Iniciativa do Sebrae quer atrair e conectar empreendedores, investidores e profissionais com projetos focados na indústria criativa. / Foto: Fabiana Henrique
O ecossistema de inovação em Santa Catarina tem, desde o último sábado (05 de maio), um novo projeto dedicado ao desenvolvimento de novos projetos e conexão entre empreendedores: o Sebraelab Economia Criativa, lançado em um evento que reuniu mais de 600 pessoas em Florianópolis ao longo de um dia inteiro de palestras e workshops.
O foco deste “hub”, que funcionará na sede do Sebrae na capital catarinense, serão os negócios nascentes com foco na “indústria criativa”, um segmento que abrange a criação, produção e distribuição de bens e serviços em áreas das mais diversas como publicidade, design, moda, arquitetura, expressões culturais, patrimônio e arte, artes cênicas, música, mercado editorial e audiovisual, além de tecnologia. Em 2015, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, a indústria criativa representava 2,6% do PIB nacional.
De acordo com Mariana Grapeggia, gerente de Empreendedorismo Inovador no Sebrae/SC, a ideia é “estimular a transformação cultural, atraindo pessoas interessadas em novos projetos criativos e inovadores e que tenham forte espírito de colaboração. Queremos gerar novas conexões, envolvendo empresas tradicionais, startups de tecnologia e profissionais da classe criativa”. Este é o quatro Sebraelab que será inaugurado no país, mas o primeiro focado na Indústria Criativa – os demais estão em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
A área dedicada ao Sebraelab envolve 600m2 de salas e outro espaço para eventos, bate-papos e workshops. A definição dos projetos residentes será feita por meio de processo seletivo – ainda sem data de lançamento. Enquanto os critérios e a metodologia estão sendo desenvolvidos, lembra Mariana, o espaço está aberto para empreendedores que queiram conhecer o lab.
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“A ideia é ser um ponto de conexão. Tem muita coisa acontecendo mas não há um polo agregador, como já acontece no setor de tecnologia”, acrescenta Alex Lima, fundador da InGlob, empresa selecionada pelo Sebrae por meio de edital público para fazer a gestão do espaço. “Queremos resolver problemas e gargalos do mercado desenvolvendo a economia criativa, unindo a tecnologia ao turismo, à gastronomia local, por exemplo”, comenta, lembrando que projetos em estágio bem inicial também interessam ao propósito do Sebraelab. “O processo de diferenciação de uma ideia é quase inexistente no começo, então é preciso dar esse auxílio para que o negócio dê certo”.
Demanda reprimida? Evento de lançamento lota em dois dias
Segundo o “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil” (disponível neste link), o segmento gerou um faturamento de R$ 155,6 bilhões em 2016 – equivalente ao valor de mercado de Facebook, Zara e L’Oreal. O salário de quem trabalha nas quatro principais áreas da economia criativa (consumo, cultura, mídias e tecnologia) é, em média, R$ 6.270,00, ante R$ 2.451,00 da média dos empregados formais brasileiros, segundo o mesmo estudo. “Essa área é o topo da cadeia de interesse do ser humano. Desenvolver uma atividade criativa é muito mais divertido do que plantar batata”, brincou o diretor superintendente da Fundação Certi, José Eduardo Fiates, em debate sobre negócios criativos e investimentos, na abertura do lançamento do Sebraelab.
“O desafio é que não tem investidor suficiente para estimular a economia criativa. Porque nesse caso, o essencial não é a ciência, não é o impacto dos números, mas a visão da arte, do impacto social. É ser um mecenas, que busque outros indicadores. Quem é que não gostaria de ter investido, lá atrás, num jovem Tom Jobim e ser sócio de todo aquele conjunto de músicas?”, questionou Fiates.
Na visão de André de Escobar, investidor de startups early stage e de empresas de comunicação, “nunca teve um momento tão oportuno no Brasil como esse para desenvolver projetos criativos, pois com a crise e esse cenário de mudanças, há uma saturação dos modelos antigos e é preciso fazer as coisas de maneira diferente”. Mas ele faz um alerta aos criativos que buscam recursos: “eu invisto nessa área, mas vejo muito empreendedor com boas iniciativas mas sem a ‘acabativa’. A gente aposta é no empreendedor, mais do que no projeto, mas se vemos que em um ou dois anos ele vai pular do barco, não faz sentido colocar dinheiro”.
O apelo do tema da Economia Criativa – em uma época que muitos mercados e empresas sofrem com a disrupção digital e de comportamento – fez com que os organizadores encerrassem as inscrições poucos dias depois do início da divulgação. Foram mais de 600 participantes – pessoas da área de design, moda, tecnologia, comunicação, turismo, gastronomia, música – que acompanharam um dia inteiro de workshops e debates sobre o impacto dos novos negócios e a necessidade de estimular a criatividade no mundo corporativo.
“Este primeiro evento reuniu um público bem diverso, tanto na idade quanto no foco de atuação. Esse é o caminho que buscamos, complementando outras ações que já existem na região e atrair de professores a estudantes, empresários, quem está no mercado como profissional ou empreendedor – todo mundo que é parte do ecossistema de inovação”, resume a gerente do Sebrae.
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