Quase 60% das transações da última década foram realizadas entre 2019 e 2020. Os primeiros ciclos começam a se encerrar e vemos uma tendência forte de crescimento de transações envolvendo empresas de tecnologia.
[21.04.2021]
por Anderson Wustro, partner na Questum
Nos últimos anos passamos por uma revolução no ecossistema de startups brasileiro. Vimos um aumento crescente tanto no volume de investimentos quanto no valor total de captação por startups. Isso tudo como consequência do amadurecimento do mercado — investidores, empreendedores, empresas, transformação digital, entre outros fatores.
Quando falamos em M&A (mergers and acquisitions, ou fusões ou aquisições), é natural a curva de crescimento iniciar sua aceleração a partir do momento no qual a maturidade das empresas é maior. Ao olharmos o gráfico abaixo, vemos que entre 2011 e 2018 tivemos um volume de transações de M&A pouco expressivo envolvendo startups.
Entretanto, é possível notar um início de aceleração do valor financeiro total, ultrapassando a casa de US$ 100 milhões, segundo dados da Distrito Dataminer.
Em 2019 a curva começa a se acentuar. Vemos praticamente o dobro do volume de 2018 frente à quantidade e ao valor total das operações. Com destaque as transações da Zup, vendida para o Itaú, e da Supplier e Consinco, ambas adquiridas pela Totvs.
Apesar da pandemia, 2020 mostrou do que o M&A é capaz. O ano bateu recorde de transações, ultrapassando a marca de 160 deals a um valor superior a um bilhão de dólares.
Vale ressaltar também que em 2020 tivemos o início de um movimento de abertura de capital de empresas de tecnologia na B3. Meliuz e Enjoei foram as startups que desbravaram as águas do IPO pela primeira vez, levantando aproximadamente R$ 1,8 bilhão em suas ofertas públicas. Além disso, Locaweb e Neogrid também abriram seu capital na B3 e contribuíram para um novo movimento tech na bolsa brasileira.
SETORES MAIS QUENTES PARA M&A
Em 2020, ano com recorde no volume de transações de M&A, o mercado esteve aquecido. Os setores de T.I., FinTech, AdTech, RetailTech e EdTech estão no topo da lista em volume de transações. Estes setores totalizaram aproximadamente 60% das operações do período, ou seja, 97 dos 163 deals. Em relação ao valor total das transações, FinTech é a área de maior volume financeiro com cifra superior a US$ 200 milhões no período.
AS EMPRESAS COM MAIOR APETITE POR M&A
Conforme mencionado anteriormente, temos Totvs e Linx como alguns dos principais cases de M&A no mercado brasileiro. As duas empresas representaram ao longo da última década grande parte das aquisições envolvendo empresas de tecnologia. Essa hegemonia iniciou seu declínio com movimento de outros players capitalizados no mercado. Movile (iFood), Magazine Luiza e Locaweb vem ocupando maior espaço no seleto grupo dos principais compradores de empresas de tecnologia.
Nos três primeiros meses de 2020, Magazine Luiza concluiu a aquisição de nove empresas. Já a Locaweb, após sua abertura de capital na bolsa, efetuou a compra de cinco empresas de tecnologia. Linx, com quatro aquisições, continua no Top 3 das principais compradores de 2020, apesar de não ter divulgado novas aquisições após ser comprada pela Stone. Movile (iFood), Afya Educacional, XP Investimentos, Via Varejo e Sapore vem empatadas em quarto lugar com três aquisições realizadas por cada uma durante o ano.
Além do mais, começamos a ver startups se tornando compradoras. A Méliuz é um ótimo exemplo de empresa que abriu seu capital na B3 e iniciou sua estratégia de crescimento inorgânico com a aquisição da Picodi.
É importante destacar que 58% do volume de transações da última década (228 deals) foram realizadas entre 2019 e 2020. Os primeiros ciclos começam a se encerrar e vemos uma tendência forte de crescimento de transações envolvendo empresas de tecnologia.
O mercado está cada vez mais maduro e os próximos anos prometem.
* Todas as informações relacionadas às transações de M&A e captações de investimento deste artigo foram coletadas da plataforma da Distrito;
Devido ao sigilo nas operações de M&A, as informações levadas à público são escassas. Por vezes, as transações não são divulgadas na mídia, consequentemente prejudicando a exatidão dos números deste mercado;
**artigo editado do original previamente publicado no Medium
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