São 47 empresas e entidades envolvidas que pactuaram a realização de 320 ações, com foco em aumento de capital, programas empreendedores e capacitação para novos investidores, entre outros projetos. / Foto: Divulgação Ágora Tech Park
Reportagem: Fabrício Rodrigues – scinova@scinova.com.br
Em outubro de 2017, cerca de 30 entidades do setor público e privado em Santa Catarina – a chamada “tríplice hélice”, que agrega empresas, entidades associativas, autarquias e universidades – assinaram um compromisso conjunto para incentivar e desenvolver uma série de projetos com foco em empreendedorismo inovador e tecnologia. Era o “Pacto pela Inovação“, conduzido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável do estado (SDS), que à época tinha entre as linhas mestras do plano, a construção de diversos Centros de Inovação em cidades polo catarinense.
No último dia 30 de maio, Joinville apresentou sua versão local deste projeto, ao apresentar um programa municipal com o mesmo nome e propósito: por meio do “Pacto pela Inovação”, 47 organizações que atuam na cidade pactuaram a realização de 320 ações nos próximos anos para “unir forças e consolidar um ecossistema forte e hiperconectado”, como resumiu Fabiano Dell’Agnolo, diretor executivo da Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Sepud), e que apresentou o projeto durante encontro realizado no Ágora Tech Park.
O Pacto vem em um momento de “ebulição” do ecossistema de inovação local, estimulado principalmente pelo início das operações do Ágora, que se tornou um aglutinador de entidades, programas de desenvolvimento, startups e laboratórios de inovação de grandes empresas.
Entre os principais objetivos do Pacto estão o aumento do acesso a capital, a criação de um edital para fomento a startups em fase inicial (nos modelos do Sinapse da Inovação), programas para capacitação e atração de mão-de-obra qualificada e o desenvolvimento de uma rede de investidores-anjo.
Além do prédio, inaugurado em março passado, no Perini Business Park, outras ações começaram a ser desenvolvidas na cidade neste ano: uma delas foi o Projeto JEDI – Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação, inspirado na metodologia do Startup Weekend, mas que dá um prazo maior para o desenvolvimento de novos projetos (16 dias) e prevê também workshops de apoio e mentoria. Duas edições já foram realizadas neste ano e outras duas devem acontecer até o final do ano.
Em abril, também foi lançado o Ciclo de Aceleração Academia Mercado, que integra professores e alunos ao longo de um período de oito meses, com mentorias para captação de projetos e criação de negócios inovadores, relacionamento destes grupos com especialistas e gestores do mercado, com foco em desafios e oportunidades para a economia local a partir salas de aula.
“Estamos caminhando para construir um modelo de cidade baseado em empreendedorismo e inovação, para ajudar a transformar Santa Catarina na startup do Brasil“, resumiu Danilo Conti, secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville, durante um painel que debateu os rumos do ecossistema de inovação local e a perspectiva para os próximos anos. Ele reconheceu que faltam políticas públicas voltadas à inovação – como os editais de fomento a novos negócios – mas ressaltou a importância de levar noções de empreendedorismo às escolas, desde o Ensino Fundamental, citando o caso de Israel, uma das principais referências de inovação para a administração local.
MAIS CAPITAL DE RISCO E COOPERAÇÃO
Em recente artigo para o SC Inova, o diretor-presidente do Instituto Joinvalle, Dionei Domingos, afirmou que “as lacunas representadas pela carência de parques tecnológicos começaram a ser preenchidas e, para completar o ciclo, as metas de agora devem ser a criação de um fundo de investimento local e uma aceleradora, além da formação maciça de mão de obra – movimentos que existem mas que ainda não estão muito articulados e sincronizados na cidade”.
Na visão de Emerson Edel, diretor de Operações do Perini Business Park, a cidade “está trilhando um caminho consciente, de pensar em como mudar a matriz econômica”, mas que é preciso como próximo passo, “colocar a inovação como uma agenda pública e também ter capital disponível e mais investidores preparados para este mercado”. Nesse sentido, outro programa que será desenvolvido como parte do Pacto joinvilense é o “Smart Money”, voltado para criar uma cultura de investimento em capital de risco, criando novos investidores e também uma rede de conexão entre eles.
“O sucesso do ambiente de negócios depende do papel de cada um no processo. Precisamos de pessoas engajadas para serem multiplicadores”, destaca Marcio Jacson, CEO e cofundador da startup TiFlux, que levou à Joinville em 2018 uma edição do programa de capacitação StartupSC. “O que estamos construindo é um ecossistema e não um egossistema. A mentalidade tem ser voltada à colaboração junto à execução. E pensar além da cidade, mas sim em Santa Catarina e no Brasil também”.
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