Smart City Expo Curitiba 2022: Qual é o propósito de uma cidade?

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Smart City Expo Curitiba 2022: Qual é o propósito de uma cidade?

“Precisamos criar cidades radicalmente diferentes e com comunidades saudáveis dos 8 aos 80 anos, não apenas para pessoas de 30 anos”, alerta o colombiano Gil Peñalosa, um dos mais prestigiados urbanistas do mundo, no painel de abertura do evento de cidades inteligentes. / Foto: Fabio Decolin/Prefeitura de Curitiba


[28.03.2022]


Por Jean Vogel, presidente da Câmara de Smart Cities da FIESC.
Escreve sobre Cidades Inteligentes para o SC Inova

Nos últimos 24 e 25 de março, participei da 3a edição do Smart City Expo Curitiba, versão nacional do evento mundial sediado em Barcelona, e que representa o principal evento do tema no país. O evento oferece um pequeno raio-x de como o tema está avançando por aqui, quem são os players e qual é o nível de maturidade, profundidade e comprometimento.

E este é o ponto que eu quero levantar hoje, ainda conectado com a coluna anterior (leia aqui). A discussão está mais centrada em tecnologias e inovação (5G, Inteligência Artificial etc.) do que no planejamento e desenvolvimento da plataforma que as cidades são, na construção de políticas públicas, de incentivo e cultura. Falta, na minha opinião, abordar o “Why” do Golden Circle do Simon Sinek. Se a cidade fosse uma empresa, um produto, qual seria seu motivo de existir, porque a humanidade decidiu se organizar – cada vez mais, dentro das cidades e o que esperam dela? Qual é o propósito de uma cidade?

O tema de ESG seria uma boa maneira de começar, porém, o nível de discussão ainda está bastante raso, resumindo-se à abordagens ambientais e de inovação social. 

E nossos gestores municipais? Vi alguns, senti falta de outros, e não irei citá-los sob pena de ser acusado de ação política. Mas a você, morador/eleitor, se fosse iniciar um negócio próprio, você não iria estudar o mercado, potenciais concorrentes, diferenciais, levantar o cenário de oportunidades, traçar uma meta, contratar e treinar seu time, buscar todo conhecimento possível para ter êxito? 

Se nosso modelo não permite que nossos gestores invistam dois dias de sua agenda para ouvir, debater e se informar sobre o mercado “de seu negócio”, adquirindo melhores ferramentas para planejar ações que atendam o propósito da cidade que gere, olhando para além dos quatro anos de seu mandato, algo me parece estar errado.

E qual é a solução?

Penso que trata-se de uma missão conjunta, não apenas do prefeito e de seus secretários. Temos que voltar para a prancheta, analisar que cidade queremos em 10, 20, 50 anos. Quais são nossos pontos fortes e fracos (matriz SWOT). Montar um conselho de peso, com pessoas que realmente possam contribuir na construção desse plano, e que depois de validado seja posto em prática e perseguido, com métricas e acompanhamento aberto, independente de tempo ou partido.

Buscar experiências para atalhar caminhos, acelerar a implantação de soluções e economizar recursos. Administrar as cidades como uma plataforma aberta, que possibilite inúmeras conexões com APIs de negócios, lazer, serviços, talentos etc. Ou, como bem resume Jan Gehl: “…uma plataforma para as pessoas serem felizes.

Mas acima de tudo, a solução passa por entendermos que uma cidade inteligente não é feita de hardware e software, é feita por e para pessoas, e que o prefeito não é uma autoridade dona das decisões, mas sim o CEO de uma empresa que deve “dar lucro” e entregar aos seus acionistas (moradores) o resultado que se espera dela.

E você, o que acha? Vamos juntos transformar nossas cidades em inteligentes?  

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