Internacionalização e a entrada dos inovadores em mercados como Portugal e China foram temas de palestras e debates do evento que encerrou na última sexta (05), em Florianópolis. / Foto: Fabricio Oliveira/Divulgação
[FLORIANÓPOLIS, 08.08.2022]
por Lucio Lambranho e Fabrício Umpierres – direto do Startup Summit 2022
O ecossistema de inovação e tecnologia de Santa Catarina está nos seus primeiros passos para organizar um projeto de internacionalização das startups locais. O tema foi um dos destaques do Startup Summit 2022 e palestrantes trataram de mostrar caminhos para as entradas das empresas catarinenses no cenário internacional.
Em maio deste ano quando a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), uma das organizadoras do evento, reconduziu sua diretoria para a gestão 2022-2024 uma das novidades foi justamente a criação de uma VP de Internacionalização, que está sob o comando de Henrique Bilbao. Com foco na internacionalização das empresas catarinenses, atração de novos negócios e busca por parcerias e investimentos, a entidade criou também vice-presidência de Internacionalização.
Portugal, a tradicional porta para negócios brasileiros na Europa, vive uma fase de expansão no mercado de tecnologia. Atual sede do WebSummit, maior evento de inovação da Europa, o país de pouco mais de 10 milhões de habitantes tem sido uma das rotas prioritárias para empreendedores brasileiros.
Mas apesar do momento, da proximidade da língua e do custo mais baixo frente a outras regiões da zona do Euro, entrar em terras lusas não é um processo automático comenta Eduardo Migliorelli, CEO do Atlantic Hub, empresa que já ajudou mais de 800 empreendedores e investidores a fazer negócios em Portugal.
“Ir para Portugal não significa sair do Brasil. O mercado é pequeno, há diferenças culturais e nem mesmo a língua é a mesma”, ressalta. “É preciso se acostumar à velocidade dos tugas, que não gostam de receber áudios por WhatsApp, como os brasileiros gostam de fazer e às vezes demoram dias para responder um e-mail. A dica é validar e tracionar no Brasil, um mercado de 220 milhões de pessoas e ir para Portugal ganhar mercado”, acredita o especilista um dos palestrantes do Startup Summit 2022. Entre as empresas e entidades que ele ajudou a se estruturar em Portugal estão a Algar Telecom, BrazilLab, ConquestOne, Brain, entre outras.
IN HSIEH: “A CHINA É UMA GRANDE VERTICAL DE INTERNACIONALIZAÇÃO”
Se no mercado lusitano o empreendedor pode enfrentar dificuldades, na China a aproximação ainda precisa superar desafios ainda maiores. É o que avalia In Hsieh, um dos palestrantes do Summit 2022. Hsieh destacou que 20% da energia produzida no Brasil tem participação de empresas chinesas atualmente e que o processo de ida ou de parcerias com as empresas da China no Brasil ou de startups no gigante asiático deve passar pelo conhecimento do modelo chinês de fazer negócios.
“É preciso entender primeiro a China, pois o conceito é de formação de ecossistemas como fez o Alibaba no mercado internacional. A China na verdade é uma grande vertical de internacionalização”, explica o CEO da Chinnovation, empresa que acelera negócios de tecnologia e investimentos entre os dois países e auxilia a entrada de startups chinesas no Brasil.
Para Hsieh, que foi head de e-commerce da Xiaomi, uma das gigantes chinesas de internet, as empresas brasileiras precisam prestar a atenção na tendência chinesa expressa nos superapps, ecossistema que congregram na China uma enorme gama de serviços e de e-commerces, além de facilitarem a vida dos chineses até na hora de formalizar um casamento ou divórcio.
No pensamento chinês, aponta o especialista, nem toda inovação envolve tecnologia, mas modelos de negócio que resolvam o problema do consumidor local como o carro elétrico de apenas 10 mil dólares que atende dona de casa na ida ao supermercado ou para levar as crianças na escola longe do modelo de carros da gigante Tesla bem mais carros. O modelo chinês, segundo Hsieh, aponta para uma forte digitalização no conceito de produtos e de entrada em mercado sem pensar em dominação ou eliminação de concorrentes como o norte-americanos, mas de montagem de grandes ecossistemas de empresas.
SAINDO DA “BOLHA”
Para Marcelo Amorim, managing partner na Invisto, o próximo passo para o ecossistema de Santa Catarina é a internacionalização das empresas inovadoras. Segundo Amorim, as startups catarinenses precisam ser relevantes no mercado externo como Europa e China.
Na sua palestra, “O talento escondido no sucesso do Ecossistema de Santa Catarina”, durante o Startup Summit 2022, o investidor destacou, entre outros pontos fortes da cultura local de inovação, a arrecadação maior do setor de tecnologia nos últimos cinco do que o de turismo em Florianópolis, que é uma das maiores capitais turísticas do Brasil. “Precisamos quebrar essa bolha, essa casca do ambiente protegido e fazer as startups daqui terem receita fora do Brasil. Não estou falando deste momento, mas de um projeto de oito a dez anos”, avalia.
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