Evento híbrido organizado pelo Sebrae e Acate recebe presencialmente cerca de 1,2 mil pessoas. Serão dois dias de conteúdos, feira de negócios e de um aguardado networking após um ano e meio desde o início da pandemia.
[FLORIANÓPOLIS, 14.10.2021]
Por Lucio Lambranho, especial para a Agência SC Inova
A 4ª edição do Startup Summit, considerado o maior encontro do ecossistema de inovação da América Latina, começou nesta quinta-feira (14) com a retomada de evento presencial com mais mil participantes no local do evento, no Centrosul, em Florianópolis. O evento promovido pelo Sebrae em parceria com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) traz, além de 60 palestras, a etapa final do Startup Invest Summit. O projeto do Sebrae em parceria com a Bossa Nova Investimentos que vai destinar até R$ 15 milhões para até 50 startups brasileiras investirem em seus negócios.
Iomani Engelmann, presidente da Acate, destacou a representatividade da Acate e do ecossistema de inovação em Santa Catarina formado por mais de 12 mil empresas, 6% do PIB estadual e que tem a geração de 60 mil empregos. “No momento em que o Brasil tem mais de 13 milhões de desempregados, onde estão as pessoas que querem trabalhar aqui já que só em Santa Catarina temos mais de 5 mais vagas abertas”, apontou.
“Independente do nível de maturidade nós temos programas para os empreendedores que estão ainda no plano das ideia e para aqueles que têm as suas startups e estão querendo acelerar”, disse o presidente do Sebrae SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca.
O diretor Técnico do Sebrae Nacional, Bruno Quick, também falou da missão do programa de apoio aos empreendedores de “desmistificar” a inovação. “Uma padaria, oficina mecânica, marcenaria e uma pequena clínica e nos mais 1.500 CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) que contemplam as pequenas empresas do Brasil, achavam que inovação não era coisa para elas. Isso era coisa de astronauta, de ficção científica, mas vencemos essa fase. A inovação ganhou e está em todas as empresas. E a pandemia foi a grande marca para resolver de vez esse problema”, avalia Quick.
ERROS QUE PODEM SER EVITADOS NO MARKETING E NAS VENDAS
Entre as principais atrações do Startup Summit 2021, André Siqueira, cofundador do RD Station, abriu as palestras de conteúdo do evento falando sobre os erros mais comuns na área de marketing e vendas na sua apresentação “Máquina de Aquisição de Clientes”, título do livro que o empreendedor lançou em agosto deste ano depois da venda da sua empresa para Totvs por R$ 2 bilhões.
Entre os pontos considerados importantes que as startups devem evitar, segundo Siqueira, são o de começar no mercado sem uma base sólida, antes de ter certeza que o produto é bom ou sem o objetivo de ter clientes satisfeitos. “Isso é voo de galinha. Fica muito mais difícil consertar depois de começar a fazer marketing e vendas. É importante olhar primeiro quanto as pessoas gostam e usam o seu produto e não nas vendas”, avalia.
Outro ponto chave para o sucesso para o empreendedor é ter desde o começo um posicionamento claro no mercado e saber por que os clientes escolheram suas soluções. “É preciso ter um posição única e ser o primeiro a fazer. Criei uma categoria para você, se ela não existe”, diz.
Siqueira também pontou que a empresa precisa conhecer a fundo seus clientes, pois eles são ponto fundamental para o uso posterior de qualquer metodologia de marketing ou vendas. “O que move seu cliente, qual é o sonho dele? Quando eu entendo essas coisas, tenho uma vantagem competitiva imensa”, afirma.
Também é fundamental acionar a calculadora para conseguir chegar na “matemática” do seu produto ou serviço antes de saber quanto se deve investir nas duas ações. “É preciso fazer essa conta e não existe caro ou barato sem chegar nesse valor”, defende.
O empreendedor acredita ainda que não é possível entrar em todas as ondas de novos métodos nestas áreas, como a atuação de redes sociais ou marketing de conteúdo, e também se deve copiar empresas bem sucedidas. “Muitas vezes a empresas que você está copiando não sabe o que está fazendo”, diz. Segundo Siqueira, o importante entre os cases que ele cita no seu livro são aqueles em que não existia um padrão copiado, mas que empresa venceu buscando se método próprio dentro da sua base de clientes.
Outro ponto que pode prejudicar as empresas no começo da trajetória na visão de Siqueira é confiar demais nas ferramentas. Para o empreendedor, é necessário ter pessoas qualificadas operando estes sistemas.
“Ter excelentes profissionais é o melhor investimento que sua empresa pode fazer. Não economize, precisamos do time evoluindo”, avalia. Para finalizar o cofundador do RD Station recomenda que as empresas troque o verbo “vender” por “ajudar”. “Eu não consigo ajudar quem eu não conheço”, finaliza ao recomendar que as áreas de marketing e vendas precisam entender com clareza seus papéis para saber qual é o melhor momento e a melhor forma de oferecer o produto ou solução.
UNIÃO DE ACELERADORA, STARTUP E CORPORAÇÃO NO SETOR FINANCEIRO
Para entender como as corporações e startups estão inovando no mercado, o evento juntou no final da manhã desta quinta-feira (14) no mesmo painel as três pontas de um processo do ecossistema de inovação na área de fintechs. No debate sobre essa relação participaram Murilo Domingos, da Darwin Startups, aceleradora criada em Santa Catarina e que tem foco neste mercado entre suas verticais, Felipe Santiago, um dos fundadores da CashWay, startup catarinense focada na criação de novos bancos digitais, e Juliana Innecco, head de inovação do Torq Labs na Sinqia, uma das 100 maiores empresas de tecnologia do mundo para o mercado financeiro segundo o IDC FinTech Rankings.
A CashWay foi uma das empresas selecionadas no batch#8, primeira rodada de aceleração de 2020 do Darwin. Dentro deste novo processo, que aconteceu durante crise causada pela pandemia de Covid-19, a empresa firmou parceria com a Sinqia que investiu na empresa e resultou em novos clientes para a corporação com sua solução de Pix.
“Não existe um processo padrão do lado da startup, mas de escutar mais e conversar muito mesmo, fazer muita reunião, meses conversando sem encampar um projeto. Até que falamos de uma dor e fazer com que tudo isso esteja alinhando antes construir o projeto”, avalia Santiago. Para Juliana, o processo de imersão na aceleradora foi importante para encontrar a sinergia com a CashWay.
“É se inserir no ecossistema, fazer parte do programa. Hoje, até o LinkedIn é um ponto de se aproximar. Também é importante enxergar o potencial de tração daquela startup e ter uma visão de futuro para explorar ainda mais essa relação”, indica a gestora do Torq Labs na Sinqia como uma dica para as demais empresas que tenham interesse em novas parcerias com a sua corporação.
Domingos pontou que a CashWay já era um startup reconhecida pelo mercado, que não estava começando e avançando no mercado ao ser reconhecida por atuar no nicho das cooperativas de crédito antes de ser selecionada para o batch#8. O representante da aceleradora também acredita que a relação pessoal entre os participantes dessa aproximação é fundamental para que as parceria seja fechada. “Quanto mais é no CPF, mais valor vai agregar. As vezes é uma conversa que ajuda nessa aproximação”, diz.
“Temos uma estrutura com um comitê de inovação com pessoas chaves em todas as áreas para analisar todas as possibilidades de sinergia”, releva Juliana Innecco. “O fim está no cliente e como agregar valor ao cliente final e inovação é um facilitador que junta a área comercial, de produto e uma startup”, completa.
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