Web Summit 2025 evidencia uma nova geografia da inovação global

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Web Summit 2025 evidencia uma nova geografia da inovação global

Enquanto Portugal se posiciona como um hub emergente no Velho Continente, a era pós-IA (que dominou o debate no primeiro dia) reforça a posição da Ásia na dianteira da corrida tecnológica

Enquanto Portugal se posiciona como um hub emergente no Velho Continente, a era pós-IA (que dominou o debate no primeiro dia) reforça a posição da Ásia na dianteira da corrida tecnológica. / Fotos: Divulgação/Websummit


10.11.2025

Por Fabrício Umpierres, editor SC Inova
Direto do Websummit, em Lisboa (POR)

No palco do Web Summit 2025 – maior evento de tecnologia e startups do mundo – um novo arranjo de forças global começa a se desenhar: na era pós-IA, é a Ásia que está liderando a corrida pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Impactados pela guerra tarifária de Donald Trump, os conflitos militares com a Rússia e a estagnação econômica da zona do Euro, os Estados Unidos e o Velho Continente perderam o vigor no desenvolvimento das tecnologias mais disruptivas e entram em uma fase de declínio.

Quem deu o recado foi o próprio criador do Web Summit, Paddy Cosgrave, no discurso de abertura do evento, nesta segunda (10), na MEO Arena, em Lisboa. Além da ascensão chinesa em pesquisa e desenvolvimento, e dos fartos recursos financeiros dos países árabes, sobrou uma referência até ao PIX brasileiro, uma inovação bancária que começa a ser debatida por outros países. 

Ao completar a décima edição do Websummit em terras lusas em 2025, Portugal bate no peito para dizer que pode, sim, se consolidar como um hub global de novas tecnologias – em especial a inteligência artificial. Pelo menos é o que defenderam o prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, e o ministro-adjunto da Reforma do Estado de Portugal, Gonçalo Matias, em suas falas.

“O grande número de cabos subterrâneos que ligam Portugal a outros países e continentes mostram que somos um hub de competitividade e um ponto de encontro para o mundo. Estamos prontos para ser um benchmarking global no desenvolvimento de novas tecnologias – e estamos ligados ao futuro”, ressaltou Matias.

Portugal vive um momento econômico acima da média em comparação com as maiores potências europeias: como um crescimento do PIB em torno de 2% ao ano, com inflação controlada e baixo desemprego, o país se posiciona como um emergente no contexto do Velho Continente, especialmente ao receber, ao longo dos últimos dez anos, um evento do tamanho do Websummit. 

Evento deve receber mais de 70 mil pessoas de cerca de 90 países até quinta (13).
Mais de 70 mil pessoas de 90 países devem circular pelo Websummit até a próxima quinta (13).

Até a próxima quinta (13), Lisboa receberá cerca de 70 mil pessoas, com um recorde de mais de 2 mil startups e mil investidores, representando mais de 90 países – uma diversidade de línguas que se ouve desde os corredores do evento até os restaurantes da cidade e nas linhas de metrô que desembocam no pavilhão.

IA DOMINA OS DEBATES

Seja nos esportes, na creator economy ou no desenvolvimento de startups, não teve painel na primeira noite do Websummit que não citasse, repetidas vezes, os avanços, os desafios e as expectativas com relação ao uso da Inteligência Artificial. A ex-tenista Maria Sharapova, por exemplo, acredita que a IA poderá ser capaz, em breve, de prolongar a carreira de atletas de alto nível – especialmente as mulheres. “Com o avanço dos treinamentos e do conhecimento do corpo, se conseguirmos jogar por mais 5 ou 7 anos torneios extremamente exigentes, seria fantástico. E acho isso possível”, destacou. 

Em 2026, o Web Summit fará em todos os seus eventos pelo mundo – como Doha, Vancouver e Rio de Janeiro – um desafio para que startups do segmento esportivo (sportstech) integrem ferramentas de IA em seus projetos, com a rodada final no evento de Lisboa, em novembro.

Nos esportes, a IA pode ajudar a prolongar a carreira de atletas de alto nível, acredita a ex-tenista Maria Sharapova (à esquerda)
Nos esportes, a IA pode ajudar a prolongar a carreira de atletas de alto nível, acredita a ex-tenista Maria Sharapova (à esquerda).

Já para os criadores de conteúdo, o desafio vai além da inteligência artificial: as formas de monetizar a produção, reduzindo intermediários e tornando o contato mais direto entre creators e seus fãs, podem ganhar novos modelos com o uso da Web3 e de tokens – nada necessariamente novo, aliás. O humorista e influencer senegalês Khaby Lame – recordista de seguidores no TikTok – afirmou que não teme a IA: “para quem cria conteúdo, agora é a hora de se mostrar. Essa tecnologia não vai dominar, especialmente quem faz aquilo que ama e de maneira natural”, ressaltou.

A primeira noite encerrou com Anton Osika, CEO da empresa que cresceu mais rápido no mundo – a sueca Loveable, que ajuda desenvolvedores, por meio de um chat com IA, a criarem suas próprias startups e assim chegou a um faturamento de US$ 100 milhões em meros oito meses.

Anton explicou que, antes de uma empresa, ele queria criar um movimento para engajar pessoas com ideias de negócio. Uma mentalidade – ou mindset, como preferem dizer os startupeiros – diferente do que se vê no Vale do Silício, de buscar expansão em escala desde o momento zero. “Nos preocupamos com uma visão de longo prazo, e no desenvolvimento de nosso time”, destacou.