Medidas sugeridas por empresas de tecnologia para finanças podem liberar cerca de R$ 5 bilhões para economia brasileira – proposta seguirá para autoridades do sistema financeiro nos próximos dias. Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
[FLORIANÓPOLIS, 31.03.2020]
Por Renan Schaefer*
Mais do que nunca, devido às incertezas causadas pela pandemia da COVID-19, diversas iniciativas estão sendo tomadas com o intuito de viabilizar crédito e assim condições de sobrevivência das micro, pequenas e médias empresas no Brasil, ajudando também a evitar um impacto mais grave na economia.
Nesse sentido, desenhamos algumas sugestões de medidas, que foram revisadas pela diretoria da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) em conjunto com outras empresas de tecnologia para a área de finanças e serão encaminhadas para BNDES, FINEP, Ministério da Economia, Banco Central, Tesouro e o Congresso Nacional.
Agradecemos também a todos que estão ajudando outras pessoas, cada um do seu jeito e dentro de suas devidas limitações. Sem essa união, nesse momento de crise, o impacto seria muito maior.
MEDIDAS DE CURTÍSSIMO PRAZO
1) Aportes por parte do BNDES, FINEP e Tesouro Nacional em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), em cotas sub e mezanino para liberar liquidez para fomento ao crédito, garantidos em parte por recebíveis futuros de empresas e fundos garantidores.
- Investimentos diretos do tesouro nacional, ou via bancos públicos, como BNDES, BNDESPar, BB, CEF, poderiam viabilizar novas operações de crédito para PMEs através de fintechs. Hoje, a maior parte das fintechs opera com FIDCs e, com o excesso de resgate devido às incertezas advindas do COVID-19, essa injeção em cotas sub e mezanino poderia restabelecer a liquidez no mercado de crédito para PMEs. Somente a a55 possui mais de R$500 milhões em demanda de crédito que precisariam ser atendidas.
- As injeções de capital, aliadas à parceria com fintechs, poderia capilarizar os recursos no mercado e atender às demandas das PMEs que não conseguem acessar capital.
- Como mitigador de risco, seria possível usar um modelo de crédito lastreado em recebíveis futuros e aval de sócios, onde uma ferramenta de monitoramento de cobranças e contas bancárias fará o serviço de gerenciamento de risco e evitando inadimplência. Essa ferramenta já é utilizada pela a55 e já viabilizou mais de R$80 milhões em créditos para mais de 40 empresas. Ela é também uma solução de software direcionada a credores para acompanhamento e controle de garantias, capaz de integrar múltiplas contas bancárias em um só lugar, trazendo uma visão estratégica dos recebíveis faturados em uma conta vinculada dada em garantia, além de proporcionar os credores um maior controle sobre o fluxo de caixa dos devedores.
2) Parceria do BNDES, FINEP, CEF, BB, Bancos e Agentes de Fomento Regionais com fintechs para capilarização de crédito para MPMEs:
Aprovação dos critérios de elegibilidade que funcionem para os bancos públicos e privados (faturamento mínimo, ticket mínimo e máximo, prazo máximo, possibilidade de refinanciamento ou carência, taxa mínima de juros);
Fintechs ficam responsáveis pela:
- Originação e análise das empresas;
- Aprovação das empresas em comitê de crédito interno de acordo com critérios de elegibilidade previamente acordados com os bancos públicos e privados e agentes de fomento;
- Envio de relatório e modelo de crédito para aprovação dos bancos públicos e privados e agentes de fomento;
Bancos públicos e privados e agentes de fomento aprovam ou rejeitam as operações em prazo determinado (prazo médio de 48 horas após comitê de crédito);
Fintechs apoiam:
- Solicitando abertura de conta vinculada e emissão de CCB (ponto importante: definir quem seria o banco emissor ou se usam banco parceiro para endossar aos bancos públicos e privados e agentes de fomento);
- Monitoramento dos recebíveis e conta vinculada do cliente por meio de software; em caso de inadimplência fintechs fazem cobrança dos clientes;
- Flexibilização do modelo da garantias para operações de crédito;
- – Uso do FGI BNDES, Fundos de aval regionais e nacionais, recebíveis futuro;
- Parceria com fintechs de crédito para monitoramento de garantias e gestão de risco de crédito.
Como criar uma articulação entre Fintechs + BNDES, FINEP, Tesouro, BB, CEF, Bancos e agentes regionais de fomento:
- Fintechs apoiam com uso de tecnologia para originação de novos negócios, estruturação da operação e das garantias, monitoramento de garantias e riscos; Capilarização do crédito no país
- Bancos e agentes públicos de fomento:
– Recursos para operações de financiamento;
– Análise de mérito de projetos de inovação;
– Uso do FGI para complemento de garantias;
– Injeção de liquidez em mercados de dívida corporativa, fundos de crédito, lastreadas por ativos públicos e fundos garantidores;
– Monitoramento do FGI BNDES via ferramentas de gestão de recebíveis.
IMPACTO E RESULTADOS ESTIMADOS:
Estas medidas poderiam gerar um valor de R$ 5 bilhões às empresas, mantendo pelos menos 500.000 empregos, estimativa de crescimento de 5% a 7% na arrecadação de impostos, melhoria do ambiente de negócios, atratividade para novos investimentos privados, recursos a novos empreendedores em várias áreas da economia e aumento de 10% a 15% no número de novas empresas no país;
* Renan Schaefer, CNPI-P, MBA, é diretor de Parcerias e Novos Negócios na fintech a55;
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