últimos dois anos: em 2018, quando tinha 50 colaboradores e faturamento de R$ 2 milhões/ano, recebeu o primeiro aporte de um fundo de venture capital. No ano passado, levantou nova rodada – no valor de R$ 9 milhões – e ampliou a sede em Blumenau.
A ContaAzul, que se tornou uma das principais referências do ecossistema de startups surgido nesta década em Santa Catarina, também precisou reduzir a equipe, embora não tenha divulgado o total de demissões. Desenvolvedora de software de gestão em nuvem para pequenas empresas – um dos segmentos mais afetados pela atual crise – a ContaAzul contava com cerca de 400 colaboradores em Joinville e São Paulo.
“Agimos rapidamente. Fomos um dos primeiros a colocar 100% do time em home office. Cancelamos viagens, eventos e investimento de marketing, cortamos custos e despesas não essenciais, pausamos investimentos ligados a crescimento. Mas mesmo assim, não foi o suficiente”, lamentou o CEO e cofundador Vinicius Roveda em publicação no último sábado (18).
Em 2018, a ContaAzul recebeu investimento de R$ 100 milhões liderado pelo fundo norte-americano Tiger Global Management. “Vivemos nos últimos 3 anos o melhor momento da ContaAzul. Construímos a musculatura ideal para executar um plano audacioso: reforçamos o nosso time, lançamos novos produtos e entramos em um novo mercado”, ressaltou Vinicius.
Ambas as empresas comunicaram ações para apoiar as pessoas que foram desligadas em função da crise. A Movidesk, por exemplo, disponibilizou uma planilha com contatos dos profissionais a outras empresas que estejam com vagas abertas.
FINTECH MANTÉM CONTRATAÇÕES PARA O PERÍODO
Na contramão do cenário de demissões, a fintech PagueVeloz manteve as contratações programadas para o período e anunciou a contratação de 18 profissionais nos últimos 30 dias, o que representa uma ampliação de quase 20% do seu quadro de colaboradores (são 90, distribuídos entre Blumenau e São Paulo).
A empresa, que desenvolve uma solução para intermediação de pagamentos em nichos específicos de negócio, lançou em março um novo serviço que permite o pagamento via link. Com a facilidade, que dispensa a máquina do cartão e o deslocamento do cliente até o fornecedor dos serviços, o uso do recurso cresceu 130% em um mês.
“Acreditamos que este momento é também de estruturar o negócio para seguirmos crescendo. Nossa solução é utilizada por pequenas empresas, especialmente as do ramo automotivo e de serviços, que precisam de uma solução prática para controlar suas finanças, realizando rapidamente cobranças, emissão de boletos, parcelamento e até mesmo solicitação de crédito”, avalia Paulo Gomes, CEO da empresa.
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