Evento reuniu 5 mil participantes e mostrou como a cidade se organiza para o futuro, unindo indústria, tecnologia e novos negócios em um só território. / Foto: Diego Jarschel (Divulgação ExpoInovação)
[19.09.2025]
Redação SC Inova + Ecosystems
Joinville viveu, em setembro, dois dias de intensa troca de ideias, negócios e inspiração. A 12ª edição da ExpoInovação, realizada nos dias 17 e 18 no Expocentro Edmundo Doubrawa, reuniu 5 mil participantes, 160 marcas e 100 startups em uma programação com quatro palcos simultâneos e mais de 50 horas de conteúdo. Cultura organizacional, inteligência artificial, marketing, vendas, gestão e desenvolvimento de produto foram alguns dos temas que nortearam o encontro, que deixou como recado a importância de inovação e tradição caminhar juntas.
“É um espaço estratégico para mostrar a força do ecossistema de inovação local, reunindo empresas, startups, universidades e o poder público em torno de um mesmo propósito”, resume Grasiéle Nazário, executiva da Softville e integrante da equipe organizadora.
Criada em 2013, quando o conceito de startup ainda engatinhava no Brasil, a ExpoInovação nasceu com encontros noturnos organizados voluntariamente para algumas centenas de pessoas. “Ao longo dos anos, ganhou força e hoje é o resultado do trabalho de todo o ecossistema”, lembra Daniel Moreira, integrante da Softville e da equipe organizadora.
Um pouco deste avanço no período foi abordado durante a palestra do prefeito Adriano Silva, que abriu o segundo dia do evento, destacando que a cidade cresceu 40% em cinco anos: “liberdade é um aspecto fundamental para inovar. Um ambiente burocrático só inibe empreendedorismo”, reforçou.
“ESTAMOS NA ADOLESCÊNCIA DO FUTURO”
A abertura da edição 2025 foi marcada pela fala provocadora de Dado Schneider, autor de “O mundo mudou… Bem na minha vez!” e “Desacomodado”. Com seu estilo direto, ele trouxe reflexões sobre o papel da Geração Z no mercado e os novos caminhos que empresas e profissionais precisam trilhar para prosperar em tempos de transformação acelerada.

“Somos adultos inéditos. Vamos viver 30 anos a mais que nossos avós. Estamos na adolescência do futuro — e isso vai passar”, afirmou Dado, ao falar sobre o choque entre gerações e a necessidade de cooperação.
Para ele, o século XXI é horizontal e exige que todos aprendam a mudar, aceitando o novo. Schneider também destacou o protagonismo crescente das mulheres em posições de liderança, lembrando que elas “vão dominar as empresas nesse século por serem mais atentas e flexíveis em um cenário de mudanças rápidas”.
CAPITAL DE RISCO E MATURIDADE EMPREENDEDORA
Outro ponto alto da programação foi o painel com Daniele Amaro, CEO da Paytrack, e Mariana Foresti, partner da Honey Island Capital, que promoveu uma conversa franca sobre captação de recursos e governança em startups.

Daniele contou que a captação da Paytrack foi feita em um momento de solidez financeira, o que permitiu negociar em posição de força com mais de 30 fundos. “Fundo não tem coração — e não tem que ter mesmo — o que importa é que estamos alinhados na busca por crescimento”, disse. Ela explicou que os recursos foram destinados a marketing, vendas e contratações estratégicas, destacando que “primeiro você contrata quem pode, depois quem você realmente quer”, e alertou para o desafio de manter a cultura organizacional quando o time ultrapassa 50 ou 60 pessoas.
Mariana reforçou que a Honey Island analisa em torno 400 empresas para investir em apenas três ou quatro, priorizando teses capazes de moldar o futuro do mercado financeiro. “O fundo precisa entregar retorno aos seus investidores — e isso exige do empreendedor governança, transparência e visão de longo prazo. Nosso papel é ajudar o fundador a jogar o próximo jogo, preparar-se para a rodada seguinte e atrair os melhores talentos”, afirmou.
TECNOLOGIA AVANÇA, MAS SEGURANÇA AINDA NÃO É PRIORIDADE

O tema de segurança digital ganhou destaque com a apresentação de Marcos Stefano, CEO da Armazem Cloud, que trouxe números alarmantes sobre a vulnerabilidade das empresas brasileiras. Apesar de a segurança da informação ser a segunda prioridade para gestores de TI, ela ainda aparece apenas na quarta posição em intenção de investimento, segundo o INCC 2025.
“Projetos de cibersegurança não têm fim. Os ataques só evoluem — e hoje o crime digital deixou de ser apenas resgate de dados: é venda na deep web, muito mais lucrativa. Temos que ser neuróticos na busca pela segurança cibernética”, alertou Stefano.
Dados da IBM reforçam a preocupação: 33% da população já sofreu algum ataque cibernético, e o custo médio de uma violação de dados no Brasil subiu para R$ 7,19 milhões em 2025, alta de 6,5% frente ao ano anterior.
PARQUES TECNOLÓGICOS COMO BASE DA NOVA ECONOMIA

A expansão do ecossistema local teve um impulso fundamental com a inauguração, em 2019, do Ágora Tech Park, que hoje reúne quatro prédios e mais de 33 mil m². O complexo se tornou um “materializador” do ambiente de inovação ao aglutinar empresas, universidades e entidades associativas em um espaço que promove conexões, eventos e novos negócios.
“É preciso criar um ambiente acolhedor, com programas, projetos e pessoas que reduzam a distância entre a universidade e o mercado”, destacou Fabiano Dell Agnolo, diretor executivo do Ágora Tech Park, reforçando que a governança profissional e a especialização em verticais estratégicas são diferenciais essenciais para o desenvolvimento de territórios de inovação.
Segundo ele, Joinville vem se organizando desde 2015 com um olhar para os próximos 30 anos. “A criação do Ágora foi uma resposta a essa visão de futuro. Hoje, a cidade já começa a reter talentos e a oferecer um ambiente que incentiva a inovação.”
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