Abseed: como o setor de tecnologia em SC ajudou a criar um fundo de venture capital só para negócios SaaS

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Abseed: como o setor de tecnologia em SC ajudou a criar um fundo de venture capital só para negócios SaaS

Fundado por ex-funcionários da Resultados Digitais, fundo com sede em São Paulo espera atrair até R$ 40 milhões para investir em 16 negócios nos próximos três anos.

Fundado por ex-funcionários da Resultados Digitais, fundo com sede em São Paulo espera atrair até R$ 40 milhões para investir em 16 negócios nos próximos três anos.

Entre 2014 e 2016, uma promissora startup de Florianópolis chamou a atenção do mercado de tecnologia nacional – e de investidores internacionais – pela velocidade de crescimento no número de clientes e de funcionários e também por ter captado, com fundos brasileiros e norte-americanos, mais de R$ 80 milhões em duas rodadas de investimento. Foi o período de consolidação da Resultados Digitais no Brasil, mas também da eclosão de várias outras startups no ecossistema de tecnologia em Santa Catarina que seguiam o modelo de software como serviço (SaaS) para o mercado corporativo (B2B).

Foi neste período que estavam dentro da RD quase todos os fundadores da Abseed, uma gestora de venture capital voltada exclusivamente para empresas SaaS B2B com sede em São Paulo mas que surgiu a partir da experiência e da vivência no mercado de tecnologia em Santa Catarina. “Nós vimos o crescimento virtuoso da empresa, a construção de um modelo de negócio muito sofisticado e também o surgimento de uma nova safra de empreendedores no Brasil, especialmente em Florianópolis”, explica Geraldo Melzer, um dos fundadores da Abseed e que atuou como diretor de Canais na Resultados Digitais entre 2015 e 2016 – antes disso, foi gerente de Desenvolvimento de Negócios e Inovação por mais de três anos na Dell.

Além de Geraldo, dois dos outros três fundadores da Abseed vieram das fileiras da RD: Felipe Coelho integrou por mais de dois anos o time de vendas e Franco Zanette veio com uma forte experiência na área de growth hacking. Quem completa o time de fundadores é o advogado Marcelo Hoffmann, com formação em Gestão Financeira e com atuação em áreas como Estruturação de Negócios, Fusões e Aquisições e Governança Corporativa.

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Enquanto a RD crescia com sua proposta de “máquina de vendas”, várias outras startups surgiam com o mesmo modelo SaaS B2B, demandando recursos e apoio de profissionais experientes. “Nós percebemos essa oportunidade e o nosso movimento, desde o começo, foi apostar neste perfil de empresa, o que é um diferencial nosso”, comenta Geraldo.

Quando eles iniciaram o negócio, no final de 2016, alguns consideraram um movimento arriscado. Como lembra Geraldo, a dúvida era se haveria um volume suficiente de startups neste modelo com a maturidade necessária para justificar um fundo de investimentos tão segmentado. “Pegamos pouco capital e testamos a tese por 12 meses. Só nesse período nos deparamos com pelo menos 70 negócios que poderiam ser investidos”, ressalta.

“Nós acompanhamos a construção de um modelo de negócio muito sofisticado e o surgimento de uma nova safra de empreendedores, especialmente em Florianópolis”, explica Geraldo Melzer, cofundador da Abseed.

A operação começou pra valer em 2017, quando a gestora avaliou 170 startups e investiu em três. A primeira a receber recursos foi a manezinha Meetime, que desenvolveu um software para gestão de vendas internas (inside sales) e que vem crescendo de maneira consistente desde então – em dois anos, já tem uma equipe de mais de 30 colaboradores. Em seguida, foi a vez da GoCache (que oferece produtos para segurança em lojas virtuais, aplicativos e sites) e a Aegro, empresa de software de gestão e otimização de produção agrícola. Neste ano, a proposta é fazer aportes em até cinco negócios nascentes – uma das próximas, garante Geraldo, também será catarinense. A estimativa é que o fundo construa um portfólio de 16 investimentos nos próximos três anos, com um total entre R$ 35 e R$ 40 milhões.

Apesar da sede ficar em São Paulo, a equipe se divide para acompanhar o que está acontecendo nos principais ambientes de inovação no país, do interior de São Paulo a Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – também em função do conhecimento e networking de mercado dos fundadores.

ESTRATÉGIA PARA AMPLIAR O FUNDO COM NOVO PERFIL DE INVESTIDORES

Para ampliar a base de recursos, a Abseed espera atrair um perfil diferente de investidor que é cotista em fundos de maior porte: “nosso cheque mínimo para investidor é de R$ 500 mil, mas ele pode ir colocando o recursos em etapas. Assim o fluxo de desembolso fica mais palatável e o risco é mitigado”, diz Geraldo. Não são apenas as startups catarinenses que atraem a atenção do fundo – quase um terço dos cotistas do fundo é formado por investidores de Florianópolis: “em geral empreendedores que tiveram uma saída em seus negócios e estão capitalizados”.

A visão geral dos fundadores da Abseed é que há um gap de investimento nesta faixa em que eles atuam, com aportes na faixa de R$ 2 e R$ 3 milhões: “vivemos um momento muito especial do ecossistema de tecnologia e inovação no Brasil. Há uma nova safra de empreendedores bem preparados. Só neste ano já avaliamos mais de 200 negócios e vejo que estão mais de acordo com a nossa tese do que as que avaliamos antes. Abrimos mão de muitos bons negócios”, ressalta.

Além do cheque, o fundo entra com uma pegada de consultoria às investidas mais intensa que a média, que parte de um plano de ação inicial de 90 dias. Aí entra novamente a experiência pregressa dos fundadores para ajudar no desenvolvimento das startups. Como resume Geraldo, “a gente viveu um nível de operação de complexidade 8, por exemplo, na RD. Nas novas empresas, esse nível de complexidade é nível 2 ou 3. É isso que a gente saber fazer: ajudar a construir negócios SaaS B2B e é nisso que queremos ser reconhecidos”.