Totem cognitivo e rastreamento ocular: como novas tecnologias vão impactar o mercado imobiliário – e até o varejo

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Totem cognitivo e rastreamento ocular: como novas tecnologias vão impactar o mercado imobiliário – e até o varejo

Inovação desenvolvida em SC aponta para o futuro do setor: escolhas de imóveis e até compras de itens de decoração podem ser feitas apenas com uso da visão.

Inovação desenvolvida pela Brognoli em parceria com a startup Beupse e consultoria do cofundador da Cognisigns, Leandro Mattos, aponta para o futuro do setor: escolhas de imóveis e até compras de itens de decoração podem ser feitas apenas com o uso da visão. 


[FLORIANÓPOLIS, 16.12.2020]
Redação SC Inova, scinova@scinova.com.br

A necessidade de distanciamento social em função da pandemia acelerou de maneira inédita na história o desenvolvimento de novos serviços e tecnologias digitais. Mas enquanto algumas atividades offline conseguiram ser substituídas pelo online com uso de plataformas já existentes, outras ocupações seguem sem uma alternativa ao mundo físico – como a visita a imóveis para locação e compra.  

Ainda que os tours virtuais das imobiliárias tenham evoluído tecnicamente, estas ferramentas ainda não embarcam tecnologia capaz de transformar dados e percepções dos usuários em possibilidade de negócios. Pelo menos até o momento.  

Uma inovação desenvolvida pelo Grupo Brognoli, em conjunto com a startup catarinense Beupse e consultoria do expert em neurociência Leandro Mattos, pode abrir uma nova frente tecnológicas para o mercado imobiliário: trata-se de um “totem cognitivo” que capta, em tempo real e com consentimento do usuário, dados de navegação que possam predizer preferências e sugerir opções personalizadas para melhores tomadas de decisão. Em resumo, o sistema “enxerga” a navegação pelos olhos do usuário, recebe comandos por rastreamento ocular e oferece as melhores opções com base nos pontos de atenção visualizados. 

Um protótipo desta inovação foi apresentado em público pela primeira vez durante um evento da Singularity Brasil, em dezembro deste ano, pelo CEO da Brognoli, Eduardo Barbosa, e o consultor Leandro Mattos. “É como se a Netflix entendesse o que mais lhe interessa durante a navegação e sugerisse as melhores opções de filmes para você, com base no que te chamou mais atenção, sem que você tenha tocado em nenhum ponto da tela. É o que chamamos de tecnologias empáticas”, explica Leandro, membro do corpo docente da Singularity University Brasil e CEO da Cognisigns, startup que é referência internacional no desenvolvimento desta tecnologia para saúde, educação.

Trata-se de uma fusão entre inteligência artificial e sensores que captam comportamentos e reações emocionais, “desde o tom de voz até a ativação elétrica de áreas específicas do cérebro, os transformam em dados e orientam melhores possibilidades de detecção de sinais de saúde, personalização de serviços e tomadas de decisão de usuários e gestores”, explica.

A ideia surgiu logo no início da pandemia, quando as empresas tiveram que fechar as portas ao público e começaram a buscar alternativas para reinventar o atendimento. A Brognoli, que conta com um hub de desenvolvimento de startups, entendeu que mesmo se o mercado voltasse ao “normal”, seria preciso oferecer alternativas digitais ao consumidor, para evitar um novo choque e futuras perdas caso novos lockdowns fossem necessários. 

“Naquele momento sugerimos a criação de totens espalhados pela cidade, com autoatendimento físico ou remoto, num modelo próximo do que havíamos desenvolvido para uma construtora em Florianópolis. Porém, neste novo projeto, a Brognoli sugeriu novas ideias, como evitar o contato manual”, lembra o engenheiro e desenvolvedor Felipe Cunha, CEO da Beupse, construtech que está incubada no Miditec, da Acate.

Para desenvolver a tecnologia necessária, entrou no jogo o consultor Leandro, com a expertise no rastreamento ocular (eyetracking), que permite movimentar o cursor do mouse apenas com a visão e extrair dados e conhecimento a partir de reações inconscientes, além de predizer comportamentos e personalizar as opções de navegação ao usuário. 

Felipe Cunha, da construtech Beupse, e a sócia Francine Aldrighi: projeto acelerado em função das limitações impostas pela pandemia. / Foto: Divulgação

ALÉM DA VISITA AO IMÓVEL, TECNOLOGIA PODE CONECTAR A COMPRAS NO VAREJO

Em paralelo, a Beupse está desenvolvendo o escaneamento de apartamentos para uma plataforma de tour virtual, por meio da qual o cliente pode não apenas visitar o imóvel como  selecionar sugestões de decoração e comprar móveis e serviços de reforma dentro da visita, de forma interativa e tridimensional. 

“Foi quando decidimos mesclar o hardware com o software do totem e tour virtual”, detalha Felipe. “Projetamos e fabricamos a estrutura e também desenvolvemos e adaptamos o software para realizar a visita virtual somente com os olhos. Além disso aplicamos um algoritmo que registra e dá informações em forma de mapa de calor, com o objetivo de capturar os principais pontos de atenção no imóvel e tentar desvendar no subconsciente o que realmente foi relevante para a tomada de decisão, se foi a vista para o mar, se foi a churrasqueira ou se foi uma parede com rachadura”. 

Para clicar em determinada área durante a navegação, o usuário precisa apenas olhar para o ponto por alguns segundos e o totem entende essa ação como um comando.

O consultor Leandro Mattos (SingularityU Brasil, Cognisigns) e Barbosa, CEO da Brognoli: protótipo da tecnologia que dispensa o toque físico, em função do risco de contaminação, foi apresentado em evento de referência mundial em inovação. / Foto: Divulgação

Na visão de Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli, “era fundamental criar uma tecnologia que não precisasse do toque físico, em função do risco de contaminação, por isso buscamos este diferencial do rastreamento ocular. Ainda há um percurso a caminhar no desenvolvimento desta inovação, mas o que temos já é um avanço significativo para o mercado e os consumidores em tempos de Covid”. 

Para Leandro, um dos principais problemas do varejo físico é a falta de dados da jornada do consumidor: “o varejista só possui o cupom fiscal da venda. Ele não sabe o que o cliente visualizou, o que não gerou valor percebido e consequentemente, o que ele deixou de comprar, ou poderia ter comprado. Já o varejo digital rastreia a navegação do usuário através do arrastar do mouse e cliques, e utiliza algoritmos preditivos que ajudam nas estratégias comerciais e promocionais. O totem utiliza o modelo de geração de dados durante a jornada utilizada pelo varejo digital, porém no varejo físico. É uma disrupção sem precedentes“.

E complementa: “ele ainda rompe a barreira geográfica de uma loja física pois pode ser alocado de forma itinerante em pontos sazonais de fluxo de pessoas, com um grande diferencial: os sensores de rastreamento ocular, que nenhum outro equipamento deste tipo possui”.

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No curto prazo, as empresas estão trabalhando na finalização da versão do totem que será disponibilizada para o mercado. Mas no médio prazo já há um modelo dessa mesma plataforma que poderá ser acessada via tablets, celulares e computadores pessoais.

Como resume Barbosa, da Brognoli: “precisamos aproximar cada vez mais a tecnologia, a neurociência e a nossa experiência no mercado imobiliário para disponibilizar inovações que ajudem tanto do ponto de vista de tomada de decisão quanto no que tange a experiência do nosso cliente”. 

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